A persistente preocupação com o rumo das contas públicas ganhou força essa semana:
- com declarações de candidatos às presidências da Câmara e Senado apoiados pelo governo em defesa da prorrogação do auxílio e flexibilização do teto de gastos,
com o andamento do processo de vacinação contra Covid-19 no Brasil, considerado lento, em meio ao agravamento da pandemia,
- e queda da popularidade do Presidente do País aparecendo nas pesquisas e endossando o temor de medidas populistas.
O Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa básica de juros em 2,00% a.a como era esperado. Reiterou que o fim do forward guidance, uma indicação técnica de que os juros não subiriam desde que a inflação seguisse em patamares baixos, não implica mecanicamente uma elevação da taxa de juros. Avaliou que essas condições deixaram de ser satisfeitas, já que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico estão suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária. A retirada da prescrição futura do comunicado levou parte do mercado a antecipar as projeções de início de aperto monetário para o primeiro semestre deste ano, com a curva de juro a termo passando a precificar chance de alta da Selic em março.
O Índice de Atividade do Banco Central (IBC-Br), visto como uma prévia para o PIB, que subiu 0,59% em novembro ante outubro, acima da mediana estimada de 0,50%, foi monitorado mas ficou em segundo plano.
O dólar fechou a semana cotado a R$ 5,4790 no mercado à vista, acumulando valorização de 3,30% ante o real. O processo lento e a falta de insumos para vacinação, mais o crescimento dos casos de covid-19 contribuindo para ampliar a pressão em Brasília por mais medidas emergenciais e amplificando as crescentes preocupações com piora adicional das contas fiscais brasileiras, bem como o aumento das restrições à mobilidade como as anunciadas pelo governo de São Paulo podendo retardar a recuperação da atividade econômica regional e do País influenciaram o movimento.
Semana de 25 a 29 de janeiro
Na agenda doméstica, destaque para a divulgação da ata do Copom na terça-feira (26). O mercado espera ver detalhes sobre a retirada do forward guidance, segundo a qual os juros seguiriam em níveis extremamente baixos desde que cumpridas determinadas condições que, segundo o comunicado da reunião, agora deixaram de ser satisfeitas. Haverá ainda divulgação do IPCA-15 de janeiro, Nota do Setor Externo e dados fiscais.
O noticiário em torno da vacinação contra a Covid-19 e eventuais novos apertos nas regras de restrição pelo País, a exemplo do que anunciou o governo de São Paulo seguem no radar.
A movimentação em Brasília na reta final antes da eleição para as presidências da Câmara e Senado no dia 1º de fevereiro serão monitoradas, bem como o tema das contas públicas, sobretudo após a manifestação dos candidatos ao comando das Casas no Congresso em defesa da retomada do auxílio emergencial.
No exterior, o mercado continuará acompanhando a situação da segunda onda do coronavírus que penaliza em grande escala a Europa e os EUA. Na agenda, o destaque é o dado preliminar do PIB americano no quarto tri na quinta-feira (28).