Outros fatores que também contribuíram para o aumento do prêmio de risco na curva de juros foram:
- a indicação do presidente Bolsonaro de que vai pedir impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF),
- as preocupações com a disseminação da variante delta do coronavírus e seus impactos, sobretudo nas grandes economias como a da China, que já apresentou dados fracos de indústria e varejo em julho,
- as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizendo que a autoridade monetária fará o que for preciso para colocar a inflação na meta,
- a grande repercussão da decisão da consultoria Eurasia de rebaixar a trajetória de longo prazo do Brasil de neutra para negativa,
- a sinalização do Fed em ata de política monetária que poderá começar a reduzir suas compras de ativos (tapering) antes do fim do ano,
- a decisão do Tesouro de antecipar o anúncio do edital do leilão e ofertar lotes mínimos de títulos prefixados,
- e membros do governo e da equipe econômica defendendo a responsabilidade fiscal.
O dólar à vista fechou a semana em alta de 2,66%, cotado a R$ 5,3848, acumulando valorização de 3,36% em agosto.
Os vetores que influenciaram os preços da moeda americana foram:
- a forte insegurança do mercado com o quadro fiscal, político e institucional do Brasil,
- com temores de não cumprimento do teto de gastos em meio aos debates sobre a PEC dos Precatórios, a reforma do Imposto de Renda e reajuste do Auxílio Brasil,
- os sinais da equipe econômica de comprometimento com a manutenção do teto de gastos,
- a cautela com as novas medidas da China de regulação ao setor de tecnologia, a queda do petróleo e ecos da ata do Fed,
- as preocupações com o impacto da variante delta de coronavírus na atividade mundial e conflitos geopolíticos,
- e as declarações do presidente da distrital do Fed de Dallas, Robert Kaplan, tido como ‘hawkish”, que pode mudar de opinião quanto ao início da redução de estímulos monetários (‘tapering’) em outubro deste ano por conta das incertezas provocada pelo avanço da variante Delta.
Semana de 23 a 27 de agosto
No Brasil, o IPCA-15 de agosto na quarta-feira (25) é um dos principais pontos da agenda da semana. Ainda na quarta-feira, a nota do setor externo de julho e, na sexta-feira (27), tem a nota de crédito do BC de julho, geração de emprego formal em julho pelo Caged e a Aneel divulga a bandeira tarifária de setembro.
A agenda internacional tem como destaque o Simpósio de Jackson Hole do Fed que começa na sexta-feira, e que tem em sua programação discurso do presidente da autoridade, Jerome Powell. Na quinta-feira (26), o BCE publica a ata e saem os pedidos de auxílio-desemprego e PIB dos EUA do 2º tri (segunda leitura). Na sexta-feira é a vez do índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos EUA, medida de inflação preferida do Fed.