Análise Semanal de Renda Fixa
31/05/2019 à 07/06/2019

O Relatório Focus mostrou que a mediana para o IPCA de 2019 desacelerou a 4,03% de 4,07% antes, enquanto a de 2020 foi mantida em 4,00%. A mediana das previsões para a Selic este ano seguiu em 6,50% e no fim de 2020 continuou em 7,25% ante 7,50% de quatro semanas atrás. A expectativa de alta para o PIB em 2019 caiu pela 14ª semana consecutiva e passou de 1,23% para 1,13%. Há quatro semanas a estimativa de crescimento era de 1,49%. Para 2020 a previsão de alta do PIB foi mantida em 2,50%.

Os juros futuros terminaram a semana nas mínimas históricas nos principais vencimentos, com redução entre 30 e 40 bps na ponta longa em relação ao dia 31 de maio. A curva a termo já precifica em torno de 50 bps de queda ao longo do segundo semestre de 2019. As apostas de redução da Selic neste ano foram reforçadas pelo IPCA de maio que veio no piso das estimativas (0,13%), a menor taxa para o mês em 13 anos, ante 0,57% em abril. Já a alta de 0,3% da produção industrial em abril ante março, abaixo da mediana (0,7%) serve para reforçar o cenário de atividade fraca. Em relação a abril de 2018 houve queda de 3,9%.

Novos sinais de enfraquecimento econômico e inflacionário, a perspectiva de desaceleração da economia global e o otimismo com a aprovação da reforma da Previdência reforçam debates sobre queda da taxa Selic ainda em 2019, a despeito de mais uma sinalização cautelosa do BC sobre uma possível queda da Selic no curto prazo. O presidente Campos Neto disse recentemente que a política monetária pode ajudar o crescimento ao manter a inflação baixa e que os canais de transmissão dos efeitos da Selic a 6,5% não estão apropriados em função de problemas da microeconomia.

A inflação sob controle deve permitir ao CMN reduzir o centro da meta inflacionária para 3,50% em 2022 na reunião do fim deste mês, dando continuidade ao processo iniciado em 2017 dediminuição progressiva das metas de inflação para anos à frente. Em junho de 2017 o colegiado decidiu cortar o centro da meta para 2019 para 4,25% e 2020 para 4,00% depois de 14 anos de manutenção em 4,50%. No ano passado o CMN prosseguiu com esse processo estabelecendo um limite de 3,75% para 2021. A aprovação da MP 871 de combate a fraudes no INSS por 55 votos a 12 foi visto como uma vitória do governo e um bom sinal para o avanço da reforma da Previdência. Também ajudou na percepção de um ambiente interno mais positivo a notícia de que o STF decidiu que a privatização de subsidiárias de estatais não precisa ter aval do Congresso.

As declarações do presidente do Fed sobre o compromisso da instituição de agir de forma apropriada para sustentar a expansão e do presidente do Fed de Saint Louis, que afirmou que um corte na taxa de juros dos EUA pode ser justificado em breve diante dos riscos ao crescimento global causados por tensões comerciais e dados fracos da inflação americana, além do payroll que mostrou criação de vagas (75 mil) muito abaixo da esperada (180 mil) em maio, e ainda com crescimento dos salários aquém do estimado, aumentaram as apostas de afrouxamento monetário nos EUA. A inversão da curva de juros persistiu antecipando a ameaça de uma recessão, com os Treasuries já projetando até três cortes do juro este ano.

Mais indícios de que os juros no mundo devem seguir em patamares muito baixos face às preocupações com o crescimento global foi a declaração do presidente do BCE que disse que a instituição prevê manter suas principais taxas de juros nos níveis atuais por um período mais longo devido a incertezas prolongadas.

Fonte: Broadcasting