Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 223

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Alta nas Taxas de Juros.

Principal(is) vetor(es): A alta refletiu a incerteza/cautela com o resultado da eleição presidencial.

Destaque(s): Eleições.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (31), após 17 semanas em queda, a expectativa para a inflação pelo IPCA em 2022 avançou de 5,60% para 5,61%, contra 5,74% há um mês. A mediana em 2022 está acima do teto da meta, de 5,00%. A previsão para o índice de inflação oficial em 2023 continuou em 4,94%. Há quatro semanas, a mediana era 5,00%. A meta para 2023 é de 3,25%, com banda até 4,75%. A previsão para 2024 permaneceu em 3,50%. Há quatro semanas, a mediana era 3,50%. A meta para 2024 é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%. O BC tem dado ênfase ao horizonte seis trimestres à frente, atualmente o segundo trimestre de 2024.

A semana do Copom foi de acúmulo de prêmios na curva de juros, mais acentuado nas partes curta e média, com a inclinação ficando praticamente estável, considerando o spread entre os DIs jan/24 e jan/27. A alta refletiu a incerteza/cautela com o resultado da eleição presidencial.

Os principais vetores que influenciaram a trajetória da curva de juros foram:
• a elevação das tensões políticas com o impacto negativo do ataque do ex-deputado Roberto Jefferson a policiais federais, as pesquisas mostrando que o candidato do PT voltou a abrir certa vantagem, e o imbróglio das inserções de propaganda eleitoral,
• a piora na percepção de risco do processo eleitoral considerando as chances de uma eventual contestação do resultado caso seja por margem apertada,
• e a não indicação pelo candidato líder nas pesquisas de um nome do mercado para a Economia,

Fizeram o contraponto mas não impediram o acúmulo de de prêmios na curva:

• os dados bons da primeira leitura do PIB dos EUA no terceiro tri (a economia americana cresceu 2,6% ante o período anterior), acima do consenso de 2,4%, não impediram o recuo dos rendimentos dos Treasuries, dado que o PCE mostrou sinais de desinflação forte (subiu à taxa anualizada de 4,2%, após avançar 7,3% no segundo tri), o que corrobora as apostas de que o Fed poderá reduzir a intensidade do aperto monetário para 0,50 pp na reunião de dezembro. A taxa da T-Note de 10 anos devolveu 21 pontos-base,
• a queda maior que o previsto da confiança do consumidor americano sugerindo desaceleração econômica e, com isso, menor necessidade do Fed ser agressivo na política monetária, endossou os discursos dovish de dirigentes na semana anterior e trouxe otimismo quanto a uma desaceleração do ritmo de aperto de 0,75 para 0,50 ponto,
• a posse de Rishi Sunak como novo primeiro-ministro do Reino Unido foi lida como positiva, arrefeceu as preocupações com o cenário econômico no curto prazo e derrubou os juros dos Gilts britânicos,
• a decisão (aumentou os juros em 0,75 pp) e o comunicado de política monetária do BCE tiveram uma leitura positiva,
• e o IGP-M registrou deflação de 0,97% em outubro, maior do que indicava a mediana, de recuo de 0,77% e após queda de 0,95% em setembro. O acumulado em 12 meses arrefeceu de 8,25% para 6,52%, abaixo da estimativa, de 6,73%,

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

• o desfecho previsível do Copom. O comunicado da decisão de manter a Selic em 13,75%, amplamente precificada, não trouxe novidades capazes de alterar as expectativas para o ciclo da taxa básica em 2023,
• a carta aberta divulgada pelo candidato líder nas pesquisas, em que se compromete a combinar “política fiscal responsável” (que “deve seguir regras claras e realistas”) com “responsabilidade social e desenvolvimento sustentável”,
• o superávit do Governo Central em setembro, de R$ 10,954 bilhões, pouco abaixo do consenso de mercado, de R$ 11,7 bilhões,
• a taxa de desocupação no Brasil ficou em 8,7% no trimestre encerrado em setembro, de acordo com os dados da Pnad Contínua, em linha com a mediana (8,7%) das expectativas,
• o mercado de trabalho formal brasileiro registrou um saldo positivo de 278.085 carteiras assinadas em setembro, acima da mediana calculada em 261 mil e abaixo do registrado em setembro do ano passado, quando foram abertas 330.177 mil vagas formais,
• o IPCA-15 de outubro ficou em 0,16%, acima da mediana de 0,09%. Em setembro, o índice tinha caído 0,37%. O efeito limitado na curva foi em função da alta ter sido causada por itens voláteis, com destaque para passagens aéreas (+28,2%).
• a taxa em 12 meses ficou em 6,85%, também acima da mediana (+6,78%),
• e o resultado do setor externo de setembro: transações correntes ficou negativo em US$ 5,678 bilhões, pior desempenho para meses de setembro desde 2014, e os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 9,185 bilhões, bem acima da mediana de US$ 5,000 bilhões.

