Outros vetores que colocaram a curva num jogo de forças altistas (taxas fechando nos maiores níveis desde 2016) e baixistas foram:
• as vendas do varejo dos EUA (+1,0%) em junho ligeiramente acima do consenso (+0,9%),
• a redução das expectativas para a inflação em 12 meses nos EUA, que recuaram levemente de 5,3% a 5,2% no período. Para o período de 5 anos, caíram de 3,1% a 2,8%,
• a melhora do índice de sentimento ao consumidor americano, que subiu de 50 a 51,1 entre junho e julho, em leitura preliminar da Universidade de Michigan,
• as apostas para uma elevação de 75 pontos-base nos Fed funds no fim do mês, voltando a ser majoritárias ante as de 100 pontos, aproximando-se da casa dos 70%,
• o recuo nos preços das commodities, sobretudo o tombo de mais de 5% do petróleo. A cotação do barril do Brent, referência para a Petrobras, fechou a semana em US$ 100,99 com a possibilidade de redução na demanda,
• nos EUA, os dados de inflação no varejo (CPI) acima do esperado, um salto de 9,1% da inflação em junho em base anual, na maior taxa em 41 anos, e o índice de preços ao produtor (PPI), que mede a evolução de preços no atacado acima do consenso,
• o pessimismo com a atividade reforçado pela queda maior que a esperada do índice ZEW de expectativas econômicas da Alemanha, que provocou aproximação maior do euro com a paridade ante dólar,
• e a busca por ativos seguros impulsionando o dólar e a demanda pelos Treasuries, levando o yield da T-Note de dez anos a voltar a ficar abaixo de 3%, com manutenção da inversão da curva com relação à T-Note de dois anos, que se mantém acima daquele patamar. Esse desenho é considerado preditivo de quadros recessivos.
Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:
• a queda pelo segundo mês consecutivo do IBC-Br de maio (-0,11%), quando o mercado esperava um leve crescimento de 0,10%, mas sem mudanças na percepção sobre o plano de voo do Banco Central,
• a conclusão da aprovação da PEC dos Benefícios, que já era considerada como precificada, embora persista o mal estar com impactos fiscais no futuro,
• as vendas do comércio varejista em maio abaixo do esperado, na contramão da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) que apontou crescimento acima da mediana,
• e os dados do crescimento aquém do esperado no PIB da China, que subiu 0,4% no segundo tri em base anual, abaixo do projetado.
A conferir
• o Banco Central Europeu (BCE) poderá elevar os juros em 25 pontos-base pela primeira vez em 10 anos na zona do euro, em ritmo bem menor do que o Fed, por causa dos sinais de recessão e à medida que a inflação segue em níveis recordes na região em meio aos impactos da guerra na Ucrânia nos preços de energia,
• a persistência do temor de recessão global, principalmente na Europa e China,
• e as preocupações domésticas do lado fiscal, e do risco eleitoral que deve se acirrar nos próximos meses.
No mercado doméstico de câmbio, o dólar à vista terminou a sessão da sexta-feira (15) cotado a R$ 5,4049, terminando a semana com ganhos de 2,60% e valorização acumulada no mês de 3,25%.
Os fatores que influenciaram os preços da moeda americana foram:
• a leve redução das expectativas de inflação nos EUA e melhora do sentimento do consumidor americano diminuindo as apostas em alta de 100 pontos-base na taxa de juros, que haviam ganhando força após índices inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI) em junho acima do esperado, e mitigando os temores de recessão,
• as falas de dirigentes do Fed pontuando que o ritmo de elevação dos Fed Funds em 75 pontos-base é apropriado e reforçando a tese de “pouso suave” da economia americana,
• os dados do varejo nos EUA também surpreendendo positivamente, ao mostrar alta de 1% em junho (na margem), quando o previsto era 0,9%,
• o crescimento (0,4%) da economia chinesa no segundo tri (comparação anual), abaixo do esperado (0,9%). Na comparação com o primeiro tri, houve contração de 2,6%,
• e a produção industrial e vendas no varejo na China em junho vieram mais fortes, ajudando na valorização das divisas emergentes e ligadas a commodities em relação ao dólar.
Agenda de eventos e indicadores econômicos de 18 a 22 de julho
Segunda-feira (18): o IGP-10 (a mediana é de alta de 0,46% em julho, após +0,74% em junho), a pesquisa Focus, os dados semanais da balança comercial brasileira e o índice de confiança das construtoras dos EUA em Julho,
Terça-feira (19): o índice de inflação ao consumidor (CPI) de junho na zona do euro,
Quarta-feira (20): o índice de confiança do consumidor preliminar de julho na zona do euro,
Quinta-feira (21): as reuniões de política monetária dos Bancos Centrais Europeu (BCE), do Japão (BoJ), Turquia e África do Sul,
Sexta-feira (22): as prévias de julho de PMI composto, industrial e de serviços da zona do euro, Alemanha, Reino Unido e EUA.
Em Brasília, o Congresso já estará no período de recesso.