Semana 47
Contribuição: ✍ José Luis Gomes Lisboa CFP®
Focus: o mercado voltou a reduzir as estimativas para o crescimento da economia este ano pela 15ª semana consecutiva. A expectativa de alta para o PIB em 2019 passou de 1,13% para 1,00%. Há quatro semanas era de 1,45%. Para 2020 o mercado alterou a previsão de alta do PIB de 2,50% para 2,23%. Apesar das quedas da inflação e do crescimento, o mercado ainda não mudou na Focus sua expectativa para a Selic no fim de 2019, que continua em 6,50%, mas a projeção para o fim de 2020 foi de 7,25% para 7,00% ao ano. A mediana para o IPCA este ano passou de alta de 4,03% para elevação de 3,89% e a projeção para o índice em 2020 seguiu em 4,00%.
O mercado de juros encerrou a semana mantendo o otimismo com a reforma da Previdência e as apostas de queda da Selic nos próximos meses e, pela primeira vez, as taxas de alguns vencimentos ao longo de 2020 ficaram abaixo de 6%. Novas revisões para baixo do PIB deste ano diante da sequência de dados fracos de atividade e da inflação comportada, elevam a pressão para que o Copom comece a afrouxar a taxa básica de juros. A curva a termo precifica -63 pontos para o fim de 2019. A expectativa de manutenção da Selic em junho em 6,50% é amplamente majoritária, mas o mercado espera que o BC sinalize no comunicado que pode começar o afrouxamento monetário a partir de julho ou agosto. O intervalo de expectativas para o fim de 2019 vai de 5% a 6,50%.
A confirmação pelo ministro da Economia da estratégia para “despedalar” os bancos públicos e que os recursos devolvidos vão abater a dívida pública geraram resposta positiva dos mercados domésticos. A aprovação na Comissão Mista de Orçamento (CMO), do crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões pedido pelo governo para o cumprimento da regra de ouro com 450 votos de deputados e 61 de senadores também agradou o mercado. Esse aval é visto como bom sinal para o andamento da reforma da Previdência. A leitura do parecer sobre a reforma da Previdência na comissão especial da Câmara trouxe um certo alívio com o fato de que a proposta deve garantir uma economia fiscal de R$ 913,4 bilhões em dez anos, não tão distante do valor de R$ 1,2 trilhão projetado inicialmente pelo Ministério da Economia. Além disso, a avaliação é de que é possível que o plenário da Câmara vote a proposta antes do recesso parlamentar.
O mercado relativizou o impacto do vazamento de supostas conversas entre o então juiz da Lava Jato e procuradores do Ministério Público, sob a leitura de que isso não deve interferir na pauta de votações do Congresso, neste momento em que os parlamentares parecem comprometidos em aprovar matérias de interesse da equipe econômica. O presidente da Câmara dos Deputados afirmou em sua conta no Twitter que vai blindar a Câmara de qualquer crise e que todo o esforço e foco da Câmara estão na aprovação das reformas e de todos os projetos que são essenciais para o Brasil.
Os dados do varejo decepcionaram alimentando ainda mais o debate sobre a queda da Selic. O recuo de 0,6% nas vendas do varejo em abril ante março foi maior do que apontava a mediana negativa em 0,2%. O intervalo das previsões ia de queda de 1,0% a avanço de 0,6% e a queda do IBC-Br de abril ante março, de 0,47%, foi maior do que apontava o piso das estimativas (-0,40%) e colocou de vez na mesa o debate sobre uma possível recessão técnica no País. O IGP-10 desacelerou a alta a 0,49% em junho, após ter aumentado 0,70% em maio e ficou abaixo da mediana de 0,51%.
Um acordo entre EUA e México levou à suspensão das tarifas americanas que vigorariam sobre produtos mexicanos e o anúncio da China de novas medidas para estimular a economia trouxeram algum alívio às preocupações sobre o impacto negativo da guerra comercial sobre o crescimento global.
Ao cortar a sua taxa básica de juros em 25 bps, para 7,50% ao ano, o BC da Rússia se juntou às autoridades monetárias na Austrália, na Índia, na Nova Zelândia e no Chile naquilo que pode se configurar como o início de uma onda de afrouxamento monetário ao redor do mundo. O movimento ocorre num momento em que formuladores de políticas monetárias tentam lidar com os impactos das disputas comerciais entre os EUA e a China e em meio à crescente expectativa do mercado por corte de juros em breve pelo Fed. A expectativa de corte de juros nos EUA este ano foi reforçada pelo CPI com núcleo abaixo do esperado.
Fonte: Broadcast.