Relatório Semanal de Renda Fixa
07/02/2020 à 14/02/2020

Análise do Mercado de Renda Fixa: Semana 82

Highlights (Resumo):

Forte queda nos Juros, ganhos em todos os vencimentos!

Principal vetor: Mercado interpretou a Ata do Compom como mais branda (dovish) em relação ao juros, mercado voltou a acreditar em mais cortes. Dados de inflação benignos, a atividade e varejo decepcionantes. Coronavirus segue contribuindo com a piora das expectativas para atividade global o que sugere manutenção de juros baixos ou até queda.

Destaque: Ata do Copom

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

A Focus (dia 17) mostrou projeções menores para o PIB e IPCA deste ano. As projeções para o PIB caíram de 2,30% para 2,23% e para 2021 seguiram em 2,50%. Para o IPCA 2020 caíram de 3,25% para 3,22% e para 2021 seguiram em 3,75%. A Selic no fim de 2020 foi mantida em 4,25% e em 6,00% para 2021. A mediana das expectativas para o câmbio no fim do ano permaneceu em R$ 4,10. Para 2021, a projeção foi de R$ 4,10 para R$ 4,11.

A ata do Copom destacou as “múltiplas incertezas no que tange ao atual grau de ociosidade e o aumento da potência da política monetária que atua com defasagens na economia” para explicar a sinalização sobre a interrupção do processo de flexibilização monetária, mas grande parte do mercado viu a ata mais dovish que o comunicado e ficou com a sensação mais de pausa do que como fim de ciclo, e de que a discussão de cortes da Selic no segundo semestre podem voltar, se os dados de atividades permanecerem fracos e se as expectativas para o IPCA em 2021 apresentarem redução considerável em relação ao centro da meta.

Os dados de inflação benignos divulgados também influenciaram essa percepção. O IGP-M ficou estável (0,00%) na primeira prévia de fevereiro, após ter aumentado 0,67% na primeira prévia de janeiro. O IPC-Fipe, que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 0,19% na primeira quadrissemana de fevereiro, desacelerando em relação ao avanço de 0,29% no fechamento de janeiro. Já o IPC-S mostrou alívio em seis das sete capitais na primeira quadrissemana de fevereiro, desacelerando a 0,51%, de 0,59% no fechamento de janeiro.

Uma novidade na ata em relação ao comunicado foi o Copom citar o coronavírus. No documento, o Banco Central citou a doença e disse que “eventual prolongamento ou intensificação” implicaria desaceleração adicional do crescimento global. A percepção é de que o saldo dos efeitos da epidemia deve ser predominante desinflacionário, com peso maior da desaceleração global do que da pressão no câmbio.

O IBC-Br caiu 0,27% em dezembro ante novembro, o segundo recuo mensal consecutivo, o de novembro ante outubro foi revisado de alta 0,18% para queda de 0,11%  e o fechado de 2019 abaixo da mediana reforçaram a decepção do mercado com o ritmo de retomada da atividade doméstica. Cortes em projeções de PIB e inflação continuam a ser embutidas nos preços e cenários do mercado.

Em evento em São Paulo, o presidente do Banco Central falou de cautela na política monetária, mas não interrupção do ciclo de cortes da Selic. Pouco tempo depois, o BC corrigiu a versão da apresentação e incluiu interrupção do ciclo de flexibilização monetária, como constava na ata do Copom.

A expectativa é de que a inflação baixa e a atividade fraca, especialmente diante dos efeitos da epidemia do coronavírus, devem ancorar a Selic em 4,25% por mais tempo do que se previa e/ou podem levar a uma retomada do ciclo de cortes em algum momento.

As vendas no varejo mostraram desempenho fraco em dezembro e em 2019, abaixo das medianas tanto no âmbito restrito como no ampliado e no consolidado para 2019. O desempenho fraco levou a mais redução do prêmio de risco ao longo do ano na curva de juro a termo e reforçou a perspectiva de Selic estável em 4,25% ao longo de 2020.

O volume de serviços prestados caiu 0,4% em dezembro ante novembro, melhor que a mediana das estimativas (-0,50%). Na comparação com dezembro do ano anterior, houve alta de 1,6% em dezembro de 2019, pouco melhor que a mediana de 1,50%. No ano, a alta foi de 1,0%, em linha com o esperado.

O dólar caiu 0,47% na semana após seis consecutivas de alta reagindo às intervenções do Banco Central que entrou no mercado por dois dias consecutivos oferecendo US$ 1 bilhão em contratos de swap. A moeda americana acumulou alta de 7,18% em 2020. Dentre os fatores que influenciaram o movimento estão as declarações do ministro da Economia, as preocupações com os impactos do coronavírus na economia global, indicadores econômicos fracos na Europa, nos EUA e no Brasil, e o mercado desmontando parte de suas posições compradas em câmbio diante da possibilidade de novas intervenções do BC, caso persista o direcional de alta da divisa americana. 

Semana de 17 a 21 de fevereiro

No Brasil, o destaque do calendário macroeconômico é a divulgação do IPCA-15 de fevereiro na quinta-feira (20). Ainda sem data definida, devem ser divulgados o resultado do Caged e a arrecadação federal referentes a janeiro.

No exterior, as atenções do mercado estarão voltadas para a ata do Fomc do Fed na quarta-feira (19), e eventuais menções no documento sobre potenciais efeitos do coronavírus sobre a economia global. Na segunda-feira, feriado do Dia do Presidente nos EUA, os mercados em Wall Street estarão fechados.

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa

Estruturas a Termo de Taxas de Juros Anbima (Curvas de Juros)

Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos da Renda Fixa nominais brutos do Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar e CDI

Rentabilidades da Renda Fixa (Tesouro Direto) em %CDI

Características do Tesouro Direto: Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

Comportamento das Taxas para Renda Fixa - Tesouro Direto