Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 224

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Queda nas Taxas de Juros.

Principal(is) vetor(es): melhora da percepção de risco político/eleitoral.

Destaque(s): Política.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (7), a expectativa para o IPCA em 2022 voltou a subir, de 5,61% para 5,63%, contra 5,71% há um mês. A mediana para 2022 está acima do teto da meta, de 5,00%. A mediana para o índice de inflação oficial em 2023 ficou estável essa semana e acima do teto de 4,75%. Há quatro semanas, a mediana era de 5,00%. A previsão para 2024 permaneceu em 3,50%. Há quatro semanas, a mediana era de 3,47%. A meta para 2024 é de 3,00%, com intervalo de 1,5% a 4,5%. O BC tem dado ênfase ao horizonte seis trimestres à frente, atualmente o segundo trimestre de 2024.

A semana no mercado de juros foi de alívio de prêmios de risco ao longo de toda a curva, amparado na melhora da percepção de risco político/eleitoral. Considerando o spread entre os contratos DI jan/27 e jan/24, houve um aumento da desinclinação, de -132 na sexta-feira anterior (28), para -148.

Os principais vetores que influenciaram a trajetória da curva de juros foram:

  • a redução das chances de contestação do resultado das urnas,
  • a dispersão dos bloqueios e protestos nas rodovias,
  • o processo de transição sem sinais de ruptura institucional, focado na busca de recursos para cumprir promessas de campanha,
  • os rumores de que a China poderia afrouxar as medidas da sua política de covid zero,
  • a leitura positiva do payroll norte-americano de outubro. A geração de vagas veio acima do esperado, mas boa parte das contratações foi em serviços ligados a turismo e não diretamente da indústria, com o menor saldo de pessoas empregadas no país em dois anos e aumento da taxa de desemprego. O mercado espera uma redução do ritmo de aperto monetário pelo Fed em dezembro,
  • a perspectiva de melhora nas relações diplomáticas, o que pode atrair mais capital externo. Após o resultado da eleição, Alemanha e Noruega anunciaram a intenção de liberar recursos do fundo de apoio financeiro à preservação da Amazônia,
  • e os comentários de que Henrique Meirelles, ex-ministro e ex-presidente do Banco Central, teria aceitado ocupar o Ministério da Fazenda no governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva gerou reação positiva, dado que ele é favorável ao controle fiscal. 

Fizeram o contraponto mas não impediram o fechamento da curva de juros:

  • as declarações hawkish do presidente do Fed, Jerome Powell, indicando que os juros devem subir mais do que a instituição previa, em meio a um quadro inflacionário persistente e um mercado de trabalho aquecido”,
  • a taxa da T-Note de 2 anos subiu para 4,6877%, e a da T-Note de dez anos subiu para 4,1615%, de 4,4039% e 4,0143% na sexta-feira anterior (28), respectivamente,
  • o aumento das preocupações com a área fiscal em 2023 após informações que para acomodar despesas de promessas de campanha seriam necessários R$ 200 bilhões extra teto, a ser discutida via PEC Emergencial de Transição,
  • o leilão de prefixados do Tesouro com risco e lotes maiores que na semana anterior. O papel de 4 anos (1/1/2026) segue concentrando os lotes, com 8 milhões dos 11 milhões colocados,
  • a elevação de juros de 75 pontos-base pelo BC do Reino Unido, a maior em três décadas,
  • o pronunciamento de Bolsonaro sem qualquer comentário sobre o resultado das urnas, o que poderia eliminar o risco de contestação e dissipar os bloqueios de caminhoneiros das rodovias,
  • e o receio de que os bloqueios em rodovias do País se prolongassem, comprometendo o abastecimento de vários produtos, entre eles combustíveis pressionando a inflação. 

