Ainda que a cautela estivesse presente diante dos temores com a força da segunda onda de covid-19 no mundo, da desconfiança em relação aos planos para vacinar a população, dos rumores de pressão para prorrogação do auxílio emergencial e do estado de calamidade, dos ruídos políticos entre Executivo e Legislativo envolvendo o adiamento da apresentação da PEC Emergencial para 2021, bem como do Orçamento do próximo ano, das negociações emperradas por um pacote de estímulos nos EUA e das chances cada vez maiores de que União Europeia e Reino Unido não alcancem um acordo pós-Brexit rapidamente, muitas notícias positivas sustentaram a baixa.
Dentre elas, a expectativa de continuidade de entrada de fluxo de estrangeiros para a renda fixa, que teria tido grande participação no sucesso do megaleilão de títulos prefixados do Tesouro, num lote de 47,5 milhões absorvido integralmente, a informação de que o Butantan poderá produzir até 1 milhão de doses por dia de vacina contra a covid-19 e a confirmação da data da votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
A perspectiva de aperto monetário antes do esperado com a mudança na comunicação do Banco Central sinalizando o fim próximo do forward guidance, que indica manutenção da Selic estável, pesa em favor da percepção de entrada de recursos e também abriu espaço para devolução de prêmios.
A inflação medida pelo IPCA fechou novembro com alta de 0,89%, ante um avanço de 0,86% em outubro. O resultado ficou acima do intervalo das estimativas, que previa uma alta entre 0,70% e 0,85%, com mediana positiva de 0,78%. A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 3,13%. Em 12 meses, o resultado foi de 4,31%, acima do centro da meta de 4% para este ano. Ainda que tenha vindo acima das estimativas, a percepção do mercado é a de que a alta da inflação não é disseminada, que a difusão do índice diminuiu.
O dólar fechou a semana cotado em R$ 5,0461, acumulando queda de 1,5%, a quarta consecutiva em baixa e testando os menores valores desde 12 de junho. A forte entrada de fluxo externo continua contribuindo para valorizar o real, além da atuação mais firme do Banco Central no mercado via swap cambial. Em dezembro, o dólar acumula queda de 5,6%, mas no ano, ainda sobe 26%.
Semana de 14 a 18 de dezembro
A semana deve começar com o mercado avaliando a extensão das conversas entre Reino Unido e União Europeia por um acordo comercial após o Brexit.
Na agenda externa, o destaque é a decisão de política monetária do Fed na quarta-feira (16). A semana reserva também reunião do Banco da Inglaterra e do Banco do Japão. Ainda, serão conhecidos vários dados de atividade da economia chinesa.
No Brasil, as atenções estarão voltadas à votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) no Congresso, também na quarta. Antes, na terça-feira (15), o Copom divulga a ata da sua reunião de dezembro. A expectativa está sobre o forward guidance, após o alerta feito pelo comunicado de que as condições para sua manutenção podem não mais estar satisfeitas, caso prossiga o processo de convergência da inflação para as metas.
Na quinta-feira (17), o BC publica o Relatório Trimestral de Inflação (RTI). No calendário de indicadores, o IBC-Br sai na segunda (14). Na sexta (18), o BC traz a Nota do Setor Externo de novembro.