Os vetores que influenciaram o desenho da curva a termo foram:
- o IPCA de junho (0,67%) ante (0,47%) em maio e abaixo da mediana (0,71%), mas com preços de abertura considerados negativos, sugerindo processo de desinflação ainda lento e Selic em níveis elevados por um período prolongado. A taxa em 12 meses passou de 11,73% em maio para 11,89% em junho, mantendo-se no nível de dois dígitos há dez meses consecutivos,
- os dados do relatório de emprego (payroll) dos EUA. Em junho, a economia americana teve geração líquida de 372 mil postos de trabalho, bem acima do consenso de 275 mil, reforçando as apostas num Fed agressivo na condução da política monetária,
- e a aceleração dos retornos dos Treasuries, com o mercado já precificando uma pequena chance de que o Fed amplie o ritmo de aperto monetário de 75 pontos-base em junho para 100 pontos em julho, conforme aponta plataforma de monitoramento do CME Group. Na avaliação dos dirigentes, o quadro econômico, com inflação bem acima da meta de 2%, exige uma “postura restrita” na política monetária.
Fizeram o contraponto mas não impediram a adição de prêmios na curva:
- a leitura da ata do Fed, que ao não mencionar o risco de recessão foi vista de forma positiva. Foi o único dia da semana em que os DIs fecharam em baixa.
Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:
- a produção industrial de maio subiu 0,3% ante abril e ficou ligeiramente abaixo da mediana das estimativas, de 0,5%,
- e a notícia de que foi adiada para terça-feira (12) a votação da PEC dos Benefícios no plenário da Câmara, dado que o impacto negativo já está incorporado aos preços e o mercado vê como baixa a probabilidade de inserções de mais benesses que possam ampliar o já elevado rombo fiscal de R$ 41,25 bilhões fora do teto de gastos.
A conferir o que estará no radar do mercado
- a divulgação dos indicadores (inflação do CPI e do PPI, Livro Bege do Fed, produção industrial e vendas no varejo) nos EUA, que poderão dar novos sinais sobre a situação econômica norte-americana e ajustar as expectativas para o Fomc,
- e a votação da PEC dos Benefícios no plenário da Câmara, prevista para terça-feira (12).
O dólar no mercado à vista fechou o pregão da sexta-feira (08) cotado a R$ 5,2680, após ter atingido o pico intraday de R$ 5,46 na quarta-feira (06), terminando a semana com recuo de 1,00% e valorização de 0,63% em julho.
Os fatores que influenciaram mercado doméstico de câmbio foram:
- o arrefecimento da procura pela moeda americana no exterior após a ata do BC americano não fazer menção a possibilidade de recessão no país. A mensagem foi reiterada por dirigentes do Fed, como o presidente da distrital de St. Louis, James Bullard, que vê grandes chances de um “pouso suave” da economia americana,
- a redução das incertezas fiscais com a perspectiva de aprovação da PEC dos Benefícios na Câmara dos Deputados sem inclusão de mais benesses em relação ao texto que saiu do Senado,
- a divulgação de dados fortes do mercado de trabalho dos EUA em junho. O relatório de emprego (payroll) mostrou criação de 372 mil vagas em junho, bem acima do esperado (275 mil vagas), e reforçou as apostas de que o Fed vai promover nova alta de 75 pontos-base na taxa básica americana em julho,
- a divulgação do IPCA de junho, que acelerou alta a 0,67% em junho, de 0,47% em maio, mas abaixo da mediana de 0,71%. No ano, o IPCA avança 5,49%. Em doze meses, o índice acumula alta de 11,89%, mantendo-se em dois dígitos pelo 10º mês consecutivo,
- os dados fracos de atividade e fortes de inflação na zona do euro alimentaram os receios de uma recessão global,
- o alívio nos preços das commodities, em especial o petróleo,
- e as perspectivas de estímulos à infraestrutura e economia na China.
Agenda de eventos e indicadores econômicos de 11 a 15 de julho
Segunda-feira (11): a primeira prévia do IGP-M de julho, a participação do diretor de Política Econômica do BC, Diego Guillen, no evento virtual do Credit Suisse,
Terça-feira (12): previsão da votação da PEC dos Benefícios no plenário da Câmara, o volume de serviços de maio,
Quarta-feira (13): a divulgação do índice de inflação ao consumidor (CPI) nos EUA, vendas do varejo relativas a maio, o Livro Bege,
Quinta-feira (14): uma bateria de indicadores de atividade na China (PIB do segundo tri, produção industrial, vendas no varejo e balança comercial),
Sexta-feira (15): o IBC-Br de maio, as vendas de varejo dos EUA.