Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 96
Highlights (Resumo):
FORTE queda nas Taxas de Juros.
Principal vetor: Melhora na percepção de risco político com leitura positiva da reunião entre o presidente com governadores, presidentes do STF, Senado e Câmara e ministros. A publicação do vídeo na sexta, praticamente na íntegra, ocorreu com quase todos os mercados já fechados e os juros futuros na sessão estendida de negócios mostraram uma reação inicial positiva.
Contribuição: ✍ José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin
Os efeitos da pandemia do novo coronavírus sobre a economia brasileira fazem as instituições financeiras traçarem cenários cada vez mais pessimistas para 2020. No Relatório de Mercado Focus, a mediana atual das projeções de todas as instituições financeiras para o PIB em 2020 é de queda de 5,89%, mas este parâmetro vem piorando nas últimas 15 semanas, desde o início de fevereiro, quando a avaliação era de que o surto do novo coronavírus poderia ficar restrito à China. E com a atividade econômica em forte retração neste ano, a expectativa é de que a inflação também despenque.
Os juros futuros terminaram a semana em queda, principalmente nos vencimento mais longos, refletindo a melhora na percepção de risco político com leitura positiva da reunião entre o presidente com governadores, presidentes do STF, Senado e Câmara e ministros, na qual as partes fecharam um acordo sobre vetos a reajustes do funcionalismo em troca do socorro do governo a Estados e municípios, o que afastou um risco fiscal importante, a repercussão positiva de sinais do ministro da Economia de que não sai do governo e o alívio com o recuo do dólar abaixo dos R$ 5,60, reforçado pelas mensagens do Banco Central de que pode elevar sua atuação no câmbio
O presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, sinalizou que pode aumentar sua atuação no câmbio se necessário e que intervir no mercado secundário de títulos é “satisfatório”. Analistas dizem que a possibilidade de o BC fazer uma Operação Twist, comprando títulos de longo prazo e vendendo títulos de curto prazo, ajuda a tirar pressão dos juros longos. Essa intervenção é possível após a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do ‘Orçamento de Guerra’.
Dada a forte recessão esperada para 2020 por causa da crise do coronavírus, com consequente choque desinflacionário, há espaço para o Banco Central continuar a reduzir a taxa Selic, avaliaram os analistas do mercado financeiro na última reunião com o BC na terça-feira (19). Mas, um afrouxamento dos juros básicos para além do corte de 0,75 pp sinalizado para junho está condicionado à maior clareza sobre a trajetória fiscal.
O mercado passou a semana em compasso de espera pela decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a divulgação do vídeo da reunião ministerial citada pelo ex-ministro Sérgio Moro como prova da tentativa de interferência do presidente na Polícia Federal. E a publicação do vídeo, praticamente na íntegra, ocorreu com quase todos os mercados já fechados, apenas a Bolsa estava em leilão de fechamento. Mas os juros futuros na sessão estendida de negócios e o dólar futuro ainda aberto mostraram uma reação inicial positiva, de queda.
O dólar fechou a semana acumulando queda de 4,44%. Foi o maior recuo desde a semana de 30 de setembro de 2018, quando caiu 4,81%. O pregão da sexta-feira (22) foi todo marcado pela expectativa da decisão do Supremo sobre a divulgação do vídeo da reunião do presidente e seus ministros em 22 de abril, que deixou o mercado cauteloso e oscilando perto da estabilidade. Às 17 horas, o Supremo autorizou a divulgação, mas a reação imediata no câmbio foi modesta, com as mesas ainda avaliando o conteúdo do vídeo. Nos pregões anteriores, a menor tensão política e o exterior favorável ajudaram a retirar pressão do câmbio. Com isso, o real teve o melhor desempenho semanal ante moedas emergentes.
Declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fábio Kanczuk, de que a instituição está “muito bem preparada” para corrigir distorções no mercado de câmbio, principalmente pelo nível das reservas internacionais, ajudaram a retirar pressão no câmbio, ecoando o que o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, havia dito na quarta-feira (20).
Campos Neto disse que, se for necessário, o BC pode elevar as atuações no mercado de câmbio, o que foi lido como indicativo de que a pressão cambial não necessariamente é um empecilho para mais afrouxamento da política monetária. Somado a isso, afirmou, a respeito das discussões sobre limite da política monetária, que este é “dinâmico”, ao ser questionado sobre qual seria o piso para a Selic, hoje em 3%.
Depois da primeira onda de saída de dólares do Brasil na esteira da pandemia do novo coronavírus, dados do Banco Central mostraram que, após o País perder US$ 31 bilhões pela via financeira de fevereiro a abril deste ano (metade do registrado em todo o ano de 2019), a cifra foi de apenas US$ 837 milhões em maio, até o dia 15.
Semana de 25 a 29 de maio
A semana começa com mercados fechados em Nova York e Chicago em razão do feriado Memorial Day nos EUA na segunda-feira (25), o que deve esvaziar os negócios ao redor do mundo. A data é uma homenagem a americanos mortos em combate nas guerras. De todo modo, fica no radar o noticiário em torno das tensões entre Estados Unidos e China e da pandemia do coronavírus.
A agenda de indicadores poderá voltar a dar dinâmica para a curva, com destaque para o PIB do primeiro tri na sexta-feira (29). Na terça (26) será divulgado o IPCA-15 de maio. Em meio aos efeitos da pandemia de coronavírus, o índice pode ter a maior deflação do Plano Real, conforme a mediana (queda de 0,47%). Até hoje, o piso desde 1994 é de setembro de 1998 (-0,44%).
O mercado porém, mantêm a persistente atenção com as situações política, fiscal e sanitária do País, em meio ao aumento de casos e de mortes provocado pelo novo coronavírus.
Características do Tesouro Direto: Taxa de Compra, Preço de Compra,
Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)
Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar
Comportamento das Taxas para Renda Fixa - Tesouro Direto