Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 237

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Highlights (Resumo): Alta nas Taxas de Juros.

Principal(is) vetor(es): as novas declarações do presidente Lula ao atual nível da taxa de juros, metas de inflação e à autonomia do Banco Central, além do arrefecimento das apostas de queda de juros em 2023 tanto pelo Copom quanto pelo Fed.

Destaque(s): Risco Político, COPOM e FED.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (6), a projeção para o IPCA deste ano subiu de 5,74% para 5,78%, contra 5,36% há um mês, acima do teto da meta (4,75%). Para 2024, horizonte cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção também avançou, de 3,90% para 3,93%, de 3,70% há quatro semanas. O centro da meta de 2024 é 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%).

A semana na Renda Fixa foi de acúmulo de prêmios de risco ao longo de toda a curva, refletindo as novas declarações do presidente Lula ao atual nível da taxa de juros, metas de inflação e à autonomia do Banco Central, além do arrefecimento das apostas de queda de juros em 2023 tanto pelo Copom quanto pelo Fed. O diferencial entre os vértices janeiro de 2029 e janeiro de 2025 fechou em 7 pontos-base, de 23 pontos na sexta-feira anterior (27), caracterizando desinclinação da curva. A curva a termo reduziu ainda mais a precificação para queda da Selic este ano.

Os principais vetores que influenciaram a trajetória da curva de juros foram:

  • as falas do presidente Lula sobre o Banco Central ampliando os temores às vésperas das trocas na diretoria do BC. Há um receio de que indique nomes mais suscetíveis a influências políticas,
  • as revisões para cima de projeções para a inflação no boletim Focus do Banco Central,
  • os números fortes do emprego americano, com criação de 517 mil vagas em janeiro, muito acima do consenso de 190 mil, além do aumento dos salários melhor que o esperado, dissipando as apostas de redução de juro nos EUA este ano. O juro da T-Note de dois anos subiu 10 bps na semana,
  • a alta do índice de gerentes de compras (PMI) do setor de serviços dos EUA, que avançou de 49,2 em dezembro de 2022 para 55,2 em janeiro de 2023, também serviu para mostrar a resiliência da economia americana. No monitoramento do CME Group, houve clara redução na chance de corte de juros pelo Fed ainda em 2023,
  • e o comunicado mais hawkish do Copom. Os diretores alertaram que o atual nível de desancoragem das expectativas de inflação pode exigir Selic estável por mais tempo do que o previsto, somado às incertezas fiscais. A Selic foi mantida em 13,75% pela quarta reunião seguida.

Fizeram o contraponto mas não impediram a abertura da curva de juros:

  • com a elevação dos Fed funds em 25 pontos-base, à faixa de 4,50% a 4,75%, já precificada, o mercado direcionou as atenções para a entrevista do presidente do Fed, Jerome Powell, que foi lida como “dovish”. Powell afirmou que “pela primeira vez, podemos dizer que processo desinflacionário começou”. Disse ainda que não há intenção de apertar a política monetária de forma excessiva. Por outro lado, afirmou que uma pausa nos aumentos não está em discussão e que não espera cortes de juro este ano,
  • a fala do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de não haver neste momento discussão sobre estender a desoneração tributária da gasolina, o que foi lido como um possível incremento de receitas permanentes para ajudar as contas públicas,
  • o discurso do secretário de Política Econômica do ministério da Fazenda, Guilherme Mello, que “a meta de inflação não é um tema em debate na pasta”, e que o ministério tem concentrado as atenções no novo arcabouço fiscal e na reforma tributária,
  • os indicadores mais fracos de atividade nos EUA. Caíram o índice de confiança do consumidor, o índice de gerentes de compras, enquanto o índice de custo do emprego cresceu menos do que o esperado,
  • o PMI Industrial da China (50,1) em janeiro cruzou a linha de 50 que denota expansão da atividade, o que favorece a perspectiva para as commodities, sendo o Brasil um grande exportador,
  • a declaração do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, que a retomada da Taxa de Juros de Longo Prazo (TLP), acusada de enfraquecer a política monetária, não está nos planos da instituição,
  • e o fluxo de recursos estrangeiros para o Brasil amparado na perspectiva de política monetária menos dura nos EUA e a aposta em uma retomada forte da atividade na China após o fim da política de Covid Zero.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • o resultado das eleições para as presidências da Câmara e do Senado. Arthur Lira era dado como reeleito na presidência da Câmara, enquanto a candidatura de Rodrigo Pacheco no Senado ainda tinha algum risco. A votação terminou após o fechamento dos negócios, com a reeleição de Rodrigo Pacheco,
  • e os aumentos de 50 pontos-base dos juros por BCE e Banco da Inglaterra conforme esperado.

