Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 213

Curva de Juros Futuro do DI em 22/08/2022

Curva de Juros Futuro do DI em 12/08/2022

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Alta nas Taxas de Juros

Principal(is) vetor(es): a possibilidade de postura mais hawkish do Fed (declarações de dirigentes) e dos bancos centrais na Europa (sinais de inflação forte).

Destaque(s): FED e juros internacionais

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (22), a mediana para o IPCA em 2022 continuou caindo, passando de 7,02% para 6,82%, a oitava redução seguida, mas ainda acima do alvo, que é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%. Há quatro semanas, a mediana era de 7,30%. Após 19 semanas de alta, o IPCA para 2023, foco principal da política monetária, cedeu de 5,38% para 5,33%, ainda acima da meta de 3,25%, com banda até 4,75%. Há um mês, a projeção era de 5,30%.

Semana de recomposição de prêmios no mercado futuro de juros, refletindo a possibilidade de postura mais hawkish do Fed (declarações de dirigentes) e dos bancos centrais na Europa (sinais de inflação forte). O spread entre os contratos DI jan/27 e jan/24 fechou em -133 pontos, de -126 na sexta-feira anterior (12).

Os vetores que ajudam a explicar a abertura da curva doméstica foram:

  • os discursos de membros do Fed, que consideram ser “crucial” levar a inflação à meta de 2%, e que o aperto monetário pode reduzir o ritmo de crescimento mas o Fed vai ter que ser duro para combater a inflação. O aumento de 75 pontos-base em setembro ganhou força,
  • a abertura da curva americana com as preocupações sobre um aperto monetário mais agressivo e risco de recessão. O rendimento da T-Note de dez anos passou de 2,8339 na sexta-feira anterior (12), para 2,9712 no fechamento dessa semana,
  • os índices de preços surpreendentemente elevados na Europa. A inflação ao consumidor confirmou a previsão e alcançou o recorde de 8,9% na leitura anualizada em julho, o que pode exigir mais firmeza das autoridades monetárias e aumentar as chances de efeitos colaterais sobre as economias já abaladas pela guerra da Ucrânia,
  • a correção de parte do movimento de queda das últimas semanas, quando o Banco Central sinalizou a intenção de encerrar o ciclo de aperto. A aposta majoritária para setembro continua sendo de manutenção da Selic em 13,75%,
  • o receio com a trajetória fiscal após as eleições com chances de potenciais flexibilizações fiscais serem sancionadas em 2023, e que podem trazer piora das contas públicas,
  • o megaleilão de prefixados, o maior do ano realizado pelo Tesouro, bem como a oferta grande de NTN-B,
  • as dúvidas quanto ao desempenho da atividade econômica com a maior onda de calor em seis décadas na China, e os possíveis efeitos globais da seca que compromete as colheitas e o racionamento de energia,
  • e a divulgação da inflação no Reino Unido, de 10,1% em julho, a maior em 40 anos, e do PIB da zona do euro no segundo tri na segunda estimativa ligeiramente abaixo do previsto.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • o IBC-Br subiu 0,69% em junho considerando a série livre de efeitos sazonais. Em maio, a queda havia sido de 0,26% (dado revisado). O resultado veio acima da mediana das estimativas, positiva em 0,38%,

Fizeram o contraponto mas não impediram o acúmulo de prêmios na curva:

  • a Petrobras anunciou nova redução dos preços de venda da gasolina para as distribuidoras,
  • o IGP-10 de agosto, com deflação de 0,69%, ante alta de 0,60% em julho. O resultado veio abaixo da mediana das estimativas (-0,60%) endossando a percepção de que a Selic deve permanecer em 13,75% nos próximos meses,
  • o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) recuou 0,57% na segunda prévia de agosto, após registrar alta de 0,52% na mesma prévia de julho,
  • e as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que “o trabalho do BC em juros está praticamente feito”, e que foram lidas como mais um sinal da intenção do Banco Central de parar de subir a Selic, apesar dos reiterados alertas na seara fiscal e do reconhecimento de que os núcleos da inflação e a inflação de serviços estão rodando em níveis elevados.

