O mês de janeiro termina do modo como começou: com ponderações sobre as perspectivas para cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Logo nos primeiros dias do ano, falas de dirigentes sobre o não descarte de mais apertos deixaram os mercados em tom negativo, e indicadores – como CPI e payroll – foram acompanhados ao longo de todo o período até que, nesta quarta-feira (31/01/2024), o BC dos Estados Unidos decidiu manter a taxa dos Fed Funds entre 5,25% e 5,50%. E mais, o presidente da instituição, Jerome Powell, afastou a possibilidade de cortes já em março.
A reação no exterior foi de deterioração das bolsas de Nova York, repique do dólar ante rivais e queda dos Treasuries – os títulos do Tesouro americano. Porém, os índices americanos não acumularam baixa no mês, bem pelo contrário. Dow Jones e S&P 500 renovaram máximas históricas recentemente, com a escalada de ações de tecnologia. O setor até esteve em foco durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, com a inteligência artificial como um dos grandes temas de otimismo para os mercados acionários.
O início da temporada de balanços nos Estados Unidos também tem feito preço. Já foram conhecidos os resultados de empresas como American Airlines, Intel, 3M, IBM, Tesla, Alphabet, Microsoft, Boeing e General Motors.
Assim, os índices S&P 500 (+1,59%), Dow Jones (+1,22%) e Nasdaq (+1,02%) fecharam janeiro com ganhos.
Já o Ibovespa foi na contramão e encerrou o mês em queda de 4,79%. A expectativa pela condução de política monetária do Fed pesou, e analistas falaram ainda sobre a retirada de recursos estrangeiros da Bolsa brasileira em um reposicionamento de olho no cenário externo, além de uma realização de lucros após um dezembro bastante positivo.
Além disso, nos últimos dias, o Ibovespa foi penalizado pela perspectiva fraca para a economia chinesa em meio à crise no setor imobiliário, que viu inclusive a liquidação da Evergrande. Isso sem contar o noticiário corporativo, como os ruídos políticos na Vale e o pedido de reestruturação financeira da Gol – ação que teve ontem seu último dia no principal índice da B3.
Entre os indicadores, foi conhecido o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro, acima do esperado, mas sem mudar a expectativa sobre o ciclo de juros por aqui. Já o IPCA-15 de janeiro veio abaixo do piso das projeções. Em relação à atividade, dados sobre varejo, serviços e indústria não causaram surpresa.
E, assim, era de se esperar uma decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central também sem novidades. Há pouco, foi divulgado o comunicado que anunciou a redução da Selic para 11,25% ao ano, conforme amplamente previsto pelo mercado.