Contribuíram para uma semana de acúmulo de prêmios de risco:
- a elevação das expectativas para inflação pressionando as projeções para a Selic, com a curva a termo já precificando aperto monetário de 50 pontos-base ou mais em março e maio, mesmo com a desaceleração da inflação pelo IPCA-15 de fevereiro,
- a frustração com o andamento da PEC formulada para destravar o auxílio emergencial, cuja votação foi adiada e pode não oferecer contrapartidas ao gasto com o benefício,
- o aumento expressivo de casos de Covid-19 no Brasil pressionando por um programa maior de auxilio à população, o que pode piorar ainda mais a delicada situação fiscal brasileira,
- a percepção de ritmo mais lento que o esperado da agenda de reformas, ruídos políticos e crescimento das desconfianças em relação à política fiscal,
- a escalada do dólar em meio ao aumento da fuga de ativos de risco de emergentes,
- e a disparada do yield dos Treasuries, influenciada pelas preocupações sobre o rumo dos preços nos EUA, ainda que dirigentes do Fed continuem insistindo que a inflação não é uma preocupação e que as políticas acomodatícias devem continuar.
O dólar fechou fevereiro cotado a R$ 5,6055 no mercado à vista, com valorização de 2,4% no mês e de 8% no ano, o que mantém a moeda brasileira com o pior desempenho entre os pares emergentes em 2021. Em uma semana tensa, o dólar acumulou alta de 4,09%, a maior desde a primeira semana do ano, mesmo com a intervenção do BC.
Os principais condutores foram:
- o episódio de ingerência do presidente Bolsonaro na troca do presidente da Petrobras,
- ruídos políticos e persistência da incerteza fiscal,
- fuga global do risco,
- e preocupação da elevação das taxas de retorno dos títulos do Tesouro americano.
Semana de 01 a 05 de março
A grande expectativa do mercado é a votação, prevista para quarta-feira (03), da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que vai permitir o pagamento de nova rodada do auxilio emergencial.
Na agenda de indicadores, o destaque local é a divulgação do PIB brasileiro do quarto tri e de 2020 na quarta-feira. Na sexta-feira (05), será divulgada a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) de janeiro.
No exterior, as atenções seguem direcionadas ao comportamento dos Treasuries e a tudo que possa sinalizar eventuais pressões de preços com potencial para antecipar movimentos de normalização da política monetária nos EUA. Por isso, os vários discursos de dirigentes do Fed ao longo da semana serão monitorados e na sexta-feira, o relatório de emprego referente a fevereiro com os dados do payroll estará no radar.
Fonte: Broadcast