No relatório Focus (dia 2), o mercado revisou o IPCA para 2020 de 3,20% para 3,19% e para 2021 permaneceu em 3,75%. A projeção para alta do PIB de 2020 desacelerou de 2,20% para 2,17% e para 2021 seguiu em 2,50%. A estimativa para a Selic no fim de 2020 permaneceu em 4,25% ao ano, mas caiu de 6,00% para 5,75% no fim de 2021. A projeção para o câmbio para fim de 2020 passou de R$ 4,15 para R$ 4,20, enquanto para fim de 2021 permaneceu em R$ 4,15.
Os juros futuros de curto e médio prazos renovaram mínimas históricas. A taxa do contrato de DI para janeiro de 2021 encerrou a etapa estendida em 4,005%. O movimento refletiu o aumento da percepção de que o viés desinflacionário do cenário externo em meio à epidemia do coronavírus pode levar o Copom a reabrir o ciclo de afrouxamento monetário ainda este ano, além do comunicado do presidente do Fed afirmando que o coronavírus representa um risco para a atividade econômica dos EUA e que a autoridade monetária usará ferramentas e agirá como apropriado para apoiar a economia americana. Os contratos futuros monitorados pelo CME Group apontaram 96% de chance de um corte de 0,50 pp já na reunião de março do Fed.
Expectativa de que os bancos centrais ao redor do mundo adotem estímulos para fazer frente à desaceleração econômica trazida pelo coronavírus.
Diante do aumento dos casos pelo mundo, um integrante da equipe econômica brasileira reconheceu que o cenário “piorou bastante” e o governo está considerando refazer a sua projeção de crescimento estimada para 2020 em alta de 2,4% do PIB.
Entre os indicadores econômicos domésticos esteve a taxa de desocupação no Brasil, que ficou em 11,2% no trimestre encerrado em janeiro, de acordo com os dados da Pnad Contínua. O resultado ficou dentro das expectativas, taxa entre 10,8% e 11,7%, com mediana de 11,3%. O IGP-M caiu 0,04% em fevereiro após alta de 0,48% em janeiro, praticamente em linha com o esperado.
O pânico com a epidemia do coronavírus se sobrepõe a qualquer outra informação. A repercussão dos ruídos políticos do Planalto com o Congresso ficaram em segundo plano.
Os números da epidemia não param de subir e a OMS comentou que há risco de ela ser transformada em uma pandemia. Na Itália, a maior conferência de investimentos do país que costuma reunir mais de 10 mil participantes deve ser adiada. Microsoft e Facebook cancelaram planos de participar em importantes eventos do setor nos próximos meses em resposta ao surto de coronavírus.
O dólar avançou 4,52% em fevereiro elevando a valorização no ano para 11,63% e mantendo a moeda brasileira com o pior desempenho entre seus pares. O avanço foi potencializado pelo descontentamento com o ambiente político e falta de articulação em torno da agenda de reformas econômicas.
Semana de 02 a 06 de março de 2020
O mercado seguirá acompanhando atentamente o noticiário sobre a evolução da epidemia do coronavírus pelo mundo e seus impactos sobre a economia. Na agenda da semana, o destaque internacional é a chamada “Superterça” nos EUA (3), quando 14 Estados elegem um terço dos delegados que definirão o candidato do partido Democrata na eleição presidencial. Na sexta (6), sai o relatório de emprego norte-americano com o payroll de fevereiro. Ainda no exterior, outro foco de atenção são dados do comércio exterior na China que já podem captar os primeiros impactos econômicos do coronavírus.
No Brasil, o ponto alto do calendário de indicadores é a divulgação do PIB do quarto tri e de 2019, na quarta (4).
Fonte: Broadcast