Uma combinação de fatores levou o mercado a ficar mais cético sobre uma possível desaceleração do ritmo de aperto monetário nas próximas reuniões do Copom e viu diminuir as chances de afrouxamento ainda em 2022:
- a criação de vagas nos EUA ficou abaixo do previsto, mas a revisão de meses anteriores, a queda na taxa de desemprego e o aumento de salários reforçaram a ideia de um aperto monetário mais rápido e intenso nos EUA,
- o avanço dos yields dos Treasuries, com a taxa da T-Note de dez anos se aproximando de 1,80% nas máximas, na esteira do aumento das apostas na antecipação do início do ciclo de aperto monetário nos EUA,
- a produção industrial e o IGP-DI abaixo do consenso,
- o primeiro leilão do Tesouro em 2022 com estreia da NTN-F para 2033,
- a ata do Fed com dirigentes afirmando “que pode ser preciso elevar os juros mais cedo e a ritmo mais rápido” além de considerar apropriado reduzir o balanço patrimonial logo após o processo de aperto,
- o artigo do ex-ministro Guido Mantega que sinalizaria uma continuidade de políticas econômicas dos governos petistas anteriores,
- a retomada das altas nos preços das commodities, o que deve pressionar a inflação no curto prazo,
- a falta de perspectiva de andamento das reformas em ano eleitoral,
- as declarações do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, sobre possível revisão do teto dos gastos do governo,
- a percepção de que a variante Ômicron da Covid-19 trará impacto econômico limitado,
- o aumento da pressão de servidores públicos por reajuste salarial,
- e manobras do governo para não compensar, junto ao INSS, a desoneração da folha de pagamentos.
O dólar à vista fechou o pregão de sexta-feira (7) a R$ 5,6315, terminando a semana com valorização de 1,00%.
Teriam contribuído na movimentação dos preços da moeda americana:
- a divulgação do relatório de emprego (payroll) nos EUA em dezembro,
com leitura de robustez do mercado de trabalho já se aproximando do pleno emprego e ratificando o recado duro da ata do Fed, de que deve subir os juros ainda no primeiro tri, - as preocupações com a questão fiscal doméstica, em razão da reivindicação de reajuste salarial pela elite do funcionalismo federal,
- e as operações fechadas de captação externa de Banco do Brasil (US$ 500 milhões) e Globo Comunicação (US$ 400 milhões).
Semana de 10 a 14 de janeiro
O destaque da agenda doméstica é o IPCA de dezembro e de 2021 na terça-feira (11). A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) serão divulgadas na quinta-feira (13) e na sexta-feira (14) respectivamente.
No exterior, tem a inflação ao consumidor (CPI) da China. Na quarta-feira (12) serão divulgados o CPI dos EUA e a produção industrial da zona do euro. Quinta-feira tem PPI e pedidos de auxílio-desemprego nos EUA, e também discursos de vários dirigentes do Fed. A semana termina com balança industrial da China na sexta-feira, produção industrial do Reino Unido, balança comercial da zona do euro, vendas no varejo e produção industrial dos EUA.