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • a ata do Copom não trouxe grandes novidades e nem alterou as apostas para a política monetária. O comitê reforçou a necessidade de continuar avaliando ao longo do tempo, os impactos acumulados “a serem observados” do “intenso e tempestivo” ciclo de política monetária já empreendido”,
  • e a produção industrial que caiu 0,7% em setembro ante agosto, em linha com a mediana das estimativas (-0,7%). Em relação a setembro de 2021, a produção subiu 0,4%. No acumulado do ano, a indústria teve queda de 1,1%. No acumulado em 12 meses, houve recuo de 2,3%,

A conferir o que estará no radar do mercado

  • a definição sobre a PEC da Transição, que deve abrir caminho para gastos acima do teto para acomodar promessas de campanha,
  • a divulgação do IPCA, que após registrar deflação por três meses consecutivos, a projeção para outubro é de uma variação de 0,47%,
  • os trabalhos da equipe de transição de governo em busca de informações sobre nomes da nova equipe econômica,
  • e o índice de preços ao consumidor dos EUA em outubro. É esperada uma aceleração para 0,7% depois dos 0,4% de setembro,

O dólar no mercado à vista terminou o pregão da sexta-feira (4) cotado a R$ 5,0622, encerrando a semana com queda acumulada de 4,49%. Em novembro, a moeda americana à vista acumula perdas de 2,01% e desvalorização de 9,21% desde janeiro.

Os principais fatores que influenciaram o mercado de câmbio foram:

  • os relatos de entrada de fluxo externo para ativos domésticos,
  • a consolidação de uma transição de governo sem rupturas, com esvaziamento dos bloqueios nas rodovias,
  • os rumores de que haveria um afrouxamento das medidas contra a covid-19 na China,
  • o mercado de trabalho americano (payroll) em outubro apontou criação de empregos mensal acima das previsões do mercado (criação líquida de 261 mil vagas de emprego acima da mediana de 215 mil), mas com o menor saldo de pessoas empregadas no país em dois anos e aumento da taxa de desemprego (subiu de 3,5% em setembro para 3,7%, superando as estimativas de 3,6%), ratificando a perspectiva de diminuição do ritmo de alta de juros nos EUA em dezembro,
  • a elevação das cotações do petróleo. O tipo Brent para janeiro fechou a US$ 98,57 o barril, de US$ 95,77 na sexta-feira anterior (28),
  • a demanda por commodities amparada nas informações de que Pequim estaria elaborando um plano para começar a relaxar as restrições da política de covid zero até março de 2023,
  • as incertezas sobre a condução da política econômica no futuro governo, bem como as dúvidas sobre qual será o tamanho do espaço de gastos fora do teto em eventual PEC ou via crédito extraordinário,
  • a divulgação do balanço e a distribuição de dividendos bilionários no terceiro tri pela Petrobras,
  • e a expectativa sobre as políticas ambientais no futuro governo, que podem trazer recursos para fundos da Amazônia e do meio ambiente.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 07 a 11 de novembro

Segunda-feira (7):

  • Brasil: Relatório de Mercado Focus,
  • EUA: a divulgação do crédito ao consumidor de setembro dos EUA, além de discursos de dirigentes do Fed,
  • Zona do Euro: o discurso de Christine Lagarde, presidente do BCE,
  • China: a Balança comercial de outubro,

Terça-feira (8):

  • Brasil: o IGP-DI em outubro, a produção de veículos em outubro,
  • EUA: as eleições para o Congresso americano,
  • Zona do Euro: as vendas no varejo em setembro,
  • China: a inflação ao consumidor e ao produtor em outubro,

Quarta-feira (9):

  • Brasil: os números das vendas do varejo de setembro,
  • EUA: os estoques no atacado nos EUA,

Quinta-feira (10):

  • Brasil: o IPCA de outubro,
  • EUA: a inflação ao consumidor de outubro (CPI), os pedidos de seguro-desemprego semanal,

Sexta-feira (11):

  • Brasil: o crescimento do setor de serviços em setembro,
  • Reino Unido: o PIB do terceiro tri e produção industrial,
  • EUA: o índice de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan,
  • Zona do Euro: o CPI da Alemanha.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Fonte: Broadcast

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