Uma combinação de fatores ajudou na devolução de prêmios acumulados nos DIs nas últimas semanas pela piora do risco fiscal e também externo:
- a fala do presidente da Câmara, Arthur Lira, sinalizando que haverá uma solução sem ruptura do teto de gastos para o orçamento de 2021 e otimista em relação ao andamento das reformas,
- o aumento das apostas de que a Selic pode subir 75 bps em maio após reafirmações para este cenário feitas pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e outros membros do Copom, com ajuste parcial da taxa básica,
- o ambiente de menor tensão com a pandemia, a despeito da lentidão no ritmo da vacinação no Brasil, com a informação de que o Estado de São Paulo irá flexibilizar algumas restrições diante da queda no número de internações por Covid-19,
- as apostas em aceleração do ritmo de alta para 1 ponto porcentual no Copom de maio arrefecendo,
- a influência positiva do exterior, a partir de dados econômicos positivos da China,
- e declarações otimistas do presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizando manutenção de estímulos e tolerância de inflação um pouco mais alta,
- o alívio no câmbio e yields dos Treasuries mais comportados,
- e o forte apetite do mercado tanto por NTN-B como por prefixados, como LTN, absorvendo os lotes maiores ofertados pelo Tesouro.
O dólar no mercado à vista encerrou a semana cotado em R$ 5,5848, acumulando baixa de 1,6%, a maior das últimas quatro semanas, com a valorização da moeda americana caindo para 7,6% no ano, bem abaixo do que foi no pior momento de 2021 até agora, em meados de março, quando chegou a subir 12%.
Contribuíram para o dólar encerrar em queda ante o real, mesmo com o impasse no orçamento de 2021 e os crescentes ruídos políticos:
- o aumento da busca por ativos de risco no exterior,
- a entrada de fluxo externo para o Brasil, financeiro e de exportação,
- a desaceleração dos retornos dos Treasuries de longo prazo, com o rendimento da T-Note de dez anos chegando a cair para 1,53%, o menor nível em mais de 30 dias, distante do pico de 1,73% de meados de março,
- os dados fortes de atividade da China: PIB do primeiro tri, vendas no varejo e produção industrial em março,
- e declarações otimistas do presidente da Câmara, Arthur Lira, sinalizando que a questão do orçamento de 2021 será resolvida “sem rupturas”, além de declarar mais de uma vez que as reformas vão andar.
Semana de 19 a 23 de abril de 21
As atenções estarão concentradas na solução para a questão do Orçamento de 2021, que tem como prazo final para a sanção presidencial o dia 22 de abril. O texto aprovado pelo Congresso em 25 de março teve despesas obrigatórias subestimadas para acomodação de emendas parlamentares e, se sancionado como está, poderá configurar crime de responsabilidade fiscal.
Já a agenda de indicadores é mais fraca, marcada pelo feriado nacional em homenagem a Tiradentes, na quarta-feira (21), quando os mercados locais estarão fechados.
Em destaque no exterior está a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira (22). São previstos também vários PMIs nas prévias de abril nos EUA e Europa.
Fonte: Broadcast