Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 219

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Queda  nas Taxas de Juros Curtas e Alta nas Taxas Longas.

Principal(is) vetor(es): redução da desinclinação da curva de juros, refletindo a queda nos vencimentos curtos (melhora na percepção fiscal com Meirelles) e alta nos médios e longos (temores de recessão em meio à escalada da inflação).

Destaque(s): Fiscal e Recessão Global.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (3), a estimativa para alta do IPCA deste ano caiu pela 14ª semana consecutiva, de 5,88% para 5,74%. Há um mês, a mediana era de 6,61%. A meta para 2022 é de 3,50%, com tolerância superior de até 5,00%. A projeção para o índice de inflação oficial em 2023 interrompeu a sequência de seis semanas de alívio, e foi mantida em 5,00%, contra 5,27% quatro semanas antes. A meta para 2023 é de 3,25%, com banda até 4,75%. A mediana para o IPCA de 2024 foi mantida em 3,50%, contra 3,43% há um mês.
A meta para 2024 é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%.

A semana no mercado de Renda Fixa foi de redução da desinclinação da curva de juros, refletindo a queda nos vencimentos curtos (melhora na percepção fiscal com Meirelles) e alta nos médios e longos (temores de recessão em meio à escalada da inflação).

Vetores que influenciaram o movimento na parte curta da curva de juros:

  • o otimismo com a informação de possível volta do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles ao cargo, caso o ex-presidente Lula seja eleito, apostando em certa moderação na condução da economia,
  • as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, reforçando a percepção de que o próximo movimento na Selic é para baixo. Entre os pontos que apoiaram essa leitura estão: as menções do BC ao aperto no mercado de crédito, com Campos Neto citando o aumento da inadimplência, considerados já como efeito da política monetária, e a afirmação de que “usando a curva do Focus com corte em junho, mostramos que a gente atinge nossos objetivos”,
  • e a deflação de 0,37% do IPCA-15 de setembro, abaixo da mediana (-0,20%), perto do piso das estimativas (-0,39%), e com leitura benigna dos preços de abertura. O índice de difusão caiu para 59,95% (de 65,12% em agosto), reforçando a perspectiva positiva para o cenário inflacionário. O índice de preços ampliou a percepção de cortes da Selic em 2023.

Os vetores que apoiaram a alta nos vértices intermediários e longos:

  • o desconforto com o resultado do índice PCE em agosto, medida de inflação preferida do Fed, que reforçou as expectativas de elevação de juros nos EUA,
  • a inflação recorde na zona do euro,
  • o aumento da tensão geopolítica, com a Rússia confirmando a anexação de quatro regiões ucranianas,
  • as incertezas quanto à performance da economia global em meio aos apertos monetários em curso e discursos hawkish do ponto de vista da política monetária de membros do Fed e do BCE,
  • nos Treasuries, a inversão da curva entre as T-Note de dez (3,8266%) e dois anos (4,2746%) segue como indicativo de recessão para os EUA,
  • o pacote fiscal de aumento de gastos e corte de impostos no Reino Unido continuou repercutindo negativamente,
  • a inflação ao consumidor na Alemanha superou 10% em setembro, de 7,9% em agosto, em termos anuais,
  • a crise no mercado de bônus no Reino Unido, os chamados gilts, após intervenção do Banco da Inglaterra (BoE). O juro do bônus britânico (Gilt) de 10 anos alcançou os maiores níveis desde 2008 ainda reagindo ao pacote fiscal anunciado pelo governo na semana anterior,
  • a cautela com o processo eleitoral em função da falta de clareza de como o candidato líder nas pesquisas conduzirá a economia caso eleito. Falas dele e de assessores próximos contra o teto de gastos e a política de preços da Petrobras trazem preocupação,
  • e a ata do Copom, em linha com o tom duro do comunicado, indicando taxa estável por um longo período, mas que não conseguiu demover o mercado da ideia de alívio da Selic nos próximos meses, mantidas na curva as apostas de corte já no primeiro semestre de 2023.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • o debate entre os candidatos à presidente,
  • o resultado do setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) que voltou a apresentar déficit primário em agosto, após dois meses no azul. O rombo primário em agosto foi de R$ 30,279 bilhões, o pior resultado para o mês desde 2020 (déficit de R$ 87,593 bilhões, no auge da pandemia), pior do que a mediana das estimativas, de déficit de R$ 27,3 bilhões,
  • a taxa de desocupação no Brasil ficou em 8,9% no trimestre encerrado em agosto, de acordo com os dados da Pnad Contínua divulgados pelo IBGE, em linha com o consenso,
  • as declarações da diretora de Assuntos Internacionais do Banco Central, Fernanda Guardado, que votou no Copom por um aumento da Selic de 25 pontos-base, afirmando que o BC ainda não está pensando em cortar a Selic e que é necessário observar como será o processo de desinflação,
  • a deflação de 0,95% do IGP-M em setembro, após queda de 0,70% em agosto. A queda foi maior do que indicava a mediana, de -0,89%. A inflação acumulada em 12 meses arrefeceu de 8,59% para 8,25%, abaixo da estimativa, de 8,31%. No ano de 2022, o indicador acumula alta de 6,61%,
  • o leilão do Tesouro de prefixados com lote e risco menores para o mercado,
  • sem alterar a percepção de fim do ciclo de alta da Selic e manutenção por período prolongado, no Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o BC diz que os dados de inflação de curto prazo ainda devem sentir os impactos de baixa das medidas de desonerações tributárias. Por outro lado, avalia que a inflação subjacente, mais associada ao ciclo econômico e afetada pela política monetária, deve continuar pressionada, acima do nível compatível com o cumprimento da meta,
  • e a criação de empregos em agosto, revelada pelo Caged, acima do consenso. O mercado de trabalho formal brasileiro registrou um saldo positivo de 278.639 carteiras assinadas em agosto, acima da mediana positiva de 269,350 mil postos formais de trabalho.

