Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 238

→ Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Queda nas Taxas Curtas e Alta nas Taxas de Juros Longas.

Principal(is) vetor(es): aumento da inclinação da curva a termo, refletindo basicamente a possível mudança nas metas de inflação.

Destaque(s): Risco Político.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (13), as expectativas de inflação voltaram a piorar após mais uma semana de críticas do presidente Lula à condução da política monetária pelo Banco Central. A projeção para o IPCA deste ano oscilou de 5,78% para 5,79%, contra 5,39% há um mês, acima do teto da meta (4,75%). Para 2024, horizonte cada vez mais relevante para a estratégia de convergência à inflação do BC, a projeção avançou de 3,93% para 4,00%, de 3,70% há quatro semanas. O centro da meta de 2024 é 3,00% (margem de 1,50% a 4,50%).

A semana na Renda Fixa foi de aumento da inclinação da curva a termo, refletindo basicamente a possível mudança nas metas de inflação. O spread entre os contratos para janeiro de 2029 e janeiro de 2025 saltou a 54 pontos, de 7 pontos-base na sexta-feira anterior (3).

Os principais vetores que influenciaram o acúmulo de prêmios na parte longa da curva de juros foram:

  • os números da Universidade de Michigan mostrando que as expectativas de inflação para um ano nos EUA subiram de 3,9% em janeiro a 4,2% em fevereiro, o que fez o mercado ampliar a aposta de taxa terminal acima de 5%. O índice de sentimento do consumidor subiu de 64,9 em janeiro para 66,4, acima do esperado (65,1). A cautela e perspectivas de manutenção de juros em níveis elevados ajudaram a inversão na curva de rendimentos de Treasuries de 2 e 10 anos atingir a maior amplitude desde 1981,
  • as incertezas domésticas com a falta de um novo arcabouço fiscal que substitua o teto de gastos e as contínuas críticas do presidente Lula aos juros elevados, à independência do Banco Central e ao patamar das metas de inflação,
  • a possibilidade do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, ceder à pressão do governo e haver uma mudança nas metas de inflação. A leitura é que uma eventual alteração tende a piorar ainda mais as expectativas para os preços,
  • o volume de serviços prestados no País subindo 3,1% em dezembro ante novembro, superando o teto das estimativas (2,2%), renovando o recorde da série histórica no mês e indicando um quadro ainda mais desafiador para a política monetária via inflação de serviços. Em 2022, a taxa acumulada mostrou alta de 8,3%,
  • as declarações do presidente Lula sobre isenção do IR. O presidente avalia iniciar a ampliação da faixa de isenção da tabela ainda este ano para quem ganha dois salários mínimos (R$ 2.604). Essa renda extra pode pressionar a inflação,
  • a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender mudanças na base de cálculo do ICMS, sobre energia elétrica. Na prática, a decisão, que tem caráter liminar e ainda precisa ser confirmada pelo plenário da Corte, permite que os estados voltem a cobrar as tarifas correspondentes aos custos de transmissão e distribuição,
  • e a piora das expectativas para inflação no Boletim Focus.

Os principais vetores que influenciaram o alívio nos prêmios de risco das taxas curtas e intermediárias da curva de juros foram:

  • o IPCA de janeiro (0,53%) subindo menos do que apontava a mediana das estimativas (0,57%), com desaceleração ante dezembro (0,62%) e leitura favorável dos preços de abertura. O resultado acumulado em 12 meses subiu 5,77%, também abaixo da mediana esperada (+5,82%),
  • as vendas do comércio varejista caindo 2,6% em dezembro ante novembro no conceito restrito e alta de 0,4% no ampliado, ambas abaixo dos consensos de -0,8% e +0,8%. Sete das oito atividades do varejo recuaram,
  • a ata do Copom com aceno do Banco Central à Fazenda ao reconhecer que o pacote fiscal anunciado no mês passado pela equipe econômica pode ajudar no combate à inflação, mas sem flexibilizar sua convicção de buscar a convergência da inflação para as metas, ainda que a desancoragem das expectativas esteja se ampliando,
  • o discurso do diretor de Política Monetária, Bruno Serra, ao citar a desaceleração no ritmo de criação de empregos, otimismo sobre a taxa de câmbio e afirmar que a instituição “é de Estado e não de governo”. Disse ainda ser importante que a meta de inflação seja “crível” e que esse foi o mesmo BC que colocou a Selic em 2%,
  • e o primeiro discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, após o payroll forte de janeiro. Ele reconheceu que o vigor do mercado de trabalho pode retardar a desinflação nos EUA, mas salientou que o processo já começou.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • o anúncio pela Petrobras de redução do preço médio do diesel de R$ 4,50 para R$ 4,10 o litro, queda de 8,8%,
  • e o IGP-DI de janeiro subindo 0,06% em janeiro, após alta de 0,31% em dezembro, abaixo da mediana das estimativas (+0,24%), Com este resultado, o dado acumula 3,01% em 12 meses.