A conferir o que estará no radar do mercado

• após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Presidência, o anúncio dos nomes que vão compor a equipe econômica e uma sinalização sobre a área fiscal,
• a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), na terça-feira (1º), e possíveis sinais sobre quanto tempo a Selic deve permanecer estável para colocar a inflação na meta,
• a reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) na quarta-feira (2), quando o mercado brasileiro estará fechado em função do feriado de Finados. A ampla expectativa do mercado, com 87,7% de chance, é por uma elevação de 75 bps, segundo o monitoramento do CME Group,
• e o relatório mensal de empregos (payroll) dos EUA referente a outubro, a ser divulgado na sexta-feira (4).

O dólar no mercado à vista encerrou a sessão da sexta-feira (28) cotado a R$ 5,3004, fechando a semana com ganhos de 2,96%. Em outubro, carrega perdas de 1,7%, e em 2022, de -4,94%.

 
Os fatores que influenciaram o mercado doméstico de câmbio foram:


• as preocupações com o risco de transição e de contestação do resultado das eleições,
• as incertezas sobre a política fiscal,
• as preocupações com a economia chinesa na esteira de novos lockdowns para conter surtos de covid-19,
• o índice de preços de gastos com consumo (PCE), medida de inflação preferida pelo Fed, subiu 0,3% em setembro, ao passo que o núcleo (exclui alimentos e energia) avançou 0,5%, ambos em linha com as expectativas. Mas na comparação anualizada, o núcleo dos preços desacelerou ante os picos no segundo tri, corroborando com a especulação sobre possível alta de 50 pontos-base na reunião do dia 14 de dezembro,
• as apostas de que o Fed desacelere o ritmo de alta para 50 pontos-base em dezembro amparada nas declarações recentes de dirigentes do BC americano,
• e os dados de inflação na Alemanha, França e Itália acima das previsões nas prévias de outubro, reforçando expectativas de manutenção de postura hawkish do BCE na reunião de dezembro, após elevação de 75 bps nos juros em outubro.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 31 de outubro a 04 de novembro

Segunda-feira (31):
• Brasil: o Relatório de Mercado Focus,
• EUA: o PMI ISM/Chicago de outubro,
• Zona do Euro: o índice de Preços ao Consumidor (CPI), o Produto Interno Bruto (Pib),
• China: o PMI Industrial Caixin,

Terça-feira (1):
• Brasil: a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), a Produção Industrial, o resultado da Balança Comercial,
• EUA: o PMI industrial, investimentos em construção, relatório de emprego Jolts,
• Reino Unido: o PMI Industrial,
• Japão: a ata da reunião do Banco do Japão (BoJ),

Quarta-feira (2):
• Brasil: feriado de Dia dos Finados,
• EUA: a decisão de política monetária pelo Fed com coletiva de seu presidente, Jerome Powell, a variação de empregos privados (ADP),
• Zona do Euro: o PMI Industrial,

Quinta-feira (3):
• Brasil: o Índice de Preços ao Consumidor IPC-Fipe,
• EUA: a balança comercial de setembro, o PMI composto e de serviços dos EUA,
• Reino Unido: a decisão de juros do Banco da Inglaterra (BoE), a taxa de desemprego, o PMI composto e de serviços,

Sexta-feira (4):
• EUA: o relatório mensal de empregos (payroll) de outubro,
• Zona do Euro: a divulgação do PMI composto e de serviços, o discurso da presidente do BCE,

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Fonte: Broadcast

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa e Tesouro Direto

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Características do Tesouro Direto: Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

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Ranking Mensal Colorido de Rentabilidades Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar, IDA Anbima e CDI