Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 215

Curva de Juros Futuro do DI em 02/09/2022

Curva de Juros Futuro do DI em 26/08/2022

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Queda nas Taxas de Juros

Principal(is) vetor(es): percepção de que as políticas monetárias dos bancos centrais pelo mundo serão eficazes para trazer a inflação de volta às metas.

Destaque(s): Bancos Centrais

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

O Relatório de Mercado Focus (12) mostrou continuidade do movimento de melhora das expectativas de inflação para 2022 e 2023, e piora para 2024, para onde caminha o horizonte relevante de política monetária, de 3,43% para 3,47%, contra 3,41% há um mês. A meta para 2024 é de 3%. Para 2022, a estimativa para alta do IPCA foi reduzida pela 11ª semana seguida, de 6,61% para 6,40%. Há um mês, a projeção era de 7,02%. A meta para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%. A mediana para o índice de inflação oficial em 2023 recuou pela 4ª semana consecutiva, de 5,27% para 5,17%, contra 5,38% quatro semanas antes. A meta para 2023, é de 3,25%, com banda até 4,75%.

A semana no mercado de renda fixa foi de alívio de prêmios de risco no trecho mais longo, apoiado na percepção de que as políticas monetárias dos bancos centrais pelo mundo serão eficazes para trazer a inflação de volta às metas. A curva teve perda de inclinação, considerando o spread entre os contratos DI jan/27 e jan/24, que fechou em -163 pontos, de -137 na sexta-feira anterior (2).

Os principais vetores que conduziram o movimento da curva foram:

  • a deflação menor do que a prevista no IPCA de agosto. O índice caiu 0,36%, menos do que apontava o consenso de -0,40%, com leitura negativa dos preços de abertura, mas não alterou o quadro de apostas para a Selic, que na curva termo segue dividido entre manutenção e alta de 0,25 p.p. para o Copom de setembro. Em 12 meses, o índice passou de 10,07% em julho para 8,73% em agosto, após rodar no patamar de dois dígitos por 11 meses consecutivos,
  • as declarações hawkish do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Monetária, Bruno Serra, apontando entre outras questões, a inconsistência entre projetar IPCA acima da meta em 2024 e discutir queda de juros, e que um possível ajuste final da Selic este mês será avaliado,
  • Campos Neto alertou ainda que “o Brasil terá três meses consecutivos de deflação, mas a batalha não está ganha”. O entusiasmo do mercado em relação aos cortes da Selic no ano que vem diminuiu,
  • a desaceleração nos preços ao consumidor e ao atacado na China, sustentando a percepção de que haverá estímulos à economia,
  • a expectativa de um aperto monetário mais firme no juro pelo Fed em setembro voltou a ganhar força, após surpresa com a alta do índice de gerentes de compras (PMI) do setor de serviços americano, ante expectativa de baixa. O retorno da T-note de 2 anos, que melhor capta a visão sobre os próximos passos dos Fed, avançou a 3,5565%, de 3,3976% na sexta-feira anterior (2),
  • as declarações hawkish dos dirigentes do BCE (Christine Lagarde, disse que a autoridade monetária deve voltar a subir juros nas próximas reuniões, após elevar a taxa em 0,75 p.p. pela 1ª vez desde 1999, que a inflação na zona do euro está alta demais e deve continuar acima da meta de 2% por algum tempo), e do Fed (Jerome Powell, reforçou que o foco é trazer a inflação de volta a 2% e advertiu sobre um relaxamento prematuro),
  • o cenário mais positivo para a inflação em função do petróleo, com o mercado estimando a defasagem da gasolina ante preços internacionais e apostas em mais anúncios de corte até a eleição,
  • o IGP-DI de agosto caiu 0,55%, após uma redução de 0,38% em julho, pouco mais do que apontava o consenso de -0,53%. O núcleo subiu 0,29%, após a elevação de 0,36% em julho,
  • o leilão de prefixados do Tesouro menor do que na semana anterior,
  • e as celebrações “cívicas” do 7 de setembro sem maiores consequências.

A conferir o que estará no radar do mercado

  • o índice de preços ao consumidor (CPI) de agosto nos EUA, que poderá consolidar as estimativas do mercado com relação aos próximos passos do Fed. A expectativa é de desaceleração, que se confirmada, pode reduzir as apostas em alta de 75 bps do juro no dia 21, projetadas em 90% no monitoramento do CME Group,
  • no Brasil, os indicadores de atividade: vendas no varejo, o volume de serviços prestados no País e o IBC-Br, todos de julho, que vão mostrar o grau de aquecimento da economia e ajudar a calibrar as apostas para a trajetória dos juros,
  • e a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participa da Reunião Bimestral de Presidentes de Bancos Centrais, promovida pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), em Basileia, na Suíça. 

O dólar no mercado à vista terminou o pregão da sexta-feira (9) cotado a R$ 5,1476, encerrando a semana em baixa de 0,72% e desvalorização de 1,04% no mês.

Os fatores que influenciaram o mercado doméstico de câmbio foram:

  • o fluxo estrangeiro para os mercados domésticos de ações e renda fixa,
  • a deflação de 0,36% do IPCA em agosto, menor que a mediana de -0,40%, com núcleos ainda pressionados e aumento da difusão de preços amparando a possibilidade de alta adicional da taxa Selic neste mês, e manutenção da taxa em níveis elevados por mais tempo,
  • as declarações hawkish do presidente do BC, Roberto Campos Neto, e do diretor de política monetária, Bruno Serra, desestimulando as apostas em afrouxamento monetário no primeiro semestre de 2023,
  • a desaceleração da inflação na China em agosto, que trouxe a expectativa de adoção de novos estímulos monetários naquele país,
  • o tom duro do Fed contra a inflação arrefecendo as apostas em redução dos juros ao longo de 2023,
  • a perspectiva de que a postura firme dos BCs controle a inflação sem grandes prejuízos à atividade,
  • e a promessa de novas altas feita pelo Banco Central Europeu (BCE) após subir os juros em 75 pontos-base.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 12 a 16 de setembro

Segunda-feira (12):

  • Brasil: Relatório de Mercado Focus, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa da Reunião Bimestral de Presidentes de Bancos Centrais, promovida pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), em Basileia, na Suíça,
  • Reino Unido: produção industrial de julho, PIB do segundo tri,

Terça-feira (13):

  • Brasil: desempenho do setor de serviços de julho,
  • EUA: inflação ao consumidor de agosto (CPI),
  • Reino Unido: taxa de desemprego de julho,
  • Zona do Euro: o CPI da Alemanha e índice ZEW de preços ao consumidor,

Quarta-feira (14):

  • Brasil: vendas do varejo em julho,
  • EUA: inflação ao produtor em agosto e estoques de petróleo,
  • Reino Unido: inflação ao consumidor e ao produtor em agosto,
  • Zona do Euro: produção industrial,

Quinta-feira (15):

  • Brasil: IBC-Br de julho,
  • EUA: vendas no varejo, pedidos de seguro desemprego, produção industrial e índice de atividade Empire State,
  • China: vendas no varejo, produção industrial, taxa de desemprego em agosto, e investimentos em ativos fixos,

Sexta-feira (16):

  • Brasil: IGP-10 de setembro,
  • Zona do Euro: inflação ao consumidor (CPI) em agosto,
  • Reino Unido: vendas no varejo em agosto,
  • EUA: sentimento do consumidor da Universidade de Michigan.

Fonte: Broadcast

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