Relatório Semanal de Renda Fixa e Tesouro Direto
30/04/2020 à 08/05/2020

Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 94

Highlights (Resumo):

Fortes quedas nos Prefixados curtos e marginal alta nos Longos. Alta nos indexados IPCA longos.

Principal vetor:

Copom surpreende com corte 75 p.b. da Selic para 3%, mais agressivo que o esperado, que era de 50 p.b., comunicado foi considerado mega “dovish” pelo mercado. IPCA veio mais deflacionado que o projetado para o mês.

Destaque: Copom e IPCA.

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Sob influência dos dados mais recentes de inflação, os economistas cortaram novamente a previsão para o IPCA em 2020 e 2021 no Relatório de Mercado Focus. A projeção para a inflação já está bem abaixo do centro da meta de 2020, de 4,00%, e de 2021, de 3,75%. A expectativa de inflação no curto prazo tem sido bastante afetada pela perspectiva de que, com a pandemia do novo coronavírus, a atividade econômica seja fortemente prejudicada, com impactos negativos sobre a demanda por produtos e baixa da inflação.
   

Os juros futuros encerraram a semana com queda nos curtos e médios e ligeira alta nos longos após o Copom surpreender com corte 75 p.b. da Selic para 3%, mais agressivo que o esperado, que era de 50 p.b.. Ao justificar a decisão, o BC afirmou que considera um “último ajuste” para a próxima reunião, “não maior do que o atual”, para fazer frente à pandemia do coronavírus, o que sinaliza que poderá haver um novo corte de até 0,75%. No comunicado considerado mega “dovish” pelo mercado, o Bacen avaliou que a contração econômica no Brasil será “significativamente superior” à prevista pela própria instituição anteriormente. Para os dirigentes da autarquia, a atual conjuntura prescreve juros “extraordinariamente” baixos em meio à inflação subjacente abaixo dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta no horizonte relevante para a política monetária. O quadro é tão preocupante que alguns membros do Copom defenderam até fazer um mega corte único de uma vez só.

Apesar de o mercado ter visto no comunicado do Copom a chance de novo corte de 75 p.b. da Selic, os riscos fiscais e o cenário político turbulento podem limitar, por ora, uma aposta de redução mais forte da taxa básica no mês que vem. A preocupação fiscal do BC chamou a atenção de operadores. O comunicado trouxe que a trajetória fiscal em 2020 e 2021 vai determinar o prolongamento do estímulo monetário e alertou que uma piora das contas pode elevar o prêmio de risco.

Em um contexto já complicado, o rebaixamento da perspectiva do rating do Brasil de estável para negativa pela Fitch reforçou o sentimento de cautela, uma vez que indicou maior risco fiscal e político no País.  A agência de classificação de risco disse que a piora do ambiente político pesou na decisão, assim como a deterioração econômica e incertezas fiscais também foram importantes.

O IPCA de abril mostrou deflação de 0,31%, maior que a mediana das estimativas (-0,25%), marcando a segunda maior queda do Plano Real, atrás apenas do dado de agosto de 1998 (-0,51%). A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses desacelerou de 3,30% em março para 2,40% em abril, ante uma meta de 4% perseguida pelo Bacen este ano. A taxa do IPCA em 12 meses foi a mais baixa desde fevereiro de 1999, quando estava em 2,24%.

Já na atividade, a produção de veículos em abril, queda de quase 100%, foi a menor para um mês desde o início da série histórica da Anfavea em 1957. E o fluxo de veículos em estradas com pedágio recuou 43,8% no quarto mês do ano na comparação interanual, renovando o recorde de redução que havia ocorrido em março na mesma base de comparação, conforme o índice ABCR.

A produção industrial brasileira despencou 9,1% em março ante fevereiro, queda bem maior que a mediana (- 3,34%), mostrando o forte impacto da pandemia do coronavírus e das medidas de isolamento social no setor e na atividade econômica.

Declarações do presidente de que seguiria a recomendação do ministro da Economia e vetaria a possibilidade de reajustes a servidores que foi incluída no projeto de socorro a Estados e municípios aprovado no Congresso foram bem recebidas pelo mercado.  

Após bater dois recordes nominais seguidos, o dólar encerrou a semana a R$ 5,7418 no mercado à vista e com valorização de 5,57%, elevando a alta acumulada no ano para 43,12%. O real segue sendo a moeda com o pior desempenho no ano quando comparada a uma cesta de 34 pares.  Com a expectativa de que o Brasil terá em breve juro real negativo, uma vez que o Copom deixou a porta aberta para outro corte de 0,75 ponto em junho, diminui ainda mais a margem para operações de arbitragem. Com isso, a expectativa é de mais saída de recursos externos do País.

O relatório oficial de empregos dos EUA mostrou que o país cortou 20,5 milhões de postos de trabalho em abril, um pouco abaixo do que o mercado esperava. A taxa de desemprego saltou de 4,4% em março para 14,7% em abril. Neste caso, a projeção era de aumento da taxa a 15%. Trata-se da taxa mais alta desde a Grande Depressão de 1929. Os números de postos de trabalho dos dois meses anteriores foram revisados: o de março, de corte de 701 mil para eliminação de 870 mil, e o de fevereiro, de geração de 275 mil para criação de 230 mil de postos.

Houve um arrefecimento nas tensões entre os EUA e a China, após autoridades dos dois países terem se comprometido a criar condições favoráveis para implementação do acordo comercial bilateral “de fase 1”, assinado em janeiro, além de melhorar a cooperação nas áreas de saúde pública e da economia. O presidente Donald Trump voltou a dizer que o coronavírus poderia ter sido contido por Pequim, mas amenizou o tom. Trump também voltou a defender um amplo corte de impostos sobre a folha de pagamento para impulsionar a economia, e disse ser favorável a uma redução de tributos sobre ganhos de capital.

Semana de 11 a 15 de maio

O mercado segue atento à cena política interna monitorando a evolução da relação entre os Poderes da República.

No Brasil, a busca na ata do Copom será por pistas sobre o posicionamento mais suave em prol da flexibilização monetária que o Bacen tomou nesta última reunião, além do indicativo claro de que haverá uma nova redução no encontro de junho. No comunicado, o Copom alertou que indicadores referentes ao mês de abril mostram que a contração da atividade econômica será “significativamente” superior à prevista na última reunião do colegiado.

Nesta semana, a autoridade monetária divulga o IBC-Br março. Também para março, são os dados do volume de serviços, vendas no varejo e taxa de desemprego a serem divulgados pelo IBGE, que vêm complementar a perspectiva mais negativa já indicada nos números da indústria apresentados nesta primeira semana de maio, com uma retração de 9,1% ante fevereiro.

Em território americano serão divulgados os dados de vendas no varejo e produção industrial que pegam em cheio o mês de abril, quando a linha do número de contaminações e mortes pela Covid-19 empinou para cima.

Fonte: Broadcast

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa

Curvas de Juros do Tesouro Direto

Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos e Volatilidade da Renda Fixa: Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar e CDI

Características do Tesouro Direto: Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

Comportamento das Taxas para Renda Fixa - Tesouro Direto