Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 214

Curva de Juros Futuro do DI em 26/08/2022

Curva de Juros Futuro do DI em 22/08/2022

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Queda marginal nas Taxas de Juros

Principal(is) vetor(es): No evento mais aguardado da semana, após o discurso do presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, indicar uma postura mais agressiva do Fed para combater a inflação, os futuros dos fed funds voltaram a indicar uma maior probabilidade de alta de 0,75 pp na reunião de setembro, de acordo com o monitoramento do CME Group. Por aqui, o alívio de prêmios concentrado nos vencimentos mais curtos resultou em leve ganho de inclinação da curva.

Destaque(s): FED e juros internacionais

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (29), pela segunda semana seguida a mediana para o índice de inflação oficial em 2023 cedeu, agora de 5,33% para 5,30%. A meta para 2023 é de 3,25%, com banda até 4,75%. Há um mês, a projeção era de 5,33%. Para 2022, a estimativa desacelerou de 6,82% para 6,70%, a nona redução seguida, também bem acima do limite superior da meta (5,0%). Há quatro semanas, a mediana era de 7,15%.

No evento mais aguardado da semana, após o discurso do presidente do banco central dos EUA, Jerome Powell, indicar uma postura mais agressiva do Fed para combater a inflação, os futuros dos fed funds voltaram a indicar uma maior probabilidade de alta de 0,75 pp na reunião de setembro, de acordo com o monitoramento do CME Group. Por aqui, o alívio de prêmios concentrado nos vencimentos mais curtos resultou em leve ganho de inclinação da curva, considerando o spread entre os contratos DI jan/27 e jan/24, que fechou em -130 pontos, de -133 na sexta-feira anterior (19).

Os principais vetores que influenciaram o desenho da curva a termo foram:

  • o presidente do Fed, Jerome Powell, acenou com mais elevações de juros, a depender, porém, da “totalidade de dados” e da “evolução das perspectivas” da economia. A inflação americana permanece no maior nível em mais de quatro décadas,
  • Powell afirmou que o compromisso com a estabilidade de preços nos EUA é “incondicional”, que o foco é a meta de 2%, e que restaurar a estabilidade dos preços ainda levará “algum tempo”, com um período de baixo crescimento e “alguma dor” para famílias norte-americanas e empresas. A percepção é a de que os juros americanos permanecerão elevados por mais tempo,
  • o índice de preços de gastos com consumo (PCE), medida preferida de inflação do Fed, recuou 0,1% em julho, após subir 1% no mês anterior. Nos 12 meses encerrados em julho, acumula alta de 6,3%, ante 6,8% em junho. Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o núcleo do PCE avançou 0,1% depois de ter subido 0,6%. Na base anual, o núcleo teve alta de 4,6% julho, depois de subir 4,8% em junho,
  • a queda de 0,6% do PIB americano do segundo tri, na segunda leitura, menor do que na primeira prévia (-0,9%), mas acima da mediana estimada (-0,5%), confirmando o quadro de recessão técnica,
  • o avanço dos Treasuries. O juro da T-note de 2 anos, que melhor capta a visão sobre os próximos passos dos Fed, subiu a 3,3801%, de 3,2213% na sexta-feira anterior (19),
  • a deflação de 0,73% pelo IPCA-15 de agosto, piso da série iniciada em novembro de 1991, menor que a mediana das estimativas, de 0,82%,
  • os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) também alertaram no simpósio de Jackson Hole que a instituição precisará continuar elevando juros de forma agressiva para conter a inflação,
  • a piora na perspectiva para custos de energia pela escalada nos preços de gás na Europa, afetando os custos no mundo e acentuando o risco de pressões inflacionárias,
  • e o recrudescimento da seca na China, o que pode afetar ainda mais a atividade econômica global.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • a movimentação no cenário eleitoral,
  • a arrecadação de impostos e contribuições federais que somou R$ 202,588 bilhões em julho. O resultado representa um aumento real (descontada a inflação) de 7,47% na comparação com o mesmo mês de 2021. O resultado veio acima da mediana (R$ 201,70 bilhões),
  • e a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em linha com as mensagens recentes do BC. “A gente vê as expectativas do mercado para a inflação deste ano caindo, um pouco pelas medidas do governo. A gente acha que as expectativas de inflação de 2023 e 2024 começaram a acomodar e vão começar a cair em algum momento. A maior parte do impacto do aumento de juros ainda não se materializou na economia”.

