Na Focus (dia 9), a projeção de alta do PIB caiu de 2,17% para 1,99% em 2020 e permaneceu em 2,50% para 2021. A estimativa para IPCA para 2020 passou de 3,19% para 3,20% e segue em 3,75% para 2021. A projeção para Selic em 2020 permaneceu em 4,25% e para 2021 recuou de 5,75% para 5,50%. No Top 5, a estimativa para a Selic no fim de 2020 caiu de 4,25% para 3,50% ao ano. A projeção para o câmbio em 2020 seguiu em R$ 4,20, mas subiu de R$ 4,15 para R$ 4,20 para 2021.
Em comunicado, o BC afirmou que “monitora atentamente os impactos do surto de coronavírus nas condições financeiras e na economia brasileira” e que “o impacto sobre a economia brasileira proveniente da desaceleração global tende a dominar uma eventual deterioração nos preços de ativos financeiros”. O documento provocou uma onda de revisões para a Selic nas próximas reuniões.
As apostas em corte de juros nos EUA aumentaram e bateram 100% para redução de 0,75 pp pelo Fed em março. Internamente, o mercado reduziu um pouco a precificação de corte da Selic pelo risco Brasil, escalada do dólar e a pouca efetividade das intervenções do BC, descontentamento com os ruídos políticos constantes e falta de confiança no andamento das reformas. A chance de corte de 50 p.b da Selic no dia 18 de março perdeu espaço e a curva de juro a termo precificou 100% de possibilidade de corte de 25 pontos, para 4,00%.
O PIB brasileiro registrou alta de 1,1% em 2019 ante 2018, em linha com a mediana das estimativas. No quarto tri de 2019 o PIB cresceu 0,5% na margem, também em linha com a mediana. O mercado seguiu revisando para baixo as projeções para a economia brasileira este ano.
O dólar acumulou alta de 3,5% essa semana em meio a renovadas preocupações com os efeitos do coronavírus na atividade mundial, juros locais baixos e com possibilidade de cair mais. No ano, o dólar já subiu 15,4%. A leitura é de que, após o BC sinalizar corte da Selic, além de manter o baixo diferencial de juros entre o Brasil e o resto do mundo, uma taxa real zero ou negativa pode estar prestes a se tornar uma realidade.
Para o JPMorgan, a nítida deterioração da atividade econômica mundial provocada pelo coronavírus exige ação “agressiva” e “criativa” dos bancos centrais. A decisão do Fed de cortar os juros de forma extraordinária abriu espaço para cortes das taxas também nos emergentes.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) baixou sua projeção para o crescimento mundial neste ano de 2,9% para 2,4% devido aos efeitos ao nível de atividade internacional do coronavírus.
Nos EUA foram criados 273 mil empregos em fevereiro, maior que a previsão de 174 mil. A taxa de desemprego foi a 3,5%, ante projeção de 3,6%. Já o salário médio por hora subiu 0,32%, acima do previsto de 0,30%.
Na China, epicentro do coronavírus, o índice de gerentes de compras (PMI) industrial baixou de 50,0 em janeiro para 35,7 em fevereiro. O PMI de serviços chinês caiu de 54,1 em janeiro para 29,6 em fevereiro.
Semana de 9 a 13 de março
O foco dos mercados seguirá sobre os bancos centrais e possíveis novas medidas de afrouxamento monetário em resposta ao avanço do coronavírus e seus impactos econômicos. Os dirigentes do Fed, assim como os do BC brasileiro, entram em período de silêncio a ser cumprido antes da reunião de política monetária de ambos nos dias 17 e 18.
No Brasil, a divulgação da Produção Industrial Mensal (PIM) de janeiro e do IPCA de fevereiro na terça e na quarta-feira, se vierem fracos podem servir de argumentos para reforçar as apostas de corte mais agressivo da Selic que começaram a aparecer nos últimos dias.
O mercado também acompanha a movimentação em Brasília de olho na agenda de reformas e em meio ao estresse entre o poder Executivo e Legislativo.
No exterior, haverá decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira. Nos EUA, no dia 10, o Partido Democrata realiza nova rodada de prévias em vários estados, em mais uma etapa da escolha do candidato que vai concorrer à eleição presidencial de novembro. Na China está prevista uma bateria de dados econômicos, entre eles números do setor externo de fevereiro.
Fonte: Broadcast