Análise Semanal de Renda Fixa
09/08/2019 à 16/08/2019

Semana 56

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP®

A pesquisa Focus trouxe revisão para baixo para inflação, Selic e PIB deste ano. Houve redução das estimativas para IPCA deste ano de 3,80% para 3,76%, (meta 4,25%). Para 2020, o IPCA segue em 3,90% (meta 4%). As projeções mais recentes do BC, considerando o cenário de mercado, apontam para inflação de 3,6% em 2019 e 3,9% em 2020. Elas constaram no último comunicado do Copom, quando a taxa Selic foi reduzida de 6,50% para 6,00%. As projeções para Selic no fim de 2019 caíram de 5,25% para 5% ao ano e para 2020 seguem em 5,50%. A estimativa para o PIB de 2019 passou de 0,82% para 0,81%. Para 2020 segue em 2,10%.

A semana começou de forma turbulenta nos mercados globais: uma bateria de dados decepcionantes de atividade na China (a produção industrial e as vendas no varejo ficaram abaixo do esperado) e na Europa (a economia alemã, a maior do continente, caiu 0,1% no segundo tri ante o tri anterior e a produção da zona do euro também cedeu mais que o previsto), em meio ainda à ameaça do que a guerra comercial entre os EUA e a China representa para o crescimento da economia mundial. Um bom termômetro do grau de nervosismo do mercados foi a inversão da curva principal dos Treasuries, com o temor de que o rendimento da T-Note de 10 anos abaixo do retorno da T-Note de 2 anos pela primeira vez desde 2007 esteja prenunciando, como em diversas outras vezes antes, uma recessão na economia americana. Além disso, os ativos locais também sofreram com o “efeito contágio” do estresse argentino, com temores de uma volta do kirchnerismo ao poder no país vizinho, após derrota do presidente Mauricio Macri em eleições primárias.

E acabou com uma aversão ao risco menor: melhora da perspectiva da relação comercial entre a China e os EUA após notícia de que o governo americano irá suspender ou adiar a cobrança das tarifas previstas para entrarem em vigor em setembro sobre alguns produtos importados do país asiático, da informação do governo chinês que as conversas continuarão, do anúncio da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China de que irá lançar um plano para impulsionar a renda disponível da população em 2019 e 2020 e também da informação extraoficial de que o governo da Alemanha está disposto a turbinar os gastos e sacrificar o equilíbrio orçamentário no caso de uma recessão no país.

Na avaliação do mercado, o impacto da aversão ao risco foi limitado sobre a curva de juros doméstica, graças ao quadro interno de otimismo com as reformas, com a inflação e aposta na queda da Selic. Outro fator limitador da pressão sobre a curva é que o contexto externo é desinflacionário e pode reforçar o ciclo de afrouxamento monetário no Brasil. A desaceleração da economia mundial está levando a uma onda de afrouxamento monetário global.
Mesmo com o dólar mais alto e o exterior mais adverso, o mercado seguiu otimista que por enquanto não comprometem a percepção sobre a Selic. As intervenções do BC acabam funcionando como um limitador para a escalada da moeda americana e o repasse cambial aos preços tem se enfraquecido nos últimos anos por mudanças estruturais na economia. O Banco Central vai realizar leilão de dólares no mercado à vista, combinado a leilões de swap reverso com oferta diária de US$ 550 milhões entre 21 e 29 de agosto que representará cerca de 1% das reservas internacionais da instituição.

A primeira prévia do IGP-M de agosto trouxe deflação de 0,65%, após ter aumentado 0,40% na primeira prévia de julho. Com o resultado, o índice acumulou elevação de 4,11% no ano de 2019 e avanço de 4,96% em 12 meses. O IPC-S subiu 0,26% na segunda quadrissemana de agosto, desacelerando o ritmo de alta em relação à leitura anterior (0,32%). O IGP-10 caiu 0,47% em agosto, após ter aumentado 0,61% em julho, uma deflação maior que a mediana das estimativas (-0,28%), mas dentro das estimativas (desde uma queda entre 1,00% a uma alta de 0,09%).
Após avançar 1,10% em maio (dado revisado), a economia brasileira teve nova alta em junho deste ano. O IBC-Br avançou 0,30% em junho ante maio, na série com ajuste sazonal. A alta ficou dentro do intervalo projetado, entre -1,02% e +0,70% (mediana em +0,10%).

Semana de 19 a 23 de agosto

A agenda traz eventos que têm potencial para reforçar ainda mais a ideia de juros baixos no Brasil e no mundo. Por aqui, o destaque é o IPCA-15 de agosto, que deve ratificar o quadro de inflação comportada e no exterior, as atas dos encontros mais recentes de política monetária do BCE e do Fed, além do início do simpósio anual do BC americano em Jackson Hole, eventos que podem confirmar a perspectiva de mais relaxamento monetário nas economias centrais.

Também ficam no radar local as reformas da Previdência, agora no Senado, e a tributária na Câmara, além das privatizações.

Internamente ainda serão conhecidos os resultados da arrecadação federal e do Caged.

Fonte: Broadcast

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa

Estruturas a Termo de Taxas de Juros Anbima (Curvas de Juros)

Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos da Renda Fixa nominais brutos do Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar e CDI

Rentabilidades da Renda Fixa (Tesouro Direto) em %CDI

Características do Tesouro Direto: Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

Comportamento das Taxas para Renda Fixa - Tesouro Direto