A conferir o que estará no radar do mercado

  • a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), marcada para quinta-feira (16), com participação dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento), em tese, dois votos alinhados ao desejo do presidente Lula, e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Até o momento, uma possível mudança nas metas de inflação não entrou na pauta do encontro, mas não se descarta que possa ser incluído. Um consenso no mercado é de que mudar a meta de 2023 com o ano já em curso teria praticamente nenhum impacto sobre a política monetária, uma vez que a calibragem de juros já mira mais os efeitos sobre a inflação de 2024,
  • a entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na segunda-feira (13), no programa Roda Viva, da TV Cultura. A expectativa é se ele vai confirmar que teria concordado com um ajuste nas metas, em meio à pressão para que vá ao Congresso explicar por que os juros estão altos,
  • e a divulgação do índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI) de janeiro na terça-feira (14). Se confirmada a expectativa de continuidade de arrefecimento da inflação, o dado poderá provocar ajustes nas expectativas para as decisões do Fed no atual ambiente de desaceleração das apostas de corte de juro este ano.

O dólar no mercado à vista encerrou a sessão da sexta-feira (10) cotado a R$ 5,2219, terminando a semana com ganhos de 1,44% e valorização acumulada em fevereiro de 2,86%.

Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana no mercado doméstico de câmbio foram:

  • a entrada de fluxo estrangeiro,
  • a internalização de recursos por parte de exportadores,
  • os temores de desancoragem das expectativas de inflação,
  • as críticas do presidente Lula e da ala política do Palácio do Planalto à gestão da política monetária e ao nível das metas de inflação,
  • o desconforto com a possibilidade de mudança nas metas de inflação sem que projetos do novo arcabouço fiscal que substituirá o teto de gastos e da reforma tributária tenham sido apresentados ainda pelo governo,
  • os rumores de que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, teria admitido mudar a meta de inflação deste ano, e não apenas para 2024 e 2025,
  • e a divulgação dos dados da Universidade de Michigan, que mostraram que o sentimento do consumidor americano subiu de 64,9 em janeiro para 66,4 em leitura prévia de fevereiro, acima do esperado (65,1), ao passo que a expectativa de inflação de 1 ano avançou de 3,9% em janeiro para 4,2% em fevereiro. Esses dados corroboram os sinais de dirigentes do Fed sobre novas altas de juros nos EUA e aumentam as expectativas pelo índice de inflação ao consumidor (CPI) em janeiro, que sai na terça-feira (14).

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 13 a 17 de fevereiro

Segunda-feira (13):

  • Brasil: o Relatório de Mercado Focus, a Balança comercial semanal, a TV Cultura exibe ‘Roda Viva’ com presidente do BC, Roberto Campos Neto, as reuniões trimestrais do BC com economistas,
  • EUA: a Diretora do Fed, Michelle Bowman, participa de evento na Associação Americana de Banqueiros,
  • Japão: o PIB do 4º trimestre e do ano completo de 2022,

Terça-feira (14):

  • Brasil: o Presidente do BC, Roberto Campos Neto, participa da CEO Conference do BTG Pactual, o Leilão de NTN-B para 15/8/2026, 15/5/2033 e 15/8/2050 e de LFT para 1º/3/2026 e 1º/3/2029,
  • EUA: o índice de preços ao consumidor (CPI) de janeiro, os estoques de petróleo na semana até 10 de fevereiro, as falas de dirigentes do Fed,
  • Zona do euro: o PIB do 4° tri (preliminar),

Quarta-feira (15):

  • Brasil: o IGP-10 de fevereiro, FGV: o monitor do PIB (FGV) de dezembro, o Fluxo Cambial semanal, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa da CEO Conference do BTG Pactual,
  • EUA: as vendas no varejo em janeiro, o índice de atividade industrial Empire State de fevereiro, a produção industrial de janeiro, o índice de confiança das construtoras em fevereiro, os estoques de petróleo na semana até 10 de fevereiro,
  • Zona do euro: a balança comercial de dezembro, a produção industrial de dezembro, a Presidente do BCE, Christine Lagarde, participa de debate sobre o Relatório Anual do BCE 2021,
  • Reino Unido: o CPI de janeiro,
  • China: o investimento estrangeiro direto (FDI) em janeiro,

Quinta-feira (16):

  • Brasil: o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de dezembro (conhecido como prévia do PIB), o IPC (Fipe) de fevereiro (2ª quadri), o IPC-S (FGV) de fevereiro (2ª quadri), a Sondagem Industrial de janeiro, o Leilão de LTN para 1º/4/2024, 1º/4/2025 e 1º/7/2026 e de NTN-F para 1º/1/2029 e 1º/1/2033, a reunião do CMN,
  • EUA: as construções de moradias iniciadas em janeiro, as permissões para novas obras (preliminar), o PPI de janeiro, os pedidos de auxílio-desemprego na semana até 11 de fevereiro, os discursos de vários dirigentes do Fed,

Sexta-feira (17):

  • Brasil: a sondagem da Indústria e do Comércio em janeiro,
  • EUA: os poços de petróleo em operação,
  • Reino Unido: as vendas no varejo em janeiro,

Fonte: Broadcast

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

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