Os condutores do movimento da curva foram:
- as preocupações com o impacto da variante delta do coronavírus, altamente contagiosa, que pode provocar uma desaceleração econômica global com efeitos deflacionários, tornando necessária a manutenção dos estímulos monetários pelo mundo,
- o desconforto com o cenário político, com temor de dificuldades no andamento da agenda de reformas em função da possibilidade de veto ao fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO),
- a mudança ministerial que dá mais poder ao Centrão, numa tentativa de melhorar as relações entre Executivo e Senado,
- sinais ‘dovish’ vindos do BCE que indicou que terá de manter sua política monetária em níveis estimulativos diante das ameaças da variante delta sobre a economia,
- a expressiva desaceleração da segunda prévia do IGP-M de julho (0,72%), ante 1,27% na mesma leitura de junho,
- e o IPCA-15 de julho (0,72%), que superou a mediana das estimativas (0,65%) e trouxe preços de abertura considerados bastante negativos, desencadeando uma série de revisões para cima na inflação e Selic.
A leitura é de que o quadro para a inflação é ruim e exigirá um esforço maior do Banco Central para evitar a contaminação das expectativas.
As apostas de aceleração no ritmo de aperto da taxa básica para 1 pp nas reuniões do Copom de agosto e setembro, que vinham perdendo força nos últimos dias, voltaram a ser amplamente majoritárias.
O dólar à vista encerrou a semana com valorização de 1,86%, cotado a R$ 5,2105. Em julho, a alta acumulada é de 4,77%.
Os fatores que influenciaram as máximas e mínimas da moeda americana foram:
- o eventual impacto da disseminação da variante Delta do coronavírus sobre o crescimento global,
- a perspectiva de que uma Selic mais elevada poderia aumentar o diferencial de juros local e externo, gerando mais atratividade para operações de carry trade,
- a preocupação com a questão fiscal diante do avanço do Centrão, que pode agravar a pressão por gastos,
- e a alta de 0,72% do IPCA-15 de julho, que apesar de ter desacelerado em relação a junho (0,83%), veio acima das expectativas, de 0,65%, com aceleração do segmento de serviços, mais sensível ao ritmo da atividade econômica.
Semana de 26 a 30 de julho
No Brasil, são esperados para ao longo da semana a Nota do Setor Externo e os dados do Caged de junho, além da Pnad Contínua de maio. A agenda contempla, ainda, os dados fiscais do mês passado. Na sexta (30), a Aneel informa qual bandeira tarifária de energia vai vigorar em agosto.
No exterior, o ponto alto da agenda econômica é a reunião de política monetária do Fed, na quarta-feira (28), com entrevista coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell, na sequência do encontro. Ainda nos EUA, saem o resultado do PIB do segundo tri na quinta-feira (29) e a medida de inflação preferida do Fed, o índice de preços de gastos com consumo (PCE) relativo a junho, na sexta (30).
Fonte: Broadcast