A postura defensiva do mercado voltou a prevalecer com:
- preocupação com a perda de apoio político do governo no Congresso após o discurso feito pelo presidente da Câmara, Arthur Lira,
- a pressão sobre o cenário fiscal com o apelo de governadores por um valor maior do auxílio emergencial,
- colapso do sistema de saúde e medidas de restrição à circulação e ao comércio cada vez mais duras, gerando temores sobre o descontrole de gastos,
- a aprovação do Orçamento no Congresso enfraquecido do ponto de vista fiscal, com um volume maior de repasses para emendas parlamentares,
- o efeito negativo da intervenção do presidente da Turquia na troca do comando do Banco Central do país que penalizou de forma generalizada os ativos emergentes,
- o dólar renovando máximas acima de R$ 5,75,
outros fatores suavizaram o movimento ao longo da semana:
- o noticiário positivo sobre vacinas contra covid-19 anunciado pelos governos federal e de São Paulo,
- a sinalização do presidente do BaCen, Roberto Campos Neto, de que a normalização total da Selic no horizonte de curto prazo não deve levá-la até o nível neutro,
- os números fortes da arrecadação de fevereiro, o melhor resultado para o mês da série histórica da Receita Federal,
- a redução drástica da oferta de títulos para o financiamento da dívida publica como forma de evitar pressão sobre os DIs e não sancionar prêmios muito elevados.
O dólar à vista encerrou a sexta-feira (26) cotado a R$ 5,7413, acumulando alta de 4,67% na semana e mais de 10% no ano, refletindo:
- o avanço do rendimento dos títulos do Tesouro americano com prazos de vencimento mais longos,
- o agravamento da pandemia no Brasil, dentro do entendimento de que serão requeridos mais gastos,
- a indicação pelo BC de que o ritmo de normalização da política monetária não deve ser tão forte como estava sendo precificado,
- além de sinais de fluxo negativo.
Semana de 29 de março a 01 de abril
No Brasil, a agenda econômica tem o IGP-M de março na terça-feira (30), além dos dados do Caged e do Governo Central de fevereiro. A taxa de desemprego de janeiro e os números do setor público consolidado de fevereiro serão conhecidos na quarta-feira (31), enquanto os dados de produção industrial de fevereiro e os da balança comercial de março, na quinta-feira, dia 1º de abril.
No exterior, destaque na agenda para o relatório de emprego nos EUA deste mês, que servirá de termômetro para a percepção dos agentes sobre a inflação. O documento, além do nível da taxa de desemprego, traz ainda o saldo líquido de vagas do mercado de trabalho e o comportamento dos salários.
Fonte: Broadcast