Contribuíram para o comportamento da curva:
- as incertezas em relação aos ajustes no Orçamento de 2021 aprovado no Congresso com bilhões em emendas parlamentares, por ser considerado inexequível dentro do teto de gastos,
- o desempenho negativo do real, com o dólar chegando a bater em R$ 5,80,
- o avanço do petróleo que pode suscitar novos reajustes nos preços internos de combustíveis,
- o retorno dos Treasuries de 10 anos voltando a superar 1,7%,
- os receios com a evolução da covid-19 em meio aos sucessivos recordes diários de casos e mortes no País, na medida em que pode exigir mais ajuda do governo e retardar a reabertura das atividades e a retomada da economia,
- além dos ruídos políticos em meio a troca de ministros e cobrança do mercado e sociedade por respostas à crise sanitária e econômica.
A curva tem precificado maior chance de alta de 100 pontos-base da Selic em maio, e nos dias de maior estresse no mercado a possibilidade de um aumento de 125 p.b também aparece.
O dólar encerrou a semana cotado a R$ 5,7153 no mercado à vista, voltando a acumular alta superior a 10% no ano. O mercado tomou posição defensiva apoiado:
- no impasse em relação aos ajustes no Orçamento de 2021 que subestima despesas obrigatórias e aumenta emendas parlamentares,
- na expectativa de que dados mais fortes do mercado de trabalho americano possam pressionar os juros dos Treasuries,
- no caos sanitário no País em meio ao auge da pandemia de covid-19 na qual o ritmo de vacinação é lento,
- além do tombo visto na Pesquisa Industrial Mensal (PMI) de fevereiro que adiciona cautela sobre a recuperação econômica.
Semana de 05 a 09 de abril
A questão do Orçamento de 2021 seguirá no radar do mercado, na medida em que o corte de R$ 10 bilhões em emendas proposto pelo relator Márcio Bittar foi visto como insuficiente para recompor o valor das despesas obrigatórias subestimado na peça aprovada pelo Congresso. Do mesmo modo, o noticiário em torno da Covid será monitorado de perto. Os sucessivos recordes no número de casos e de mortes, o colapso do sistema de saúde e o atraso no cronograma de vacinação colocam em xeque a possibilidade de afrouxamento das regras mais rígidas de restrição de mobilidade e fechamento de comércio e serviços pelo País.
Na agenda de indicadores, o destaque é o IPCA de março na sexta-feira (9).
No exterior, as atenções se voltam para a divulgação da ata do Fed na quarta-feira (07). A expectativa é que o documento possa trazer detalhes da avaliação dos diretores a respeito da inflação, num cenário de economia americana em aceleração em meio ao ritmo forte da vacinação contra Covid e pacotes de estímulos fiscais.
Fonte: Broadcast