O relatório Focus (dia 3) trouxe revisão para baixo para a projeção do IPCA deste ano de 3,47% para 3,40% e estabilidade em 3,75% para 2021. As projeções para Selic em 2020 seguem em 4,25% ao ano e para 2021, passaram de 6,25% para 6,00%. A estimativa para alta do PIB em 2020 passou de 2,31% para 2,30% e segue em 2,50% para 2021. As projeções para câmbio seguem em R$ 4,10 para 2020, mas passaram de R$ 4,00 para R$ 4,05 em 2021.
A aversão ao risco por causa da disseminação rápida do coronavírus pelo mundo e as incertezas sobre o tamanho do seu impacto na economia mundial fizeram o dólar atingir o maior valor da história: R$ 4,285. A moeda americana acumulou valorização de 6,81% no mês de janeiro. Além do cenário global, a divisa brasileira segue pressionada pela possibilidade de redução ainda maior do carry trade com o possível corte da Selic em fevereiro. Os dados de contas externas também pesaram nos negócios com câmbio. O Brasil terminou o ano de 2019 com um déficit na conta corrente do balanço de pagamentos de US$ 50,762 bilhões, o maior rombo anual desde 2015.
Descolados da alta do dólar, predominou nas operações com juros futuros a aposta de corte de 25 pontos-base da Selic, para 4,25% na próxima reunião e receios em relação aos impactos do surto de coronavírus nas economias chinesa e global. Várias instituições financeiras já estão revendo suas projeções de crescimento do PIB da China, dos EUA e do mundo. A leitura é de que o enfraquecimento da economia global com o coronavírus pode ser desinflacionário e deve levar os bancos centrais a reduzir juros ou até adotar outras medidas para estimular a atividade.
O IGP-M desacelerou 0,48% em janeiro de 2,09% em dezembro ficando abaixo da mediana (0,54%) e dentro do intervalo de 0,31% a 0,63%. No acumulado de 12 meses ganhou força e subiu a 7,81% de 7,30% da divulgação anterior, mas também ficou abaixo da mediana (7,88%) e dentro do intervalo (7,11% a 7,99%).
Apesar da perspectiva do cenário muito benigno para inflação e juros nos próximos meses, o Tesouro Nacional elevou a banda de participação das LFTs na composição da dívida no Plano Anual de Financiamento (PAF) de 2020. A fatia, que em 2019 era de 38% a 42%, subiu para 40% a 44%. Segundo o Tesouro, a estratégia deve ser revertida em 2021, quando haverá um grande volume de vencimento de papéis pós-fixados.
O Federal Reserve manteve, conforme esperado, sua taxa de juros na faixa entre 1,5% e 1,75%, em votação unânime. No comunicado, o banco central americano justificou que a decisão é apropriada para apoiar a economia e que os passos futuros levarão em conta “ampla gama de informações”. Os diretores fizeram uma avaliação bastante positiva sobre o mercado de trabalho norte-americano, destacando que o aumento de empregos foi sólido nos meses recentes e desemprego se manteve baixo. Ainda, ressaltaram que a inflação e o núcleo ficaram abaixo da meta de 2% em 12 meses.
Semana de 03 a 07 de fevereiro
A expansão da epidemia do coronavírus e possíveis medidas das autoridades em relação ao surto seguirão no foco do mercado.
Internamente o destaque da agenda é a decisão do Copom na quarta-feira, para o qual a aposta majoritária é de corte de 25 bps na atual Selic de 4,50%.
O IBGE publica os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) referente a dezembro (dia 4) e divulga o IPCA de janeiro na sexta-feira (dia 7).
Em Brasília, a expectativa é pela retomada da pauta das reformas em função do início dos trabalhos do Congresso em 2020.
No exterior, o relatório de emprego norte-americano referente a janeiro na sexta-feira é o destaque da agenda, assim como também são os números da balança comercial chinesa em janeiro, um termômetro sobre os efeitos da guerra comercial com os EUA.
Fonte: Broadcast