Os principais vetores baixistas foram:

• as declarações mais dovish do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, passando a leitura para o mercado de que o ciclo deve se estender menos do que se esperava, e que a taxa básica permanecerá em patamar elevado por um período prolongado antes de começar a cair,
• a perspectiva de desinflação, caso seja aprovado o projeto de lei complementar para reduzir o ICMS de energia, combustíveis, telecomunicações e transporte público,
• o corte de juros promovido pelo Banco Central da China reforçando políticas estimulativas para apoiar a economia,
• o alívio no câmbio,
• o recuo nos rendimentos dos Treasuries,
• o IGP-M arrefecendo a 0,39% na segunda prévia de maio, de 1,85% na mesma leitura de abril, com todos os componentes do índice desacelerando no período,
• O IGP-10, que desacelerou fortemente em maio a 0,10%, de 2,48% em abril, bem abaixo da mediana das estimativas, de 0,22%,
• e o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, de que o consenso dos membros do FOMC é de um aumento de 50 pontos-base em junho, e não acima disso.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

• O superávit primário do Brasil em R$ 4,312 bilhões em março, muito melhor que a mediana das estimativas, que era de déficit de R$ 3 milhões. 

Fizeram o contraponto mas não impediram a retirada de prêmios da curva:

• a retomada de lockdowns na China reforçando o risco de recessão global,
• e a divulgação de dados preocupantes de preços na zona do euro e o maior nível de inflação no Reino Unido nos últimos 40 anos.

A conferir:

• a possível votação do projeto de desoneração de ICMS para combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte público na Câmara, que, caso aprovado, pode tirar pressão da inflação,
• e a movimentação das apostas para a Selic terminal, com a curva projetando 0,50 pp para o Copom de junho, e consenso de elevação de 0,25 ponto em agosto. 

O dólar à vista terminou a sessão da sexta-feira (20) cotado a R$ 4,8740, encerrando a semana com perdas 3,63%, acumulando desvalorização de 1,39% em maio e 12,59% no ano.

Os fatores que influenciaram as alterações no preço da moeda americana foram:

• o corte do juro de longo prazo na China visando frear a desaceleração da economia,
• a possibilidade de aumento nos juros na zona do euro no início do terceiro tri, conforme a ata do Banco Central Europeu (BCE),
• o recuo das taxas dos Treasuries,
• o temor do impacto da elevação dos juros pelos bancos centrais sobre a atividade,
• o receio de recessão nos EUA,
• e o ingresso de fluxo de investidores estrangeiros no mercado local.

Agenda de indicadores e eventos de 23 a 27 de maio

Segunda-feira (23): a reunião trimestral de economistas com o BC.

Terça-feira (24): a divulgação do IPCA-15 de maio.  

Quarta-feira (25): a publicação da ata referente à última reunião de política monetária do Fed.

Quinta-feira (26): o PIB dos EUA final do primeiro trimestre.

Sexta-feira (27): a definição da bandeira tarifária de energia elétrica de junho e os dados de renda e gastos com consumo (PCE) norte-americanos, incluindo o índice de inflação, referentes a abril.