O Ibovespa fechou a última sessão de setembro (e do terceiro trimestre) em alta de 0,72%, aos 116.565 pontos. O pregão de hoje definiu o mês no azul, com avanço de 0,71% no período. No ano, o Ibovespa avança 6,22%, vindo de perda de 5,09% em agosto.
Setembro representou um recálculo de rota, rumo à cautela. Os negócios já vinham sendo pressionados desde a virada de agosto pela maior necessidade de financiamento do Tesouro dos Estados Unidos e pela subida forte do petróleo. O que fez “virar a chave” no mês de negócios que se encerra hoje foi a percepção de que os principais bancos centrais, em especial o Federal Reserve (Fed, o banco central americano), manterão o aperto monetário no horizonte da economia global por mais tempo do que o estimado.
No Brasil, o mês de setembro começou na expectativa de decisões de política monetária e se encerrou ainda sob repercussão dessas mesmas decisões. O “portal” a ligar os dois momentos se abriu numa mesma “super quarta” (20), na semana passada, quando o Federal Reserve manteve os Fed Funds no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano e o Banco Central do Brasil reduziu a Selic mais uma vez em 0,50 ponto porcentual, de 13,25% para 12,75% ao ano.
Apesar de virem em linha com as expectativas de mercado, na letra fria, essas decisões vieram acompanhadas por comunicados, atas e entrevistas que, nos Estados Unidos, reforçaram a percepção de “mais juros por mais tempo” e, no Brasil, consolidaram a aposta de que os próximos cortes, nos anúncios de novembro e dezembro, permanecerão no compasso atual, de 0,50 ponto porcentual.
Um efeito direto, a partir dos Estados Unidos, manifestou-se no aumento da aversão ao risco em escala global. Menos analistas passaram a acreditar na possibilidade de o esforço desinflacionário na maior economia do mundo assegurar um “pouso suave”, isto é, com menor efeito recessivo.
Na última semana do mês, um novo impasse orçamentário nos Estados Unidos, que pode paralisar o governo já neste fim de semana, entrou na conta, acirrando ainda mais a seguinte dinâmica verificada nas últimas semanas: o investidor, diariamente, passou a embolsar o que pôde de lucros, pediu mais prêmios – em resumo, ficou mais conservador. No Brasil, essa guinada veio acompanhada pela desconfiança em relação ao cumprimento das metas fiscais pelo governo.
Em preparação para cenários futuros, de aperto, o que se verificou foi uma corrida pela renda fixa americana, com impactos para muito além dos Estados Unidos. Os retornos da T-note de 10 anos chegaram à última sessão do mês projetando as mais altas taxas em um período superior a uma década.
Os índices acionários de Nova York cederam forte no período (Dow Jones -3,50%, S&P 500 -4,87% e Nasdaq -5,81%, esses dois últimos no pior mês de 2023).
O índice DXY, que pondera o dólar frente a divisas fortes, voltou à marca de 106 pontos, abandonada em novembro de 2022. No Brasil, o dólar no mercado à vista se valorizou frente ao real em setembro (+1,53%), ultrapassando o patamar de R$ 5 (no fechamento de hoje a R$ 5,0268).