Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 203

Curva de Juros Futuro do DI em 10/06/2022

Curva de Juros Futuro do DI em 03/06/2022

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Queda nos Curtos e Alta nas Taxas de Juros Longas.

Principal(is) vetor(es): aumento da inclinação da curva a termo refletiu a piora do risco fiscal, a cautela no exterior e o impacto do IPCA de maio abaixo do consenso (Curtos)

Destaque(s):  Fiscal, FED e IPCA.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Em meio à greve dos servidores, o Banco Central não confirmou a publicação do relatório Focus esta semana. Na atualização parcial divulgada na última segunda-feira (3), o IPCA de 2022 estava em 8,89% (acima do teto da meta de 5%), e o de 2023, em 4,50% (superior ao alvo central de 3,25%, mas inferior ao teto de 4,75%).

A semana no mercado de juros foi de significativo aumento da inclinação da curva a termo, refletindo a piora do risco fiscal, a cautela no exterior e o impacto do IPCA de maio abaixo do consenso. O spread entre os DIs jan/27 e jan/24 fechou em -50 pontos, de -72 pontos na sexta-feira anterior (03).

Os vetores que influenciaram o movimento dos juros futuros curtos foram:

  • a desaceleração da inflação pelo IPCA de maio para 0,47% ante abril (1,06%), muito abaixo da mediana das estimativas (0,60%), passando a percepção de que o ciclo de alta da Selic pode estar mesmo perto do fim e que o pico da inflação pode ter ficado para trás,
  • a alta de 0,69% do IGP-DI em maio, após uma elevação de 0,41% em abril, mas abaixo da mediana positiva de 0,85%,

O acúmulo de prêmios nas partes intermediária e longa da curva foi amparado pelos vetores:

  • a aceleração da inflação ao consumidor dos EUA em maio ao maior nível em mais de 40 anos, em termos anuais chegando a 8,6%, e que pode levar a uma ação mais agressiva do Fed já na próxima reunião,
  • o avanço dos juros dos Treasuries, com a taxa da T-note de 2 anos batendo 3,056%, no maior nível desde dezembro de 2007, na esteira do aumento das apostas que o Fed poderá elevar o juro em 75 pontos-base já no próximo encontro,
  • a ameaça de novo lockdown na China,
  • a mensagem hawkish no comunicado do Banco Central Europeu (BCE), indicando aumentos de juros em julho e setembro, em meio à pressão inflacionária,
  • a revisão para baixo da projeção para o crescimento econômico global em 2022 pelo Banco Mundial e pela OCDE, pelos temores de que o ajuste nas políticas monetárias dos países centrais gere recessão,
  • a percepção de sensível piora da cena fiscal brasileira com o plano do governo para reduzir a tributação de combustíveis e gás de cozinha em ano eleitoral, com chance do Congresso querer afrouxar ainda mais as amarras do teto,
  • e o mercado de trabalho formal (Caged) registrando a criação de 196.966 vagas com carteiras assinadas em abril, acima da mediana das estimativas de 170.328 postos, e lido como mais um potencial fator a sustentar a pressão sobre a inflação de curto prazo e perspectiva de Selic elevada.

A conferir

  • se o Copom vai deixar no comunicado a porta aberta para mais altas à frente, como precificado na curva do DI, na esteira da piora do risco fiscal,
  • as negociações entre governo federal, Estados e Congresso para aprovação do pacote de desoneração de combustíveis e energia no Senado,
  • a possibilidade de reajuste de combustíveis pela Petrobras por causa da defasagem dos preços do diesel e da gasolina ante as cotações internacionais,
  • e o monitoramento pelo CME Group da alta de 75 pb na reunião de julho do Fed, que se tornou majoritária após a inflação ao consumidor nos EUA em maio ter subido acima do esperado.

O dólar à vista fechou a sexta-feira (10) cotado a R$ 4,9886, com ganho de 4,39%,  na maior alta semanal desde a encerrada em 26 de março de 2021.

Os fatores que influenciaram as mudanças no preço da moeda americana foram:

  • a alta expressiva da inflação americana em maio e queda da confiança do consumidor nos EUA ao menor nível histórico. A leitura é que crescem as chances uma desaceleração mais forte da economia americana, dada a necessidade do Fed ser mais agressivo no processo de alta de juros para domar a maior inflação no país em mais de 40 anos,
  • a perspectiva de entrada de capital externo ligada à privatização da Eletrobras,
  • o forte avanço das taxas dos Treasuries, com a T-note de 2 anos, mais ligada à perspectiva para os próximos passos do Fed, tocando 3%, no maior nível desde dezembro de 2007,
  • a cautela com o cenário fiscal, com a questão do pacote para segurar os preços de combustíveis,
  • e a sinalização do BCE de altas de juros em julho e setembro.

Agenda de indicadores e eventos de 13 a 17 de junho

Segunda-feira (13): os dados preliminares da balança comercial de maio,

Terça-feira (14): os dados do setor de serviços em abril, os dados de maio do CPI da Alemanha, PPI dos EUA, produção industrial e vendas no varejo da China,

Quarta-feira (15): a Super Quarta contempla decisões de política monetária no Brasil e nos EUA, o IGP-10 de junho, o IBC-BR de abril, as vendas no varejo dos EUA em maio, o índice de atividade Empire State de junho e a presidente do BCE, Christine Lagarde.

Quinta-feira (16): no Brasil, os mercados ficarão fechados pelo feriado de Corpus Christi, e a reunião de política monetária do Banco da Inglaterra,

Sexta-feira (17): a reunião de política monetária do Banco do Japão, o CPI da zona do euro e a produção industrial dos EUA em maio.

Fonte: Broadcast

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