Análise Semanal de Renda Fixa
16/08/2019 à 23/08/2019

Semana 57

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP®

O Relatório de Mercado Focus trouxe que a mediana das previsões para a Selic em 2019 seguiu em 5,00% ao ano. Já a projeção para o fim de 2020 permaneceu em 5,50%. O Relatório também trouxe que caiu a projeção para o IPCA deste ano, que passou de 3,76% para 3,71%. Para 2020, a mediana das projeções para o índice de inflação ficou inalterada (3,90%). Quanto ao crescimento do PIB, a Focus revelou uma alta das projeções em 2019 (de 0,81% para 0,83%) e também para 2020 (de 2,10% para 2,20%). O aumento deve-se aos novos cálculos sobre o crescimento doméstico motivados pela confirmação da liberação do FGTS feitas por diferentes casas.

O discurso do presidente do Fed foi considerado dovish e trouxe um alívio momentâneo aos mercados, que vinham pressionados por novas medidas de retaliação comercial aos EUA anunciadas pela China, com alíquotas entre 5% e 10% sobre mais US$75 bilhões em bens americanos e retomada das tarifas de 25% sobre automóveis. O movimento, no entanto, não se sustentou, na medida em que, na sequência do discurso, Donald Trump prometeu novas ações contra o país asiático, além de críticas pesadas contra Jerome Powell. 

Após a ata do Fed afirmar que o corte de juros aplicado em julho foi um “ajuste de meio de ciclo”, o discurso de Powell sinalizou ao mercado um corte de 25 bps na reunião de setembro. Ele afirmou que o Fed agirá de forma “apropriada” para sustentar a expansão da economia, mas sem indicar relaxamento mais agressivo. Também disse que a economia dos EUA está em “lugar favorável”, pois o crescimento está no décimo primeiro ano seguido e a taxa de desemprego caiu de forma expressiva e apresenta níveis historicamente baixos. Ele ressaltou que o desafio da política monetária é sustentar a expansão do país e que a inflação fique perto de 2%.
O dado preliminar de agosto do índice dos gerentes de compras (PMI) industrial americano mostrou o pior resultado em quase dez anos, reforçando o quadro de perda de fôlego dos EUA.
 
A ata do Banco Central Europeu (BCE) reiterou a indicação de possível pacote de estímulos, que incluiria cortes de juros e novas compras de ativos.
 
Além do nervosismo externo, os mercados domésticos ampliaram a cautela diante da repercussão internacional negativa das queimadas na Amazônia, que ameaçam exportações brasileiras e acordos comerciais, entre eles o da União Europeia e o Mercosul. Há cautela ainda com o risco de atraso no cronograma da reforma da Previdência, depois que o relator do texto não conseguiu entregar o relatório preliminar da reforma na CCJ do Senado nesta semana e deve fazê-lo só na próxima.
Além disso, em meio a sinais de desaceleração global, o mercado também olha se haverá revisão para baixo de crescimento do PIB em 2020 pelo governo. Em julho, o Ministério da Economia já reduziu a projeção para o PIB de 2020, quando a estimativa oficial caiu de 2,6% para 2,2%. Na ocasião, a equipe econômica cortou pela metade a projeção oficial para 2019, dos 1,6% esperados em maio para 0,81%.
 
O ambiente benigno para a inflação foi ratificado pelo IPCA-15 que registrou alta de 0,08% em agosto, após ter avançado 0,09% em julho, no piso do intervalo esperado que era alta entre 0,08% e 0,28%, com mediana positiva de 0,16%. Nos 12 meses encerrados em agosto, o indicador ficou em 3,22%, mais de 1 ponto abaixo da meta de inflação para este ano, que é de 4,25%. O resultado também ficou no piso do intervalo das projeções que iam de avanço de 3,22% a 3,43%, com mediana de 3,30%. O resultado reforçou a manutenção do cenário de queda da Selic nos próximos meses.  
 
O mercado também vê a entrada de fluxo estrangeiro vindo da venda de estatais como um alívio importante para as contas fiscais, que pode abrir espaço para investimentos e novas queda da Selic, ou ao menos, ajudar a taxa básica a se manter por mais tempo no piso histórico.
 

O mercado de trabalho brasileiro criou 43.820 empregos com carteira assinada em julho de acordo com os dados do Caged, dentro do intervalo das estimativas (20 mil a 65 mil vagas) e levemente abaixo da mediana (44.000 postos de trabalho). O saldo de julho decorre de 1,331 milhão de admissões e 1,287 milhão de demissões. O resultado ficou abaixo do registrado em julho de 2018, quando houve abertura líquida de 47.319 vagas, na série sem ajustes.

 

O dólar à vista fechou na sexta-feira em alta de 1,14%, a R$ 4,1246, maior valor desde 19 de setembro de 2018, emendando a sexta semana seguida de alta e aumentando o debate em relação ao risco de repasse aos preços, e o quanto isso poderia interferir no ciclo de queda dos juros. A precificação do corte da Selic na curva está de acordo com a previsão no Relatório de Mercado Focus, de corte de 0,50 pp da taxa básica de juros em setembro. Depois, a Selic deve cair 0,25 pp em outubro e 0,25 em dezembro para 5,00%. 
 
Semana de 26 a 30 de agosto
 

O destaque da agenda doméstica é a divulgação do PIB brasileiro no dia 29 referente ao segundo tri. Serão conhecidos ainda dados fiscais e a Nota do Setor Externo, ambos de julho.

Outro foco de atenção internamente é o Congresso. O relator da reforma da Previdência no Senado ainda não conseguiu entregar seu texto. Ainda prosseguem as discussões em torno da reforma tributária tanto na Câmara quanto no Senado.

O noticiário e eventuais medidas relacionadas às queimadas na Amazônia serão monitorados de perto pelo mercado, uma vez que a repercussão internacional negativa traz risco para os acordos comerciais e as exportações brasileiras. 

No exterior, os novos capítulos da guerra comercial entre a China e os EUA seguem no radar, após retaliações mútuas anunciadas terem trazido muita aversão ao risco. 

A agenda de indicadores externos tem entre os pontos altos a divulgação da segunda leitura do PIB dos EUA no segundo tri e do PIB da Alemanha no mesmo intervalo. Ainda, será conhecida a leitura de julho para o índice de preços de gastos com consumo (PCE), medida preferida de inflação do Fed.

 
Fonte: Broadcast

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa

Estruturas a Termo de Taxas de Juros Anbima (Curvas de Juros)

Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos da Renda Fixa nominais brutos do Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar e CDI

Rentabilidades da Renda Fixa (Tesouro Direto) em %CDI

Características do Tesouro Direto: Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

Comportamento das Taxas para Renda Fixa - Tesouro Direto