Highlights (Resumo):
Alta nos Juros Curtos e Quedas nos Longos.
Principais vetores: Inflação (IPCA) benigna com núcleos comportados, melhora no campo político nacional e as declarações do presidente do FED, Jerome Powell, reforçaram a mensagem do comunicado de que o Fed deverá manter a liquidez farta por muito tempo.
Destaque: FED.
Contribuição: ✍ José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin
O Relatório de Mercado Focus (dia 15) trouxe nova revisão com queda mais acentuada do PIB em 2020 e a projeção para a inflação já está bem abaixo do centro da meta de 2020 (4,00%). No caso de 2021, a meta é de 3,75%. À espera da próxima decisão de política monetária do Banco Central (dia 17) os economistas mantiveram suas projeções para a Selic no fim de 2020 e reduziram para 2021.
Nos juros futuros, a leitura é que, apesar do tom mais pessimista, as declarações do presidente do FED, Jerome Powell, reforçaram a mensagem do comunicado de que o Fed deverá manter a liquidez farta por muito tempo e as taxas fecharam a semana em queda mais expressiva na ponta longa. A ponta curta pouco se mexeu, com os investidores já à espera do corte de 0,75 ponto porcentual na Selic na decisão do Copom na quarta-feira (17). No comunicado, o mercado aguarda considerações dos diretores para 2021, que é para onde se volta agora a política monetária. Parte do mercado ainda vê espaço para uma queda de 0,25 ponto no Copom de agosto.
No balanço da semana, a curva perdeu inclinação muito em função da queda de prêmios da ponta longa, uma vez que os curtos fecharam praticamente nos mesmos níveis da sexta-feira (05). Os vencimentos a partir de 2025 chegaram a fechar quase 20 pontos-base no período. O spread entre os DIs janeiro de 2027 e janeiro de 2022 fechou em 353 pontos, de 370 pontos no dia 5.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu que um corte da Selic de até 75 pontos-base em seu próximo encontro “complementará estímulo como reação à covid-19” e voltou a dizer que a conjuntura atual recomenda um estímulo monetário “extraordinariamente elevado”, mas, ao mesmo tempo pontuou que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional da Selic.
As declarações do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, foram lidas como “dovish”. Ele voltou a dizer que, diferentemente dos EUA e da União Europeia, o Brasil está longe do juro zero e que o BC continuará fazendo política monetária tradicional no curto prazo, o que foi entendido como uma porta aberta para mais corte de juro. “Vamos fazer política monetária através da Selic, onde ela é mais eficiente e tem menos riscos.”
E a quantidade de pedidos de seguro-desemprego chegou a 960.258 em maio, um aumento de 53% em relação ao mesmo mês do ano passado, quando os pedidos somaram 627.779. De acordo com dados divulgados pelo Ministério da Economia, as solicitações no mês passado representam ainda um crescimento de 28,3% em relação a abril deste ano, quando totalizaram 748.540.
O IPCA de maio (-0,38%), mesmo tendo mostrado deflação inferior à mediana (-0,46%), limitou qualquer avanço das taxas, diante da leitura de que os núcleos do índice não indicam qualquer pressão adiante, reforçando a percepção de queda da Selic e aposta num corte de 0,75 pp no dia 17 de junho. Em 12 meses, o IPCA passou de 2,40% em abril para 1,88% em maio, se afastando ainda mais do piso da meta de 2,50%.
Percepção de que o cenário político local está se distensionando após a nomeação do deputado Fábio Faria (PSD-RN) para o recriado Ministério das Comunicações. A leitura é a de que deve melhorar a articulação do governo. Também traz mais tranquilidade ao mercado a avaliação de que há pouco risco de impeachment do presidente.
O dólar fechou a semana em R$ 5,0426, acumulando valorização de 1,04%, a primeira de ganhos depois de três semanas seguidas de baixas. O investidor doméstico fica de olho ainda na reabertura gradual no Brasil e nos números da pandemia. Para a próxima semana, as mesas de câmbio vão monitorar a reunião de política monetária do Banco Central, dias 16 e 17. É esperado um corte de 0,75 ponto porcentual na taxa básica, mas o interesse do mercado é ver o que o BC pode sinalizar de próximos passos, o que, se ocorrer, deve ter impacto nas cotações do dólar.
Após a decisão de manter a taxa básica de juros inalterada, o presidente da autoridade monetária dos EUA, Jerome Powell, sinalizou que a trajetória para a retomada da atividade econômica ainda é muito incerta e afirmou que os dados do payroll de maio, muito melhor do que se esperava, podem ter subestimado o nível do desemprego em três pontos percentuais. Ele também lembrou que o recuo do PIB no 2º trimestre deve ser o mais severo já registrado nos EUA. Manifestou ainda preocupação com possíveis “danos duradouros à economia”. Em comunicado, o Fed também sinalizou que manterá os juros na faixa atual (entre 0% e 0,25%) inalterados até pelo menos 2022 e se comprometeu a apoiar a economia com todos os instrumentos disponíveis.
Líderes da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmaram que “não necessariamente” os países enfrentarão uma segunda onda de novos casos de novo coronavírus depois da reabertura econômica.
Semana de 15 a 19 de junho
A decisão de política monetária no Brasil na quarta-feira (17) é o destaque da agenda doméstica. O consenso aponta para nova queda de 0,75 pp da Selic, para 2,25% ao ano.
Entre os indicadores, será divulgada nova bateria de dados que poderá reforçar a percepção sobre o desempenho da atividade no segundo trimestre, entre eles a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) e a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), além do Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), todos referentes a abril. É esperada também a divulgação dos dados da arrecadação federal e de vendas no varejo. Destaque ainda para o debate em torno das medidas fiscais contra a covid-19.
No exterior, saem indicadores da indústria na China e nos EUA e, na Europa, haverá decisão de política monetária do Banco da Inglaterra. Ainda nos Estados Unidos, o presidente do Fed, Jerome Powell, discursará em duas ocasiões no Congresso.
Fonte: Broadcast
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