Highlights (Resumo):
Forte Queda nos Curtos e Alta nos Longos (ganho de inclinação)
Principal vetor: Coronavírus segue contribuindo para a piora das expectativas para atividade global o que sugere manutenção de juros baixos, muito embora a parte mais longa da Curva de Juros sofra com o aumento da aversão ao risco global (vide o Vix).
Destaque: Coronavírus e forte alta do VIX.
Contribuição: ✍ José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin
O relatório Focus (dia 26) mostrou revisão para baixo para IPCA de 2020 de 3,22% para 3,20% e permanecendo em 3,75% em 2021. A previsão para PIB 2020 recuou de crescimento de 2,23% para 2,20% e para 2021 seguiu em 2,50%. A projeção para Selic em 2020 seguiu em 4,25% e para 2021 em 6,00%. Já a previsão para câmbio no fim de 2020 passou de R$ 4,10 para R$ 4,15 e, para 2021, de R$ 4,11 para R$ 4,15.
A semana foi marcada pela aversão ao risco. Preocupações com o avanço da epidemia pelo mundo após a OMS alertar para o aumento do número de casos no Irã e na Coreia do Sul e dados ruins da economia americana mantiveram a percepção de que os efeitos do coronavírus na atividade global podem aumentar. O quadro atual deve significar juros baixos por bastante tempo em algumas das principais economias globais, inclusive nos EUA, onde a curva de juros esteve invertida, com as taxas dos Treasuries de três meses mais elevadas do que o retorno dos papéis de dez anos. Esse intervalo é usado como referência pelo Fed pela correlação com recessões.
Internamente pesaram a inquietação do mercado com relação ao andamento de reformas no Congresso, os cortes em projeções de crescimento do País este ano por várias instituições financeiras para perto de 2% e os ruídos políticos em torno da permanência do ministro da Economia.
Aumentou a percepção de que a Selic pode voltar a cair antes de subir após várias instituições financeiras estrangeiras e locais revisarem para baixo as estimativas para o PIB do Brasil, China, EUA e economia global. Já há instituições acreditando que o crescimento do Brasil este ano ficará abaixo de 2%.
Nos juros futuros, prevaleceu a percepção de atividade local fraca e inflação baixa, com perspectiva de desaceleração da economia global e políticas monetárias mais frouxas ao redor do mundo. Essa percepção de fraqueza também foi reforçada pelos sinais de desaceleração da economia global, como mostraram a queda de 6,3% do PIB do Japão no último tri de 2019 e os cortes de juros na China para fazer frente aos impactos do coronavírus na economia do país.
O cenário de inflação baixa foi reforçado pelo IPCA-15, que registrou alta de 0,22% em fevereiro, após ter avançado 0,71% em janeiro. O resultado ficou levemente abaixo da mediana de (+0,23%). A taxa em 12 meses ficou em 4,21%, também praticamente na mediana (4,22%). Foi o menor resultado para o mês desde o início do Plano Real.
O pessimismo com o crescimento aumentou depois do alerta da Apple, de que não cumprirá suas projeções para o trimestre em função dos impactos do surto para a economia e as cadeias de produção, lido como o primeiro sinal concreto dos impactos do coronavírus.
Com o mercado avesso ao risco, até mesmo a liberação de compulsórios anunciada pelo BC, que pode significar mais crédito à economia, chegou a ser vista como algo negativo, no sentido de que indica alguma preocupação com a atividade. No geral, contudo, a medida foi avaliada como técnica, ainda que o efeito colateral seja a liberação de liquidez.
O dólar renovou máxima nominal histórica intraday, a R$ 4,40 e avançou 2,15% na semana, o pior desempenho nos emergentes. Apoiou esse movimento a demanda por hedge, dada a visão de que o crescimento da economia segue lento e não se descarta retomada de corte da Selic mais à frente.
A ata do Fed teve pouco efeito sobre os ativos, ainda que o dólar tenha ganhado mais força em âmbito global após o documento. Os diretores da autoridade monetária dos EUA destacaram que o coronavírus “emergiu como risco ao crescimento global”, mas afirmaram esperar que a inflação suba para perto da meta de 2% nos próximos meses.
Semana de 24 a 28 de fevereiro
Os negócios no mercado brasileiro começam somente a partir da tarde de quarta-feira, com agenda de indicadores mais forte na quinta e na sexta. Enquanto isso, no exterior, tudo transcorre normalmente, o que pode impor alguma correção dos ativos domésticos na retomada dos negócios na Quarta-Feira de Cinzas, a depender do que ocorrer no cenário internacional durante o feriado prolongado.
No Brasil, há expectativa em torno da divulgação dos dados do mercado de trabalho a partir do Caged de janeiro, ainda sem data definida, e da PNAD Contínua, marcada para sexta (28).
No exterior, destaque para a divulgação da segunda leitura do PIB dos EUA referente ao quarto tri, na quinta (27). No dia seguinte, saem dos dados de gastos e renda pessoal de janeiro, entre eles o índice de preços dos gastos com consumo (PCE), medida preferida de inflação do Fed, além do PMI da China (sexta-feira), confiança do consumidor americano (terça) e vendas do varejo no Japão (quinta-feira)
Fonte: Broadcast