Os juros futuros disparam ao longo de toda a curva refletindo essencialmente:
- o IPCA de fevereiro acima do teto das estimativas (0,86%, contra 0,80%, respectivamente) e nova rodada de elevação das projeções de inflação em 2021,
- fortalecimento dos juros dos Treasuries nos EUA, levando o T-note de 10 anos a chegar a superar 1,63% após dados positivos da economia americana e aprovação do pacote de estímulos de US$ 1,9 trilhão renovarem as apostas de alta da inflação e preocupação com aperto monetário,
- o desconforto com os desdobramentos da crise sanitária interna (colapso do sistema de saúde, lento processo de vacinação, novas medidas de restrição à mobilidade e recorde diários de mortes por covid-19), piorando a percepção do mercado em relação à retomada econômica e criando temores sobre a necessidade de aumentar ainda mais os gastos para lidar com os efeitos da pandemia,
- preocupação com a anulação das condenações do ex-presidente Lula na Lava Jato, que o torna apto a disputar as eleições para presidente em 2022, e que pode acelerar uma tendência populista do atual governo, bem como antecipar a campanha eleitoral e dessa forma atrapalhar a agenda de reformas.
O movimento foi limitado pela aprovação em segundo turno da PEC Emergencial na Câmara, ainda que com alguma desidratação, e a oferta pequena do Tesouro nos prefixados longos.
O mercado segue ajustando a aposta de um ciclo mais agressivo de aperto monetário este ano, e a chance de alta de 50 pontos-base da Selic na quarta-feira (17) é levemente majoritária ante a expectativa de alta de 0,75 ponto.
O dólar fechou a sexta-feira (12) cotado em R$ 5,5597 no mercado à vista, garantindo uma semana de queda de 2,18% ante o real, reagindo:
- a estratégia mais ativa de intervenção do Banco Central no câmbio fazendo operações de venda de moeda à vista e via swap,
- à aprovação da PEC Emergencial em segundo turno pela Câmara que autoriza uma nova rodada do auxílio e institui mecanismos de ajuste nas despesas,
- e a inflação ao consumidor nos EUA em fevereiro dentro do esperado, aliviando temores de pressão nos preços, o que permitiria ao Fed não antecipar um aperto monetário.
Semana de 15 a 19 de março
Semana de decisões de política monetária no Brasil, EUA, Reino Unido e Japão. Internamente, a expectativa unânime é de início do ciclo de altas da Selic, com a maioria das apostas concentrada em ajuste de 50 pontos-base.
Nos EUA, a expectativa está nas sinalizações do comunicado e da entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, sobre eventuais pressões inflacionárias advindas do fortalecimento da economia, enquanto a vacinação contra a Covid avança a passos largos, e após a aprovação pelo Congresso do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão.
No calendário de indicadores, está previsto o índice IBC-Br de atividade econômica na segunda-feira (15). Há expectativa também para o resultado da arrecadação federal de fevereiro, ainda sem data definida.
Fonte: Broadcast