A conferir

o Simpósio de Jackson Hole organizado pelo Fed do Kansas, evento que reúne banqueiros centrais do mundo todo e é tradicionalmente utilizado pela autoridade monetária dos EUA para sinalizar sobre sua estratégia,

o PCE dos EUA de julho que pode ajustar as apostas para o juro americano,

o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole, que poderá trazer pistas sobre os próximos passos do Fed com o ciclo de aperto monetário,

o IPCA-15 de agosto que deve capturar nova trégua na inflação,

as reuniões trimestrais de diretores do Banco Central com economistas,

e o noticiário eleitoral e começo do ciclo de sabatinas com os presidenciáveis.

O dólar no mercado à vista terminou a sessão da sexta-feira (19) cotado a R$ 5,1680, registrando alta de 1,85% na semana.

Os fatores que movimentaram os preços da moeda americana foram:

  • os novos ingressos de fluxo estrangeiro no mercado local,
  • as dúvidas quanto ao ritmo de alta de juros nos EUA em setembro, principalmente após declarações de dirigentes do Fed sinalizando preocupação com a inflação nos EUA como justificativa para defender uma elevação de 0,75 ponto porcentual nos juros do país, e não 0,50,
  • alguns dirigentes sugeriram que a autoridade monetária deverá continuar a elevar os juros até que a inflação nos EUA recue para a meta de 2%, o que pode provocar uma recessão econômica,
  • os dados semanais melhores que o esperado de pedidos de auxílio-desemprego e de vendas de moradias usadas nos EUA,
  • a surpreendente alta da taxa anual da inflação ao produtor (PPI) na Alemanha, que atingiu o nível recorde de 37,2% em julho contrariando expectativas de desaceleração,
  • a inflação forte na Europa apoia temores de alta mais agressiva de juros pelo BCE na reunião de setembro, perspectivas negativas neste segundo semestre maior que a esperada e eleva os riscos de recessão,
  • a onda de calor na China, a maior em seis décadas, que agrava a crise de energia em algumas regiões do país afetando a produção agrícola e industrial, e gerando mais incertezas sobre as cadeias produtivas e a inflação global,
  • e as incertezas em relação as contas públicas em 2023, em meio à campanha eleitoral e demanda do Judiciário por reajuste de 18% nos salários a partir do próximo ano, que deve ter efeito cascata para o restante do funcionalismo público do Executivo e Legislativo.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 22 a 26 de agosto

Segunda-feira (22): o relatório Focus, a reunião trimestral do BC com economistas e o índice de atividade nacional do Fed de Chicago,  

Terça-feira (23): reunião trimestral do BC com economistas, os PMIs compostos da Alemanha, zona do euro, Reino Unido e EUA, além de vendas de moradias novas dos EUA e índice de confiança do consumidor da zona do euro,

Quarta-feira (24): o IPCA-15 de agosto, que deve registrar nova deflação puxada por reajustes baixistas de combustíveis e energia elétrica, os EUA divulgam as vendas pendentes de imóveis e encomendas de bens duráveis,

Quinta-feira (25): começa o Simpósio de Jackson Hole, do Fed, a segunda leitura do PIB dos EUA no segundo tri, a ata da última reunião do Banco Central Europeu (BCE) e os números de geração de emprego formal de julho,

Sexta-feira (26): o discurso do presidente do banco central norte-americano, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole, o índice de preços de gastos com consumo (PCE), medida preferida de inflação do Fed, referente a julho, o sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, o lucro industrial da China, a nota do setor externo de julho e a definição pela Aneel da bandeira tarifária de energia elétrica de setembro.

Fonte: Broadcast

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa e Tesouro Direto

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