De mudanças no discurso do governo sobre política fiscal, passando por um “apagão cibernético” global, reviravoltas nas eleições presidenciais americanas, a maior oferta de ações da história do setor de saneamento, com a privatização da Sabesp, e fechando com aguardadas decisões de política monetária no Brasil, nos Estados Unidos e no Japão, o mês de julho foi recheado de eventos.
No Brasil, logo no começo do mês, as atenções se voltaram para as medidas adotadas pelo governo na política fiscal, com destaque para o corte de R$ 25,9 bilhões em despesas obrigatórias anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A movimentação aconteceu após uma alta expressiva do dólar, que chegou a bater R$ 5,70.
Houve, após muita tensão, o anúncio de contingenciamento de R$ 15 bilhões para que a meta de déficit fiscal zero, este ano, seja buscada, e a aprovação do primeiro texto-base da regulamentação da reforma tributária.
No âmbito corporativo, o destaque foi a privatização da Sabesp, que atraiu uma demanda institucional recorde. Mas outras movimentações de empresas também mexeram com os ativos no decorrer do mês, como a Petrobras, que anunciou o primeiro aumento da gasolina no ano. Além disso, teve início a temporada de balanços referentes ao segundo trimestre de 2024, com resultados bem – como Santander – quanto mal-recebidos – foi o caso de Usiminas – pelo mercado.
Assim, o Ibovespa acumulou alta de 3,02% no mês. Já o dólar avançou 1,20% ante o real, em meio ao desconforto com a questão fiscal doméstica e um desmonte de operações de carry trade com divisas latino-americanas, observado nos últimos dias, diante de mudanças na política monetária do Japão que afetaram o iene.
Já nos Estados Unidos, a perda de fôlego no mercado de trabalho e sinais de desaceleração econômica alimentaram expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o que impactou positivamente as bolsas do país e levou a uma baixa nos rendimentos dos Treasuries – os títulos do Tesouro americano. O cenário foi coroado hoje, com a coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, afirmando que o corte de juros poderia estar na análise da reunião da autoridade em setembro, caso a inflação continue a recuar em linha com as projeções.
Ainda no cenário internacional, eventos políticos como as eleições parlamentares no Reino Unido e as eleições na Venezuela também foram monitorados de perto pelos investidores. Mas o foco esteve nos Estados Unidos, onde as eleições presidenciais estiveram rodeadas por incertezas: um atentado ao candidato republicano Donald Trump e a desistência do candidato democrata Joe Biden, este em prol da vice de sua chapa, Kamala Harris.
No acumulado do mês, marcado ainda por uma rotação de setores nas bolsas americanas, de grandes empresas de tecnologia para empresas menores e “de valor”, o índice Nasdaq fechou com queda de 0,75%, enquanto o Dow Jones ganhou 4,41% e o S&P 500 subiu 1,13%.