Fatores que contribuíram para a abertura das taxas:
- os sinais de bancos centrais da Europa e EUA sobre a necessidade de serem mais hawkish com suas políticas monetárias ante às pressões inflacionárias,
- a decisão do governo de dar reajuste linear de 5% para todos os servidores públicos a partir de julho, trazendo mais risco fiscal por custar mais do que o reservado inicialmente a reajustes no Orçamento,
- a escalada dos yields dos Treasuries, com o da T-Note de dez anos atingindo máximas acima de 2,80%,
- a inflação ao produtor nos EUA em março acima das previsões, consolidando a ideia de aceleração no ritmo de elevação do juros pelo Fed em maio,
- os dados fracos de importação da China, levantando questões sobre a economia do país,
- a percepção de que a guerra da Rússia contra a Ucrânia segue persistente sustentando os preços do petróleo,
- os comentários da diretora do Fed indicada à vice-presidência, Lael Brainard, que chegou até a considerar a desaceleração do núcleo do CPI, que avançou 0,3% na margem abaixo das projeções do mercado de 0,5% “digna de nota”, mas também disse que o Fed conduzirá um aperto “metódico, com uma série de altas” nos juros,
- e as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que a inflação por aqui está muito alta, assim como os núcleos, e que o BC está “analisando a surpresa no IPCA para ver se muda algo na tendência”, e que foram interpretadas como um primeiro ajuste na comunicação sobre o plano de voo da política monetária, depois da surpresa negativa do IPCA de março.
Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:
- a queda de 0,2% do volume de serviços prestados no Brasil em fevereiro, abaixo do piso das estimativas de 0,3%, reforçando um cenário de atividade fraca,
- e a continuação da greve dos servidores do Banco Central, uma vez que as tentativas de acordo com o governo não tiveram avanço.
A conferir:
- a dinâmica inflacionária e as reações por parte dos bancos centrais,
- e os desdobramentos da decisão do governo de conceder aumento linear de 5% aos salários do funcionalismo público. O custo aos cofres públicos é estimado em R$ 6,3 bilhões, mas o orçamento só reservava R$ 1,7 bilhão a reajustes este ano.
O dólar no mercado à vista fechou o pregão da quinta-feira (14) cotado a R$ 4,6963, encerrando a semana com queda de 0,27%. No acumulado do mês, ainda apresenta perda de 1,36%.
Os vetores que influenciaram a taxa de câmbio foram:
- o fortalecimento global da moeda americana, após o BCE decidir não alterar os juros e sinalizar possível manutenção até setembro, na contramão da perspectiva de aceleração do aperto monetário nos EUA em maio e ao longo deste ano,
- as preocupações com as contas públicas, em meio à proposta do governo de reajuste de 5% para todo o funcionalismo público, que supera a previsão de recursos no orçamento deste ano (R$ 1,7 bilhão) para correção salarial, a princípio apenas para as categorias federais de segurança pública,
- os dados de varejo e pedidos de auxílio-desemprego americanos piores que o esperado,
- os novos relatos de ingressos de recursos para a renda fixa e vendas de exportadores,
- e a possibilidade de uma Selic final mais alta garantindo a atratividade para operações de carry trade.
Agenda de indicadores e eventos de 18 a 22 de abril
Semana mais curta para o mercado doméstico, que estará fechado na quinta-feira (21), feriado em homenagem a Tiradentes.
No exterior, o destaque é a Reunião Anual do FMI e do Banco Mundial, entre 18 e 24 de abril, do qual participará o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Segunda-feira (18): o IGP-10 de abril,
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa do painel “Money at a Crossroad: Public or private digital money?”, promovido pelo FMI.
Terça-feira (19): os resultados da segunda quadrissemana do IPC-S.
Quarta-feira (20): IPC-Fipe e o Livro Bege do Fed.
Quinta-feira: o índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro em abril.