Os vetores que influenciaram o desenho da curva de juros foram:
- a decisão do Copom de elevar a taxa Selic em 50 ponto porcentual, para 13,25%, e sinalizar novo aumento em agosto, abrindo espaço para a extensão do ciclo atual,
- os temores de recessão nos EUA na esteira da alta de juros promovida pelo Fed que elevou a taxa básica em 75 pontos-base, para a faixa entre 1,50% e 1,75% ao ano, o maior aumento desde 1994,
- a queda do petróleo acumulando perdas de cerca de 8% na semana diante da aceleração do aperto monetário nos EUA e de preocupações com uma desaceleração da economia global,
- a chance do Fed reduzir o ritmo de aperto em julho. O presidente do Fed, Jerome Powell, defendeu a alta dos juros em 75 pontos-base diante de surpresas na inflação, mas sinalizou que essa intensidade pode ser diminuída já em julho, a depender de dados econômicos,
- a alta do dólar e dos Treasuries,
- e os sinais de inflação global elevando o temor de que uma atuação mais firme dos bancos centrais possa colocar as principais economias do mundo em recessão.
Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:
- o anúncio de reajuste dos combustíveis pela Petrobras, que já era esperado, abaixo das estimativas, principalmente da gasolina que influencia mais na inflação,
- o volume de serviços prestados em abril subindo 0,2% ante março, abaixo do consenso de mercado (+0,4%),
- e o superávit do governo central de R$ 28,6 bilhões em abril, superando a mediana das estimativas, de R$ 20,2 bilhões.
A conferir
- a percepção do risco fiscal do governo diante da pressão para alterar a política de reajustes dos preços dos combustíveis,
- os discursos dos dirigentes do Fed em busca de pistas sobre os próximos passos. O presidente da instituição, Jerome Powell, dará testemunhos na Câmara e no Senado americano entre quarta e quinta-feira,
- e as sinalizações do Banco Central na ata do Copom após o colegiado antever “um novo ajuste, de igual ou menor magnitude”, na reunião de agosto, bem como as explicações sobre a inclusão de expectativas para a inflação de 2024 no comunicado, já que o ano ainda não faz parte do horizonte relevante de política monetária.
O dólar no mercado à vista terminou a sexta-feira (17) cotado a R$ 5,1443, com alta de 3,12% na semana e de 8,24% no mês.
Um conjunto de fatores contribuiu para as alterações no preço da moeda americana:
- o clima de tensão política após o anúncio de reajuste nos combustíveis pela Petrobras,
- a alta da taxa de juros nos EUA em 75 pontos-base, num ritmo não visto em décadas, e declarações de membros do Fed aumentando as apostas de que o aperto deve seguir agressivo. O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que a instituição está “muito focada” em trazer a inflação de volta para sua meta oficial de 2%.
- o cenário na China com novas restrições contra covid-19 em Pequim e Xangai e as incertezas sobre a produção industrial chinesa,
- o fluxo de saída da Bolsa brasileira,
- o recuo do petróleo,
- o alívio com a fala de Powell sobre a chance de alta de 50 pontos-base nos juros nos EUA em julho,
- a decisão do Copom de elevar a Selic em 50 pb, a 13,25%, deixando a porta aberta para novo aperto de intensidade igual ou menor em agosto,
- o núcleo da inflação ao produtor (PPI) americano de mais de 8% a.a. em maio mostrando que o repasse do atacado aos preços ainda será elevado,
- e o aperto monetário no mundo. Além da alta de 75 pontos-base promovida pelo Fed, o maior aperto desde 1994, o Banco da Inglaterra (BoE) anunciou a 5ª alta de juros seguida, o BC da Suíça promoveu a primeira alta de juros desde 2007, e o da Argentina elevou sua taxa básica para 52%. O Banco Central Europeu (BCE) também indicou que prepara o terreno para começar a elevar juros a partir de julho. Desde o início de 2022, 44 países já elevaram os juros para combater os efeitos persistentes da inflação, segundo o jornal The New York Times.
Agenda de eventos e indicadores econômicos de 20 a 24 de junho
Segunda-feira (20): fechamento dos mercados em Nova York por causa de feriado de Juneteenth, que simboliza o fim da escravidão nos EUA, as segundas prévias de junho do IGP-M e IPC-S, o ministro da Economia, Paulo Guedes, participa de comemoração pelos 70 anos do BNDES, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, fala no Parlamento Europeu,
Terça-feira (21): o Banco Central divulga a ata da reunião do Copom de junho, o Banco do Japão (BoJ) divulga ata de reunião de política monetária,
Quarta-feira (22): os dados de transações correntes de maio, o presidente do Fed, Jerome Powell, participa de audiência no Senado dos EUA, os índices de confiança do consumidor da zona do euro,
Quinta-feira (23): o presidente do Fed, Jerome Powell, participa de audiência na Câmara dos EUA, os PMIs composto, industrial e de serviços da Alemanha, zona do euro e EUA,
Sexta-feira (24): o resultado do IPCA-15 de junho, os índices de confiança do consumidor dos EUA.