O mercado mantém as apostas majoritárias em fim do ciclo da Selic a 13,75% ao ano.

A conferir

  • o relatório mensal de empregos dos EUA de agosto, conhecido como payroll, que vai informar o número de vagas de emprego abertas, a taxa de desemprego e o salário médio no país, e deverá nortear a magnitude da alta de juros do Fed a ser anunciada no próximo dia 21. A estimativa é de que o payroll vai trazer a criação de 285 mil vagas, bem menos do que as 528 mil de julho, e a taxa de desemprego permaneça estável em 3,5%. Se houver aumento dos salários, o aumento de 75 bps poderá ganhar mais força.
  • e a proposta de Orçamento de 2023 com uma estimativa de inflação (o ministério da Economia estima 7,2%) acima do que projetam economistas do setor privado (6,8%). Quanto menor o índice, menor é a licença para gastar.

O dólar no mercado à vista terminou o pregão da sexta-feira (26) cotado a R$ 5,0781, encerrando a semana em queda de 1,74%, e acumulando perdas de 1,86% em agosto e 8,93% em 2022.

Os fatores que influenciaram as alterações no preço da moeda americana foram:

  • as dúvidas em relação à estratégia de política monetária do Fed em setembro. O discurso do seu presidente, Jerome Powell, reforçou o foco no combate à inflação, que está bem acima da meta de 2% ao ano, e condicionou o tamanho da elevação de juros a dados e perspectivas,
  • a queda mensal inesperada da inflação americana medida pelo PCE em julho ante junho,
  • o movimento de desmontagem parcial de posições defensivas no mercado futuro,
  • o ingresso de fluxo comercial no mercado à vista,
  • e o cenário político ainda mostrando um ambiente tranquilo.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 29 de agosto a 02 de setembro

Segunda-feira (29):

  • o boletim Focus,
  • os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de julho. A expectativa é criação líquida de 250 mil postos formais de trabalho em julho, após saldo positivo de 277.944 vagas em junho,
  • as notas de crédito de maio e junho,
  • e o Tesouro divulga o relatório mensal da dívida pública do mês de julho.

Terça-feira (30):

  • o IGP-M de agosto,
  • a Pnad Contínua do trimestre até julho,
  • os dados do governo central de julho,
  • a leitura preliminar de agosto do índice de preços ao consumidor (CPI) da Alemanha,
  • a confiança do consumidor nos EUA,
  • e o PMI industrial, de serviços e composto da China.

Quarta-feira (31):

  • a Pnad Contínua do trimestre até julho,
  • as estatísticas fiscais atualizadas dos meses de junho e julho e os dados do setor público consolidado do mês passado,
  • a leitura preliminar de agosto do índice de preços ao consumidor (CPI) na zona do euro,
  • e os estoques de petróleo bruto nos EUA.

Quinta-feira (1º):

  • a divulgação do PIB brasileiro no segundo tri,
  • a balança comercial e o IPC-S de agosto,
  • os PMIs da zona do euro, Alemanha e EUA,
  • e a taxa de desemprego da Zona do Euro.

Sexta-feira (02):

  • o IPC-Fipe de agosto,
  • a produção industrial de julho,
  • o índice de preços ao produtor de julho da Zona do Euro
  • e o relatório de emprego dos EUA de agosto, o payroll.

Fonte: Broadcast

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