Análise Semanal de Renda Fixa
23/08/2019 à 30/08/2019

Semana 58

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP®

A pesquisa Focus trouxe novas revisões para baixo para o IPCA e para o crescimento da economia, o que corrobora para percepção de cenário propício para mais afrouxamento monetário. O relatório revisou o IPCA para 2019 de 3,71% para 3,65% e para 2020 de 3,90% para 3,85%. A estimativa para o IPCA para 2019 no Top 5 médio prazo passou de 3,71% para 3,51% e para 2020 permaneceu em 3,90%. A estimativa para o PIB
de 2019 caiu de 0,83% para 0,80% e para 2020 de 2,20% para 2,10%. Já a previsão para Selic em 2019 seguiu em 5,00% e para 2020 passou de 5,50% para 5,25%.

A semana terminou com uma importante devolução de prêmios na curva de juros futuros após a disparada das taxas com forte aumento de volume no começo da semana. Esse movimento foi ajudado por alguns sinais positivos sobre as negociações comerciais entre EUA e China, melhor assimilação dos problemas argentinos, alívio do câmbio, além de indicadores um pouco melhores no âmbito doméstico.

As atuações recentes do Banco Central no câmbio, com leilão inesperado de venda de moeda, operação de linha além das que já estavam programadas, abriram espaço para uma acomodação nos preços dos ativos domésticos, pelo fundamento da redução das expectativas de inflação para abaixo das metas neste e no próximo ano, juntamente com dados indicando a fraqueza da atividade doméstica e sinais de desaceleração da
economia global, além do avanço das reformas, trazendo o dólar de volta à casa de R$ 4,14 e as apostas na manutenção do ritmo de corte de 0,50 da Selic no Copom de setembro voltando a serem majoritárias na curva a termo. Ajudou ainda a melhora nas perspectivas o acordo comercial entre a China e os EUA (o governo chinês adotou tom mais conciliatório e indicou que não pretende ampliar a rixa comercial com Washington,
pedindo diálogo e colaboração para garantir uma resolução “calma”), e a “desinversão” da curva do rendimento dos Treasuries de 2 e 10 anos. O movimento de inversão antecedeu todas as últimas nove recessões americanas desde os anos 1950 e, por isso, é considerado um predecessor de depressões econômicas.

Houve uma leve melhora da economia no 2º trimestre, que voltou a crescer após ter contração no primeiro tri. O PIB brasileiro do segundo trimestre subiu 0,4% na margem, acima da mediana estimada (+0,2%).

O governo argentino anunciou que adiaria pagamentos de dívida de curto prazo ao FMI. A agência de classificação de risco S&P decidiu rebaixar o rating soberano em moeda estrangeira de longo prazo do país de Bpara SD (default seletivo). Os ratings de emissão de curto prazo foram rebaixados para D (default). A moratória declarada não trouxe tanto estresse porque os mercados podem ter se antecipado e duas boas notícias
saíram no mesmo dia: China e EUA voltaram a conversar e o PIB do Brasil reagiu acima do previsto.

O mês de agosto foi de muita volatilidade e preocupações com os conflitos comerciais entre EUA e China, muitos ruídos internos, entre eles os causados pelas queimadas na Amazônia que repercutiram muito mal no exterior, as notícias envolvendo o BTG, possíveis perdas comerciais por conta dos atritos com líderes europeus em torno da Amazônia, queda de popularidade do governo revelada pela pesquisa CNT/MDA, redução
nas projeções de crescimento do PIB no Boletim Focus, relatório conclusivo da Polícia Federal sobre o presidente da Câmara, afirmação do presidente de que “estava para estourar” uma acusação, que alegou ser falsa, contra uma pessoa próxima a ele, indicações de Brexit sem acordo, além do estresse no câmbio e suas eventuais implicações para a política monetária.

Após declarações do presidente do Banco Central em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, que enfatizou que a desvalorização do real em relação ao dólar não é um movimento atípico, o mercado testou o BC, levando a moeda para perto de R$ 4,20 e daí a autoridade monetária interveio tomando uma medida que não era registrada há mais de 10 anos: vender dólares no mercado à
vista sem estipular um montante para a oferta.

O dado preliminar já havia apontado, mas a confirmação de que o PIB da Alemanha cedeu trouxe preocupação aos investidores. A atividade da maior economia europeia sofreu contração de 0,1% no segundo tri do ano na margem, ampliando temores de que o país está muito próximo de uma recessão. Tudo isso ocorreu em meio a um ambiente externo recheado de cautela, sobretudo por conta do Reino Unido. O primeiro-ministro
britânico conseguiu a autorização da rainha Elizabeth II para suspender o Parlamento até 14 de outubro, em uma manobra vista como estratégia para forçar um Brexit sem acordo no prazo final para o divórcio, em 31 de outubro.

Semana de 2 a 6 de setembro

Destaque na sexta-feira para a divulgação do IPCA de agosto.

Tem ainda a produção industrial de julho e dados da Anfavea sobre produção de veículos em agosto.

Entre os eventos, há expectativa em
torno da votação na quarta-feira do relatório da Previdência, apresentado pelo relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

Nos EUA a semana começará com mercados fechados em função do feriado do Dia do Trabalho na segunda-feira, sendo que neste fim de semana entram em vigor tarifas de importação aplicadas a
produtos da China. Em 1º de setembro, passam a vigorar tarifas sobre a primeira parte do montante total de cerca de US$ 300 bilhões. No mesmo dia, o mesmo ocorre para uma parte dos US$ 75 bilhões em bens americanos que serão tarifados pela China, em retaliação. Na sequência, a agenda norte-americana traz na quarta-feira o Livro Bege do Fed e o relatório de emprego relativo a agosto na
sexta-feira.

Na Europa, há previsão de uma série de indicadores econômicos da zona do euro e dos países que a compõem. Destaque para a divulgação do PIB da região referente ao segundo tri na sexta.

Fonte: Broadcast

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa

Estruturas a Termo de Taxas de Juros Anbima (Curvas de Juros)

Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos da Renda Fixa nominais brutos do Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar e CDI

Rentabilidades da Renda Fixa (Tesouro Direto) em %CDI

Características do Tesouro Direto: Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

Comportamento das Taxas para Renda Fixa - Tesouro Direto