Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 210

Curva de Juros Futuro do DI em 29/07/2022

Curva de Juros Futuro do DI em 22/07/2022

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Forte Queda nas Taxas de Juros

Principal(is) vetor(es): declarações dovish sobre a política monetária do presidente do Fed, Jerome Powell, e pelo PIB negativo dos EUA no segundo tri confirmando recessão técnica.

Destaque(s): FED e recessão global.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (1º), a estimativa para o IPCA de 2022 cedeu pela quinta semana consecutiva, de 7,30% para 7,15%, mantendo o cenário de estouro da meta (3,50%) inflacionária. Há um mês, a estimativa era de 7,96%. A projeção do índice de inflação oficial para 2023, foco atual da política monetária, continua avançando, agora de 5,30% para 5,33%, a 17ª alta seguida. Há um mês, a estimativa era de 5,01%. A meta para 2023 é de 3,25%, com banda até 4,75%.

A semana no mercado futuro de juros foi de devolução expressiva de prêmios de risco ao longo de toda a curva, estimulada pelas declarações dovish sobre a política monetária do presidente do Fed, Jerome Powell, e pelo PIB negativo dos EUA no segundo tri confirmando recessão técnica. O spread entre os DIs jan/27 e jan/24 passou de -57 pontos-base na sexta-feira anterior (22), para -73 pontos, aumentando a desinclinação.

Os principais vetores baixistas foram:

  • a percepção de que o Fed não adotará uma postura tão agressiva no aperto monetário quanto o anteriormente esperado, mesmo diante dos dados de inflação: o índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos EUA veio um pouco acima da previsão em junho. Powell evitou se comprometer com o ritmo de aumentos futuros, atrelando-os a dados e à perspectiva da economia dos EUA,
  • a leitura de que, se o Fed não vai subir muito os juros com recessão por lá, o Copom não precisará subir muito mais a Selic aqui,
  • o fechamento da curva americana de juros espelhando o aumento das apostas na redução do ritmo para 50 pontos-base de ajuste das taxas dos Fed funds, contra 75,
  • a queda de 0,9% do PIB dos EUA no segundo tri (primeira leitura) surpreendendo o mercado, que esperava alta de 0,4%, e diante da também retração de 1,6% no primeiro tri, o país entrou em “recessão técnica”,
  • o IGP-M de 0,21% em julho bem abaixo do consenso das estimativas (0,30%),
  • o superávit do governo central em junho somando R$ 14,4 bilhões, ante consenso de R$ 12,7 bilhões,
  • o anúncio de novas quedas nos preços de combustíveis e a decisão da Petrobras de pagar R$ 87,8 bilhões em dividendos do segundo tri, valor recorde,
  • o leilão de prefixados com taxas em queda em relação ao leilão anterior e bom volume,
  • e a desaceleração do IPCA-15 mais forte do que o consenso de mercado, saindo de 0,69% em junho para 0,13% em julho, ante mediana das estimativas de 0,16% e com queda na difusão.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • a taxa de desemprego no Brasil medida pela Pnad Contínua fechando o segundo tri em 9,3%, a menor para segundos trimestres desde 2015, quando ficou em 8,4%,
  • e o déficit primário de R$ 32,993 bilhões do setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras), maior do que apontava a mediana das estimativas, de saldo negativo de R$ 25,97 bilhões.

A conferir

  • a decisão da Selic pelo Banco Central e pistas sobre até onde poderá ir o ciclo de aperto monetário doméstico, especialmente após os sinais deixados pelo Fed. A expectativa de elevação de 0,50 pp na taxa básica, para 13,75%, é praticamente consensual,
  • a volta dos trabalhos no Congresso Nacional após o fim do recesso parlamentar,
  • e o relatório de emprego (payroll) nos EUA em julho, que pode corroborar ou não o discurso dovish do Fed com relação à política monetária, e guiar os mercados em geral sobre a situação da economia americana.

O dólar no mercado à vista encerrou o pregão da sexta-feira (29) cotado a R$ 5,1743, encerrando a semana com baixa de 5,90%, queda de 1,16% em julho e perdas de 7,20% no ano.

Os fatores que influenciaram o preço da moeda americana foram:

  • a alta de preços das commodities com a leitura de estímulos econômicos na China,
  • a não aceleração pelo Fed do ritmo de alta de juros para 100 pontos-base como especulado por parte do mercado,
  • a declaração do presidente do BC americano, Jerome Powell, de que a taxa já está perto do nível neutro e que seria apropriado moderar o ritmo de alta,
  • a perspectiva de um Fed menos agressivo reforçada pela primeira leitura do PIB americano no segundo tri, que mostrou retração de 0,9% (taxa anualizada), enquanto a mediana era de avanço de 0,4%,
  • o quadro de recessão técnica nos EUA trazendo a perspectiva de aperto menos hawkish do Fed, mesmo com PCE mostrando que a inflação continua forte,
  • e o avanço no índice de sentimento ao consumidor e queda nas expectativas de inflação dos EUA em julho apurados pela Universidade de Michigan.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 01 a 05 de agosto

Segunda-feira (1º): o Relatório de Mercado Focus, o PMI industrial e balança comercial de julho,

Terça-feira (2): o IPC-Fipe de julho e produção industrial de junho,

Quarta-feira (3): a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, o PMI de serviços da zona do euro, Alemanha, Reino Unido e EUA, os estoques de petróleo pelo Departamento de Energia americano e reunião ministerial da Opep,

Quinta-feira (4): os números de encomendas à indústria da Alemanha, decisão de política monetária do Banco da Inglaterra (BoE) e discurso da presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester (vota),

Sexta-feira (5): o relatório de emprego (payroll) dos EUA em julho, a produção industrial da Alemanha, o IGP-DI de julho e a produção e venda de veículos pela Anfavea.

Fonte: Broadcast

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa e Tesouro Direto

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Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos e Volatilidade da Renda Fixa: Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar, IDA Anbima e CDI

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Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

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