Outros fatores que ampararam a alteração de inclinação da curva de juros foram:
- as declarações “hawkish” do presidente do Fed, Jerome Powell, que acenou com um ajuste monetário mais rápido e intenso nos EUA para se contrapor ao avanço da inflação,
- a declaração da secretária de Tesouro dos EUA, Janet Yellen, de que a inflação “seguirá conosco por mais um tempo”,
- o desconforto com a possibilidade de uma crise institucional, após o presidente Bolsonaro conceder graça institucional (perdão judicial) ao deputado federal Daniel Silveira, que havia sido condenado pelo STF,
- a diminuição das apostas de alta da Selic nas reuniões do Copom além de maio,
- as incertezas quanto ao ritmo da economia da China. A avaliação é que a situação no país asiático deve piorar no segundo tri, na esteira do avanço da covid-19 e de restrições,
- o avanço dos juros dos Treasuries, com a T-Note de 10 anos chegando a bater o maior nível em três anos,
- a contínua preocupação com a inflação global e as persistentes tensões derivadas da invasão da Rússia à Ucrânia,
- e as revisões do FMI para o crescimento mundial, reduzindo a previsão de expansão global de 4,4% para 3,6% este ano, considerando o efeito negativo da guerra para a inflação e também para a atividade.
Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:
- a pressão por aumentos salariais de servidores, que recusaram o aumento linear de 5% proposto pelo governo,
- a suspensão da greve dos servidores do Banco Central por duas semanas,
- e a aceleração da inflação medida pelo IGP-M a 1,85% na segunda prévia de abril, de 0,90% na mesma leitura de março, pressionada especialmente pela disparada de mais de 8% nos preços da gasolina.
Como contraponto a limitar uma abertura ainda mais forte:
- os preços do petróleo caíram quase 5% na semana.
A conferir:
Novos sinais do Copom de que a alta da Selic em maio seria a última, além de dados de inflação.
O dólar no mercado à vista fechou o pregão da sexta-feira (22) no maior patamar em quase um mês (24/03), cotado à R$ 4,8051, levando o Banco Central a intervir vendendo divisa para retirar pressão do real. Na semana, o dólar acumulou uma alta de 2,32%. No mês, sobe 0,92%.
Os vetores que influenciaram o preço da moeda americana foram:
- o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, lido pelo mercado como hawkish, no sentido de que o aperto maior nos juros, de 50 pontos, deve vir já na próxima reunião, com possibilidade de ser seguido nos próximos encontros,
- o reforço também da sinalização de um Fed mais agressivo, a entrevista concedida pela secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, admitindo que a inflação “seguirá conosco por mais um tempo”,
- a crise institucional instaurada entre os poderes após o indulto concedido pelo presidente Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira, condenado por ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF),
- e as sinalizações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e Fernanda Guardado (diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos) de que o ciclo de elevação de juros deve de fato terminar em breve.
Agenda de indicadores e eventos de 25 a 29 de abril
Terça-feira (26): a retomada da divulgação do Boletim Focus. Nos EUA, saem as encomendas de bens duráveis, vendas de moradias novas, índice de confiança do consumidor e estoques API de petróleo.
Quarta-feira (27): o IPCA-15, o IPC-Fipe de abril e o relatório da dívida do Tesouro. Na Alemanha será divulgado o índice GFK de confiança do consumidor, e nos EUA saem as vendas pendentes de imóveis e estoques de petróleo.
Quinta-feira (28): os números do Governo Central de março, Caged de março e o IGP-M de abril. A decisão de política monetária do Banco do Japão (BoJ), inflação ao consumidor (CPI) da Alemanha, PMI industrial da China, enquanto os EUA revelam os pedidos de auxílio-desemprego e o PIB do 1º tri na segunda leitura.
Sexta-feira (29): a Pnad Contínua e definição da bandeira tarifária de energia elétrica. Serão conhecidos os números do PIB da França, Espanha, Itália, Alemanha, México e zona do euro, além do CPI da zona do euro. Nos EUA, saem renda pessoal e sentimento do consumidor da Universidade de Michigan. O BC da Rússia anuncia sua decisão de política monetária.