Relatório Semanal de Renda Fixa e Tesouro Direto
08/05/2020 à 15/05/2020

Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 95

Highlights (Resumo):

FORTE alta nas Taxas de Juros. Indexados IPCA curto leve fechamento.

Principal vetor:

A ata do Copom trouxe um tom mais duro que o comunicado de semana passada. Riscos políticos continuam presentes: vídeo da reunião com Moro, reajustes dos servidores e saída do recém empossado Ministro da Saúde.

Destaque: Ata do Copom e Política.

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

O Relatório de Mercado Focus (dia 18) mostrou piora nas estimativas do PIB deste ano, redução na projeção para Selic no fim de 2020 e também para o IPCA deste ano.

Os juros futuros tiveram alta essa semana de aproximadamente 30 pts no miolo da curva e de 40 pts na parte longa, considerando os preços de ajuste do dia 8. Após o incessante ruído político local ter feito o mercado perder um pouco de foco na política monetária, a reaproximação do presidente Bolsonaro com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, desanuviou em parte o ambiente político neste momento e trouxe de volta o conteúdo das recentes comunicações do Banco Central (comunicado pós-Copom e ata), com a mensagem de corte de juros em junho, o que fez com que a curva tivesse um certo alívio a partir de quinta-feira (14). No entanto, há um pano de fundo de cautela diante da expectativa com os vetos ao congelamento dos reajustes dos servidores públicos até 2021 e com a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril na qual o presidente teria feito pressão para interferir na Polícia Federal, segundo o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro. Sobre o veto aos servidores, um desfecho pode vir do encontro virtual entre Bolsonaro com os governadores, que pode ocorrer em breve.

Na ata do Copom, o Banco Central debateu a eventual existência de um “limite efetivo mínimo” para a taxa básica de juros do Brasil e disse reconhecer a importância de “gradualismo na condução da política monetária” para avaliar a resposta dos preços de ativos financeiros às decisões. O Bacen também alertou que “possíveis alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas pode ameaçar o processo de queda dos juros estruturais”. Esse alerta é reforçado, segundo a ata, pela interação da deterioração do cenário externo com frustrações em relação à continuidade das reformas. O BC reiterou a intenção de promover novo corte da Selic e ressaltou que os próximos passos da política monetária dependerão do andamento da pandemia do novo coronavírus. “Para a próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica, o comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da covid-19”. “No entanto, reconhece que se elevou a variância do seu balanço de riscos e ressalta que novas informações sobre os efeitos da pandemia, assim como uma diminuição das incertezas no âmbito fiscal, serão essenciais para definir seus próximos passos”,

A atividade econômica no Brasil registrou forte retração em março. O IBC-Br registrou queda de 5,90%, quando os efeitos da pandemia de coronavírus sobre a economia se intensificaram. Em fevereiro, o indicador havia subido 0,32% (dado revisado). A baixa ficou dentro do intervalo projetado pelo mercado, que esperava resultado entre -8,63% e -3,60% (mediana em -6,00%),  mas a perspectiva é de piora nos próximos resultados e várias instituições financeiras voltaram a cortar suas projeções para o PIB. A queda de 2,5% das vendas no varejo de março, embora menor que a mediana das estimativas (-4,7%), também reflete um cenário de atividade fraca no País fortemente impactada pela pandemia do coronavírus e que ainda deve piorar.

O dólar encerrou a semana em alta de 1,70%, terminando em R$ 5,8390. No mês, a moeda acumula valorização de 7,36% e no ano, de 45,55%, com o real registrando o pior desempenho internacional ante a moeda americana nos dois períodos. O pedido de demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich, menos de um mês após assumir, aumentou a já grande incerteza política no País. Um dos temores do mercado é que o crescente risco político dificulte ainda mais a retomada da fraca atividade econômica.

Nos mercados internacionais, predominou a aversão a risco gerada pelo recrudescimento das tensões comerciais entre EUA e China. Donald Trump avisou que não renegociará acordo com a China e que a era da globalização acabou. As solicitações dos pedidos semanais de auxílio-desemprego nos EUA caíram, mas não tanto quanto esperavam analistas, o que reforçou a preocupação com a devastação da economia americana. Além disso, a maior queda mensal da história das vendas no varejo dos EUA afetou o humor, ainda que as indicações de avanço nos estudos para uma vacina contra o novo coronavírus tenham trazido algum alívio.

O presidente do Fed, Jerome Powell, declarou que medidas adicionais podem ser necessárias para evitar mais impactos na economia americana em função da pandemia do coronavírus, e que a autoridade monetária não está considerando, no momento, a implementação de juros negativos nos EUA. Ainda, a recuperação da economia pode demorar algum tempo, o que amplia os riscos de que problemas de liquidez se transformem em uma crise de solvência. Para evitar esse cenário, Powell defendeu o aumento de medidas fiscais.

Na Europa, os investidores mostraram mais otimismo sobre a possibilidade de retomada econômica, conforme vários países começam a relaxar restrições à circulação por causa da pandemia de coronavírus. A melhor percepção sobre a retomada da atividade foi apoiada pelo fato de que o Instituto de Controle de Doenças Robert Koch informou que a taxa de transmissão do coronavírus seguiu baixa após a flexibilização inicial das medidas de confinamento. Alguns indicadores, porém, mostram que o cenário ainda é complexo para a economia da região. O PIB da Alemanha recuou 2,2% no primeiro tri ante o anterior, a maior queda em 11 anos, com baixa de 2,3% na comparação anual. Na zona do euro, o PIB caiu 3,8% no primeiro tri de 2020 ante os três meses anteriores, com contração anual de 3,2%.


Semana de 18 a 22 de maio

A semana no Brasil tem agenda esvaziada de indicadores. Dessa forma, as atenções recaem sobre o desenrolar da cena política que sofreu novo revés no dia 15, com o pedido de demissão do agora ex-ministro da Saúde Nelson Teich e a leitura preliminar da confiança industrial deste mês. O dado antecedente ganha mais relevância, uma vez que, em uma conjuntura de incertezas, o mercado busca tatear a intensidade de retração da atividade econômica para projetar a velocidade de posterior recuperação.

Nos EUA, a agenda reserva os discursos do presidente do Fed, Jerome Powell, após ele ter dito recentemente que não vislumbra implementação de juro negativo nos Estados Unidos no momento, e que se a recuperação da economia demorar mais, amplia os riscos de que problemas de liquidez se transformem em uma crise de solvência. A primeira fala está marcada para terça, um dia antes da divulgação da ata da reunião do comitê de política monetária do Fed (Fomc), e a segunda, um dia depois.

Já na Europa, serão conhecidas as prévias dos índices PMI europeus de maio para os quais se espera ligeira melhora, refletindo o processo gradual de reabertura das economias da região.

Fonte: Broadcast

 

 

 

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa

Curvas de Juros do Tesouro Direto

Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos e Volatilidade da Renda Fixa: Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar e CDI

Características do Tesouro Direto: Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

Comportamento das Taxas para Renda Fixa - Tesouro Direto