Influenciaram os curtos e contribuíram para o mercado reduzir as apostas numa alta agressiva da Selic no Copom de março:
- o desempenho fraco das vendas do varejo que caíram 6,1% em dezembro ante novembro, maior queda do segmento da história para o mês, bem pior do que a estimativa mais pessimista de 2%,
- a forte desaceleração da inflação em janeiro, com IPCA de 0,25%, abaixo da mediana das estimativas de 0,30% e perto do piso das projeções de 0,24%, ante um avanço de 1,35% em dezembro de 2020 e
- aprovação do projeto de autonomia do Banco Central na Câmara, sinalizando andamento da agenda de reformas.
Ajudaram a adicionar prêmio na parte longa:
- O revés na percepção sobre o risco fiscal, dada a falta de detalhamento sobre as fontes de financiamento ou como serão os cortes de despesa para bancar a retomada do auxílio emergencial sem furar o teto de gastos,
- a possibilidade de criação de um imposto temporário,
- os sinais de que o valor e a duração do pagamento do benefício em 2021 serão maiores do que o esperado pelo mercado,
- e dúvidas sobre a viabilidade política das contrapartidas fiscais embutidas nas duas PECs a serem encaminhadas ao Legislativo.
O volume de serviços prestados no País, praticamente estável em dezembro ante novembro de 2020, veio dentro do esperado e ficou em segundo plano, e o IBC-Br de dezembro, de 0,64%, acima da mediana de 0,30% e perto do teto do intervalo (0,70%), não alterou a aposta majoritária de aumento de 0,25 ponto porcentual da Selic no Copom de março.
O dólar teve uma semana de volatilidade forte no mercado doméstico, oscilando na casa dos R$ 5,30 a R$ 5,45, acumulou uma queda moderada de 0,21% e fechou cotado a R$ 5,3742 no mercado à vista. No ano, o dólar sobe 3,6% ante o real. Sem detalhes concretos de como o governo pretende reeditar e custear o programa de auxílio emergencial, a moeda brasileira operou descolada de seus pares no exterior, mesmo com certo alívio trazido por fluxos de ofertas de ações na B3.
No exterior, o núcleo do dado de inflação ao consumidor americano (CPI) em janeiro abaixo do esperado esfriou as apostas na antecipação do aperto monetário pelo Fed.
Semana de 17 a 19 de fevereiro
A grande expectativa do mercado é pela definição do programa de auxílio emergencial após o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar que sua equipe trabalhará durante o feriado em cima da proposta, de forma que o pagamento possa começar já em março.
Internamente, a agenda econômica é fraca, com possibilidade de divulgação dos dados da arrecadação.
No exterior, destaque para a divulgação da ata do Fed na quarta-feira (17), num momento em que esquenta a discussão sobre possíveis pressões inflacionárias que poderiam antecipar a normalização da política monetária do banco central americano. Antes, na segunda (15) e na terça (16), serão divulgados resultados preliminares do PIB do Japão e zona do euro referentes ao quarto tri.
Fonte: Broadcast