Os vetores que influenciaram a alta dos juros futuros foram:
- o cenário fiscal com possível decretação do estado de calamidade que liberaria espaço para gastos em ano eleitoral sem limite do teto,
- a manutenção dos preços do petróleo mais perto dos US$ 120 o barril no caso do brent, o que eleva o receio por reajustes da Petrobras e concessão de benefícios fiscais para combustíveis,
- a reação negativa ao relatório de emprego americano (payroll), que trouxe criação de vagas (390 mil) acima do esperado (328 mil) em maio, alta nos salários e manutenção da taxa de desemprego em 3,6%, reforçando a possibilidade de um aperto monetário mais hawkish por parte do Fed,
- o contexto global de inflação alta persistente (a zona do euro divulgou inflação recorde),
- a escalada das commodities respaldada pela expectativa de recuperação da demanda da China, com o governo do país anunciando medidas para aquecer a economia e de flexibilização das restrições impostas pela pandemia, e pela questão da oferta de petróleo comprometida pelo embargo da União Europeia à Rússia.
Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:
- a produção industrial brasileira de abril dentro do esperado,
- o crescimento do PIB brasileiro no primeiro tri de 1,0% ante o quarto tri de 2021, abaixo da mediana de 1,2%,
- a declaração do presidente do BC, Roberto Campos Neto, de que o ciclo de aperto da Selic está no fim,
- a taxa de desemprego no trimestre até abril abaixo do esperado,
- e a desaceleração do IGP-M de maio.
A conferir:
- os debates em torno do ritmo de ajuste da política monetária americana, com a perspectiva de que o Fed adote uma pausa no processo de elevação de juros em setembro perdendo força,
- os sinais da política monetária do Banco Central Europeu (BCE),
- os dados de inflação local (IPCA e IGP-DI),
- e as reuniões no Congresso para discutir medidas de desoneração tributária que resultem em alívio para a inflação.
O dólar à vista encerrou o pregão da sexta-feira (3) cotado a R$ 4,7787, fechando a semana com valorização de 0,85% e interrompendo uma sequência de três semanas de queda expressiva, quando desceu do patamar de R$ 5,05 para operar ao redor de R$ 4,80.
Os fatores que explicam as alterações no preço da moeda americana são:
- as repercussões do payroll forte (criação de 390 mil empregos) dos EUA em maio acima das expectativas, o que pode ajudar a pressionar a inflação e o Fed por mais altas de juros no país neste ano,
- a entrada de fluxo estrangeiro,
- e a piora na percepção fiscal com a pressão pela decretação do estado de calamidade para aumentar os gastos fora do teto em ano de eleição.
Agenda de indicadores e eventos de 06 a 10 de junho
Segunda-feira (6): o Caged divulga a geração líquida de postos de trabalho em abril,
Terça-feira (7): são esperados encomendas à indústria da Alemanha, discurso da secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, estoques API de petróleo e PIB da Coreia do Sul e do Japão,
Quarta-feira (8): o IGP-DI, o PIB da Zona do euro e estoques de petróleo pelo Departamento de Energia (DoE),
Quinta-feira (9): a divulgação do IPCA de maio, a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e o índice de preço ao consumidor (CPI) de maio da China,
Sexta-feira (10): saem as vendas no varejo de abril e o índice de preço ao consumidor (CPI) de maio dos EUA.