Fatores que contribuíram para a queda das taxas:
- o IPCA-15 de 1,73% em abril, a taxa mais alta para um mês desde fevereiro de 2003, mas abaixo dos 1,82% que era a mediana. A taxa em 12 meses ficou em 12,03% e também abaixo da mediana (12,14%) das projeções,
- e a melhora de percepção com a China, após promessa de aumento dos esforços para conter o atual surto de covid-19 e, ao mesmo tempo, impulsionar o crescimento.
Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:
- a desaceleração do IGP-M de abril para 1,41%, de 1,74% em março, ficando perto do piso das estimativas,
- a arrecadação de impostos e contribuições federais em março e o Caged de 136.189 vagas líquidas abertas, ambos superando a mediana,
- e o déficit do Governo Central de R$ 6,304 bilhões mais baixo que o consenso.
Fizeram o contraponto mas não impediram o fechamento da curva:
- a alta dos retornos dos Treasuries e do dólar diante da percepção de que os juros dos EUA subirão a um ritmo mais intenso,
- o temor do mercado quanto à inflação e à atividade global,
- a persistência da crise geopolítica no Leste Europeu,
- e a resistência do petróleo acima de US$ 100.
A conferir:
- Se no comunicado do BC haverá alguma indicação sobre se o ciclo de alta chegou ao fim ou se vai deixar a porta aberta,
- e o que virá na comunicação que acompanha a decisão do Fed. No CME Group, a ferramenta que monitora a expectativa para a taxa de juros básica dos EUA, aponta para uma probabilidade de quase 90% de que o Fed aumente o juro em 75 pontos-base na sua reunião de política monetária marcada para junho.
O dólar à vista encerrou a sessão de sexta-feira (29) cotado a R$ 4,9427, terminando a semana em alta de 2,86% e abril com valorização de 3,81%. No ano, a divisa ainda acumula baixa de dois dígitos (-11,36%).
Os vetores que conduziram as trocas de sinal da moeda americana foram:
- a perspectiva de alta mais intensa e rápida nos EUA, amparada na fala hawkish do presidente do Fed, Jerome Powell,
- a escalada da guerra na Ucrânia e aumento das tensões entre Ocidente e Rússia, que cortou fornecimento de gás para Polônia e Bulgária,
- os temores de uma desaceleração mais forte da economia chinesa, dadas as medidas restritivas para conter a covid-19,
- a desaceleração do fluxo de recursos estrangeiros para ativos locais, em meio ao ambiente externo mais conturbado,
- e a divulgação de dados do PIB e de inflação da zona do euro, que vieram em linha com as expectativas.
Agenda de indicadores e eventos de 02 a 06 de maio
Segunda-feira (02): o Relatório Focus, o IPC-S, os dados do IBC-Br de fevereiro e o resultado fiscal do mesmo mês. Também serão publicados os índices de gerentes de compras industriais (PMIs) do Brasil, da zona do euro e dos EUA, todos relativos a abril.
Terça-feira (03): será a vez da produção industrial brasileira em março e de diversos indicadores econômicos internacionais, como as encomendas à indústria dos EUA e o PPI de março da zona do euro. Ainda, o discurso da presidente do BCE, Christine Lagarde.
Quarta-feira (04): o IPC-Fipe de abril, a decisão de política monetária do Fed seguida de coletiva de imprensa do seu presidente, Jerome Powell, e PMIs de serviços e composto de abril dos EUA, zona do euro, Alemanha e China.
Quinta-feira (05): a decisão de política monetária do Banco da Inglaterra (BoE) e a reunião ministerial da Opep+.
Sexta-feira (06): o IGP-DI e a publicação do payroll de abril dos EUA.