A conferir o que estará no radar do mercado

  • o relatório de emprego (payroll) nos EUA relativo a setembro, um termômetro sobre o pulso da economia que pode ajudar a balizar as expectativas do mercado sobre o plano de voo do Fed na política monetária.

O dólar no mercado à vista fechou o último pregão antes do primeiro turno da eleição presidencial cotado a R$ 5,3946, acumulando alta de 2,78% na semana e de 3,71% em setembro. No ano, recua 3,25%.

Os fatores que influenciaram as alterações no preço da moeda americana foram:

  • as incertezas em relação à condução da política econômica a partir de 2023,
  • a notícia de que o ex-presidente do BC, Henrique Meirelles, é nome certo na equipe econômica de um eventual governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que aumenta a perspectiva de menor risco fiscal,
  • a escalada da inflação acima do esperado na zona do euro e nos EUA, que pode apoiar altas de juros mais fortes pelos bancos centrais desses países,
  • o índice de preços de gastos com consumo (PCE), medida de inflação preferida pelo Fed, subiu 0,3% em agosto ante julho, mostrando que a inflação continua pressionada. O núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,6%, acima do esperado (0,5%). Na comparação anual, o PCE subiu 6,2% em agosto e seu núcleo aumentou 4,9%. Os gastos do consumo subiram 0,4% em agosto, superando as expectativas (0,3%),
  • a taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) da zona do euro atingiu a máxima histórica de 10% em setembro, superando a expectativa de avanço de 9,7% e ultrapassando o recorde anterior de 9,1% verificado em agosto, ainda pressionada pela disparada dos preços de energia em meio à guerra da Rússia na Ucrânia. Os custos de energia deram um salto anual de 40,8%, após subirem 38,6% em agosto,
  • e a divulgação de indicadores de atividade nos EUA piores que o esperado: o PMI de Chicago caiu abaixo de 50 em setembro, entrando na zona de contração, o índice de sentimento do consumidor, elaborado pela Universidade de Michigan subiu a 58,6 na leitura final de setembro, abaixo da previsão, de 59,5. E as expectativas de inflação recuaram, mas ainda em nível elevado, em 4,7% em 12 meses.


Agenda de eventos e indicadores econômicos de 03 a 07 de outubro

Na China, um feriado nacional deixa os mercados locais fechados nesta semana.

Segunda-feira (3):

  • Brasil: o Relatório de Mercado Focus, a balança comercial de setembro (a mediana é de superávit de US$ 4,8 bilhões),
  • EUA: o PMI industrial final de setembro,

Terça-feira (4):

  • Brasil: IPC-Fipe de setembro,

Quarta-feira (5):

  • Brasil: a produção industrial de agosto,
  • A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) faz sua reunião mensal,
  • O Fundo Monetário Internacional (FMI) publica seu relatório Perspectiva Econômica Mundial,

Quinta-feira (6):

  • Brasil: o IGP-DI de setembro,
  • Zona do Euro: o BCE publica a ata da última reunião de política monetária,

Sexta-feira (7):

  • Brasil: os dados de varejo restrito e ampliado de agosto,
  • EUA: o relatório de empregos (payroll) dos EUA em setembro.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Fonte: Broadcast

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa e Tesouro Direto

Curvas de Juros Anbima

Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos e Volatilidade da Renda Fixa: Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar, IDA Anbima e CDI

Características do Tesouro Direto: Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

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