Os principais vetores baixistas foram:
- a percepção de que o Fed não adotará uma postura tão agressiva no aperto monetário quanto o anteriormente esperado, mesmo diante dos dados de inflação: o índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos EUA veio um pouco acima da previsão em junho. Powell evitou se comprometer com o ritmo de aumentos futuros, atrelando-os a dados e à perspectiva da economia dos EUA,
- a leitura de que, se o Fed não vai subir muito os juros com recessão por lá, o Copom não precisará subir muito mais a Selic aqui,
- o fechamento da curva americana de juros espelhando o aumento das apostas na redução do ritmo para 50 pontos-base de ajuste das taxas dos Fed funds, contra 75,
- a queda de 0,9% do PIB dos EUA no segundo tri (primeira leitura) surpreendendo o mercado, que esperava alta de 0,4%, e diante da também retração de 1,6% no primeiro tri, o país entrou em “recessão técnica”,
- o IGP-M de 0,21% em julho bem abaixo do consenso das estimativas (0,30%),
- o superávit do governo central em junho somando R$ 14,4 bilhões, ante consenso de R$ 12,7 bilhões,
- o anúncio de novas quedas nos preços de combustíveis e a decisão da Petrobras de pagar R$ 87,8 bilhões em dividendos do segundo tri, valor recorde,
- o leilão de prefixados com taxas em queda em relação ao leilão anterior e bom volume,
- e a desaceleração do IPCA-15 mais forte do que o consenso de mercado, saindo de 0,69% em junho para 0,13% em julho, ante mediana das estimativas de 0,16% e com queda na difusão.
Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:
- a taxa de desemprego no Brasil medida pela Pnad Contínua fechando o segundo tri em 9,3%, a menor para segundos trimestres desde 2015, quando ficou em 8,4%,
- e o déficit primário de R$ 32,993 bilhões do setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras), maior do que apontava a mediana das estimativas, de saldo negativo de R$ 25,97 bilhões.
A conferir
- a decisão da Selic pelo Banco Central e pistas sobre até onde poderá ir o ciclo de aperto monetário doméstico, especialmente após os sinais deixados pelo Fed. A expectativa de elevação de 0,50 pp na taxa básica, para 13,75%, é praticamente consensual,
- a volta dos trabalhos no Congresso Nacional após o fim do recesso parlamentar,
- e o relatório de emprego (payroll) nos EUA em julho, que pode corroborar ou não o discurso dovish do Fed com relação à política monetária, e guiar os mercados em geral sobre a situação da economia americana.
O dólar no mercado à vista encerrou o pregão da sexta-feira (29) cotado a R$ 5,1743, encerrando a semana com baixa de 5,90%, queda de 1,16% em julho e perdas de 7,20% no ano.
Os fatores que influenciaram o preço da moeda americana foram:
- a alta de preços das commodities com a leitura de estímulos econômicos na China,
- a não aceleração pelo Fed do ritmo de alta de juros para 100 pontos-base como especulado por parte do mercado,
- a declaração do presidente do BC americano, Jerome Powell, de que a taxa já está perto do nível neutro e que seria apropriado moderar o ritmo de alta,
- a perspectiva de um Fed menos agressivo reforçada pela primeira leitura do PIB americano no segundo tri, que mostrou retração de 0,9% (taxa anualizada), enquanto a mediana era de avanço de 0,4%,
- o quadro de recessão técnica nos EUA trazendo a perspectiva de aperto menos hawkish do Fed, mesmo com PCE mostrando que a inflação continua forte,
- e o avanço no índice de sentimento ao consumidor e queda nas expectativas de inflação dos EUA em julho apurados pela Universidade de Michigan.
Agenda de eventos e indicadores econômicos de 01 a 05 de agosto
Segunda-feira (1º): o Relatório de Mercado Focus, o PMI industrial e balança comercial de julho,
Terça-feira (2): o IPC-Fipe de julho e produção industrial de junho,
Quarta-feira (3): a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o PMI de serviços da zona do euro, Alemanha, Reino Unido e EUA, os estoques de petróleo pelo Departamento de Energia americano e reunião ministerial da Opep,
Quinta-feira (4): os números de encomendas à indústria da Alemanha, decisão de política monetária do Banco da Inglaterra (BoE) e discurso da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester (vota),
Sexta-feira (5): o relatório de emprego (payroll) dos EUA em julho, a produção industrial da Alemanha, o IGP-DI de julho e a produção e venda de veículos pela Anfavea.