Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 205

Curva de Juros Futuro do DI em 24/06/2022

Curva de Juros Futuro do DI em 17/06/2022

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Juros estáveis com leve ganho de inclinação.

Principal(is) vetor(es): quadro de inflação pressionada atestado pelo IPCA-15 (0,69%) de junho; a deterioração da percepção de risco fiscal e temor de recessão nos EUA.

Destaque(s):  IPCA, fiscal e Recessão nos EUA.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

O Relatório de Mercado Focus não foi publicado. Em virtude da greve dos servidores da autarquia, a divulgação continua suspensa.

Apesar da devolução de prêmios em três sessões, as taxas de juros fecharam a semana próximas da estabilidade, com ligeira alteração na inclinação da curva, considerando o spread entre os DIs jan/27 e jan/24, que fechou em -79 pontos-base, de -77 pontos na sexta-feira anterior (17).

Os vetores que influenciaram o desenho da curva de juros foram:

  • o quadro de inflação pressionada atestado pelo IPCA-15 (0,69%) de junho pouco acima da mediana das estimativas (0,67%), acelerando ante maio (0,59%), comleitura dos preços de abertura considerada qualitativamente ruim, de inflação persistente e disseminada, elevando dúvidas sobre se será possível o Copom encerrar o ciclo de alta de juros em agosto,
  • a deterioração da percepção de risco fiscal trazida pelas medidas: reajustar o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 até o fim do ano, aumentar o vale-gás e criação do ‘bolsa caminhoneiro’ de R$ 1 mil, em meio a questionamentos sobre tais medidas em ano eleitoral,
  • a queda dos juros dos Treasuries espelhando o temor de recessão nos EUA e no mundo em meio a um processo global de aperto monetário, reforçado pelas prévias dos PMIs compostos dos EUA e da zona do euro abaixo do esperado, e do mercado de trabalho abaixo do esperado nos Estados Unidos,
  • o presidente do Fed, Jerome Powell, relativizou o risco de recessão nos próximos trimestres. Ele reconheceu que o aperto monetário pode desacelerar a atividade, mas expressou confiança de que a economia dos EUA está bem posicionada para lidar com o aumento de juros.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • a ata do Copom reforçando a sinalização do comunicado sobre o plano de voo do Banco Central, de que a Selic precisa subir mais e permanecer estável por período prolongado para trazer a inflação de 2023 “ao redor” da meta de 3,25%, e sem grande reação na curva porque a mensagem já estava no preço,
  • as entrevistas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, esclarecendo pontos importantes do comunicado e da ata do Copom. Houve reforço na ideia de Selic estável por um período prolongado após o fim do ciclo de aperto. Guillen reforçou que o BC está brigando por inflação em 2023 mais próxima do centro da meta (3,25%) do que sua projeção atual de 4%. Disse ainda que o BC foi claro “na estratégia para chegar ao redor da meta”. “Ao redor é menos que 4%”, detalhou. E Campos Neto esclareceu que o ano de 2024 ainda não está no horizonte relevante considerado pela autoridade na condução da política monetária e que estimativas sobre o ano foram incluídas no comunicado e na ata da última reunião do Copom porque aumentaram as incertezas, o que pode ter influência no longo prazo,
  • e o resultado da arrecadação de impostos e contribuições federais, que somou R$ 165,333 bilhões em maio, superando a mediana das estimativas do mercado, de R$ 163,60 bilhões. O valor arrecadado no mês passado foi o maior para meses de maio desde o início da série histórica, em 1995.

A conferir o que estará no radar do mercado

  • a inflação ao consumidor apurada pelo PCE, a medida favorita de inflação do Fed,
  • o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central,
  • e a percepção de risco fiscal em meio ao plano do governo de elevar o valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, conceder auxílio a caminhoneiros de R$ 1 mil e aumentar o auxílio gás a famílias de baixa renda.

O dólar no mercado à vista fechou a sessão da sexta-feira (24) cotado a R$ 5,2527, alta de 2,11% na semana e avanço de 10,52% no mês. As perdas no ano, que já chegaram a superar 17%, agora são de 5,80%.

Os fatores que contribuíram para as alterações no preço da moeda americana foram:

  • a percepção de aumento de risco fiscal em meio ao anúncio do governo de programas de transferência de renda (aumento do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600, bolsa caminheiro de R$ 1 mil mensais e elevação do valor do Vale Gás para baixa renda) com recursos fora do teto de gastos,
  • a divulgação de dados mais fracos do sentimento do consumidor nos EUA, o que gerou expectativa de que o Fed possa não ser tão hawkish,
  • os temores de recessão nos EUA e no mundo em cenário de inflação elevada e alta de juros por Bancos Centrais,
  • a aceleração para 0,69% do IPCA-15 de junho, após ter avançado 0,59% em maio, acima da mediana (0,67%) das estimativas. A taxa em 12 meses ficou em 12,04%, com mediana de 12,02%,
  • e a fala do presidente da distrital do Fed em St. Louis, James Bullard, defendendo uma política monetária mais agressiva pelo Fed. Disse que a antecipação de altas de juros pelo Fed é uma boa ideia, diante da atual situação de pressões inflacionárias.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 27 de junho a 1º de julho

Segunda-feira (27): nos EUA: encomendas de bens duráveis, vendas pendentes de imóveis e discurso do presidente do Fed de Nova York, John Williams. Também tem a cúpula do G7 na Alemanha.

Terça-feira (28): o IGP-M de junho e as sondagens da indústria.

Quarta-feira (29): a leitura final do PIB americano, as sondagens do comércio e serviços e a inflação ao consumidor da Alemanha.

Quinta-feira (30): será divulgado o índice de Preços de Gastos com Consumo (PCE), medida preferida de inflação do Fed referente a maio, a leitura final do PIB do Reino Unido, a taxa de desemprego da zona do euro, o Relatório Trimestral de Inflação, e há expectativa ainda pelos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Sexta-feira (1º): o índice de preços ao consumidor (CPI) da zona do euro do mês passado, a taxa de desemprego da Pnad Contínua, além do PMI industrial de junho e balança comercial de junho.

Fonte: Broadcast

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa e Tesouro Direto

Curvas de Juros Anbima

Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos e Volatilidade da Renda Fixa: Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar, IDA Anbima e CDI

Características do Tesouro Direto: Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

Retornos Mensais e 12 Meses Ordenado

Ranking Mensal Colorido de Rentabilidades Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar, IDA Anbima e CDI