A conferir o que estará no radar do mercado

  • a ata da reunião do Copom de fevereiro na terça-feira (7), que deve reforçar os riscos fiscais e o movimento de desancoragem das expectativas de inflação como argumentos para um possível adiamento do ciclo de cortes da Selic,
  • o IPCA de janeiro na quinta-feira (9). O IPCA subiu 0,62% em dezembro, acima da alta de 0,41% em novembro,
  • e os discursos do presidente do Fed, Jerome Powell, na terça-feira (7), e de outros dirigentes do BC americano ao longo da semana. O forte relatório do mercado de trabalho dos EUA, o payroll, praticamente eliminou as chances de corte de juros neste ano, segundo monitoramento do CME Group.

O dólar no mercado à vista encerrou a sessão da sexta-feira (3) cotado a R$ 5,1476, encerrando a semana com valorização de 0,70%. A queda acumulada ano é de 2,51%.

Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana foram:

  • os dados fortes de geração de emprego nos EUA em janeiro desautorizando apostas em fim iminente do aperto monetário pelo Fed, bem como arrefeceram o temor de recessão nos EUA. O debate sobre corte de juros nos EUA perdeu força,
  • o relatório de emprego nos EUA (payroll) revelou geração de 517 mil vagas de emprego no país em janeiro, bem acima da mediana (190 mil) e do teto (305 mil). A taxa de desemprego caiu de 3,5% em dezembro para 3,4%, e o salário médio por hora na comparação anual subiu 4,43%, acima do esperado,
  • a redução do ritmo de alta da taxa de juros para 25 pontos-base e a menção do chairman Jerome Powell ao início do processo de desinflação nos EUA,
  • e o desconforto com as novas declarações do presidente Lula contra o Banco Central. Além de repetir críticas ao nível da taxa de juros e da atual meta de inflação, pôs na mesa a ideia de rever a autonomia legal do BC após o fim do mandato do presidente Roberto Campos Neto em 2024.

 

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 06 a 10 de fevereiro

 

Segunda-feira (06):

  • Brasil: o Relatório de Mercado Focus, a Balança comercial semanal,
  • Zona do euro: as vendas no varejo em dezembro, os Presidentes de BCE, Christine Lagarde, Conselho Europeu, Charles Michel, Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e Eurogrupo, Paschal Donohoe, participam de reunião,
  • Alemanha: as encomendas à indústria em dezembro,
  • Reino Unido: a dirigente do BoE, Catherine Mann, discursa na Conferência “Novas dimensões do banco central na era pós-covid”,

Terça-feira (07):

  • Brasil: a divulgação da ata do Copom, o IGP-DI em janeiro, o indicador antecedente de emprego de janeiro, a Anfavea divulga a produção e venda de veículos em janeiro,
  • EUA: a balança comercial de dezembro, o Presidente do Fed, Jerome Powell, participa de evento no Clube Econômico de Washington, o Presidente Joe Biden faz discurso sobre o Estado da União, o crédito ao consumidor em dezembro, os estoques de petróleo na semana até 03 de fevereiro,
  • Alemanha: a produção industrial em dezembro,

Quarta-feira (08):

  • Brasil: o IPC-S de fevereiro (1ª Quadri), o fluxo cambial semanal,
  • EUA: os estoques no atacado em dezembro, os estoques de petróleo na semana até 03 de fevereiro, o diretor do Fed, Christopher Waller, fala sobre cenário econômico na Universidade Estadual do Arkansas,

Quinta-feira (09):

  • Brasil: o IPC Fipe de janeiro (1ª Quadri), o IGP-M de janeiro (1º decêndio), o IPCA de janeiro, o INPC de janeiro, o INCC/Sinapi de janeiro, a Pesquisa Mensal de Comércio de dezembro,
  • EUA: os pedidos de auxílio-desemprego até 04 de fevereiro,
  • Reino Unido: o Presidente do BoE, Andrew Bailey, testemunha no Parlamento britânico,
  • China: o CPI e o PPI ambos de janeiro,

Sexta-feira (10):

  • Brasil: a Pesquisa Mensal de Serviços e a Pesquisa Industrial Mensal Regional ambos de dezembro, o Índice de Confiança do Empresário Industrial de janeiro,
  • EUA: os dados preliminares de sentimento do consumidor americano em fevereiro e de expectativas de inflação de 1 e 5 anos no país, o Presidente dos EUA, Joe Biden, recebe o presidente Lula na Casa Branca,
  • Reino Unido: o PIB do 4º tri (preliminar), a produção industrial de dezembro.

Fonte: Broadcast

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa e Tesouro Direto

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Características do Tesouro Direto

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