Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 228

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): FORTE queda nas Taxas de Juros.

Principal(is) vetor(es): melhora na percepção fiscal relacionada à PEC da Transição.

Destaque(s): Risco Fiscal.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (5), a projeção para o IPCA em 2022 avançou de 5,91% para 5,92%, acima do teto da meta (5,0%), contra 5,63% há um mês. A expectativa para o índice de inflação oficial em 2023 subiu pela terceira semana, de 5,02% para 5,08%, também acima do teto (4,75%). Há quatro semanas, a estimativa para 2023 era de 4,94%. Para 2024, a mediana permaneceu em 3,50%, estável pela sexta semana seguida. A meta para 2024 é 3%.

A semana no mercado de juros foi de alívio expressivo de prêmios de risco, refletindo a melhora na percepção fiscal relacionada à PEC da Transição. A curva registrou aumento da desinclinação, com o spread entre os contratos DI jan/27 e jan/24 passando de -88 pontos na sexta-feira anterior (25), para -134 pontos.

Os principais vetores que influenciaram a trajetória da curva de juros foram:

  • a perspectiva de aprovação do texto da PEC da Transição com validade de apenas dois anos para o Bolsa Família ficar fora do teto de gastos, a regra que limita o crescimento das despesas do governo à variação da inflação, e com R$ 150 bilhões para financiamento de gastos sociais, valor considerado neutro do ponto de vista da expansão fiscal,
  • a possibilidade de Fernando Haddad como ministro da Fazenda, na expectativa de que esteja acompanhado de perfis técnicos de qualidade na equipe econômica,
  • a sinalização feita pelo presidente do Fed, Jerome Powell, de que haverá redução da intensidade de alta de juros em dezembro, hoje na faixa de 3,75% a 4,00%. A probabilidade majoritária é de elevação de 50 pontos. Os yields dos Treasuries fecharam a semana em queda em torno de 19 bps,
  • o PIB brasileiro cresceu 0,4% no terceiro tri ante o segundo tri de 2022, abaixo da mediana (0,6%). Na comparação com o terceiro tri de 2021, apresentou alta de 3,6% no terceiro tri de 2022, em linha com a mediana das previsões, de 3,6%,
  • a redução de algumas das medidas mais rígidas de controle do covid-19 na China,
  • o saldo do Caged de outubro, positivo em 159.454 vagas, abaixo da mediana das estimativas (220 mil),
  • a deflação de 0,56% do IGP-M em novembro, abaixo do  piso  das  previsões       (-0,50%), A inflação acumulada em 12 meses arrefeceu de 6,52% para 5,90%, abaixo da estimativa intermediária do levantamento, de 6,14%. No ano de 2022, o indicador acumula alta de 4,98%,
  • os dados fiscais surpreendendo positivamente. A arrecadação de outubro, de R$ 205,475 bilhões, superou a mediana das estimativas (R$ 202 bilhões), assim como o superávit do governo central, de R$ 30,8 bilhões, veio acima da mediana (R$ 28 bilhões),
  • e o Índice de Confiança da Indústria (ICI) caindo 3,6 pontos em novembro, após queda de 3,8 pontos em outubro. Com o resultado, o índice atingiu 92,1 pontos, o pior resultado desde julho de 2020. O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI), também recuou: queda de 0,9 ponto percentual, chegando a 79,8%.

Fizeram o contraponto, mas não impediram o fechamento da curva de juros:

  • o relatório de emprego dos EUA (payroll) de novembro bem melhor que as expectativas (criação de 263 mil vagas ante consenso de 200 mil, e aumento nos salários acima do previsto), consolidando as apostas em taxa terminal dos Fed funds em torno de 5%,
  • e a decisão do STF em considerar a “revisão da vida toda” para aposentadorias do INSS, o que pode implicar em gastos na ordem de R$ 360 bilhões em 15 anos. A revisão beneficiará pessoas que tinham salários superiores antes de 1994.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • a produção industrial dentro do esperado em outubro, com alta de 0,3%, melhor que a mediana estimada (-0,1%),
  • o setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção de Petrobras e Eletrobras) apresentou superávit primário pelo segundo mês consecutivo em outubro, de R$ 27,095 bilhões, de R$ 10,746 bilhões em setembro, um pouco acima da mediana, de R$ 26,900 bilhões,
  • e a taxa de desocupação no Brasil ficou em 8,3% no trimestre móvel terminado em outubro, de acordo com os dados mensais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). O resultado ficou abaixo da mediana de 8,5% das expectativas, cujo intervalo ia de 8,4% e 8,7%,

A conferir o que estará no radar do mercado

  • a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira (7). O consenso das estimativas é de manutenção da Selic no atual nível de 13,75%. O comunicado pode vir um pouco mais hawkish diante dos riscos fiscais para 2023 embutidos na curva,
  • a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição a ser iniciada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, podendo ser votada na quarta-feira (7) no plenário do Senado,
  • e as especulações em relação ao nome do Ministro da Fazenda. O presidente eleito disse que só anunciará seus novos ministros após sua diplomação, marcada para o dia 12 de dezembro.

O dólar no mercado à vista terminou o pregão da sexta-feira (2) cotado a R$ 5,2150, encerrando a semana com desvalorização de 3,61%.

Os principais fatores que influenciaram o mercado de câmbio foram:

  • os dados do mercado de trabalho (payroll) dos EUA em novembro melhores do que o esperado. Foram gerados 263 mil empregos, acima da mediana de 200 mil. A taxa de desemprego veio em linha com o esperado, mantendo-se em 3,7%. O salário médio por hora teve crescimento de 0,55% em novembro, na comparação com outubro, e de 5,09% na comparação anual. Os dois números superaram as previsões, de altas de 0,3% e 4,6%, respectivamente. É esperada uma desaceleração do ritmo de aumento de juros e nível terminal mais alto do que o projetado anteriormente,
  • a melhora de percepção em relação à demanda da China, em meio a expectativas de que Pequim vá atenuar as restrições contra a covid-19 e evitar desaquecimento maior da segunda maior economia do mundo,
  • a possibilidade de aprovação da PEC da Transição com valor mais baixo (na faixa de R$ 150 bilhões) e por prazo de validade mais curto, de dois anos,
  • e o fluxo de exportadores e entrada de investidores estrangeiros no mercado.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 05 a 09 de dezembro

Segunda-feira (5):

  • Brasil: o Relatório de Mercado Focus, a S&P Global divulga os PMIs Composto e de Serviços de novembro,
  • EUA: os PMIs composto e serviços da S&P Global e o PMI não industrial da ISM, ambos em novembro, e as encomendas à indústria em outubro,
  • Zona do Euro: os PMIs composto e serviços da S&P Global em novembro, as vendas no varejo em outubro,

Terça-feira (6):

  • EUA: a balança comercial de outubro,

Quarta-feira (7):

  • Brasil: a decisão do Copom sobre a taxa de juros, o IGP-DI de novembro,
  • EUA: os estoques de petróleo bruto,
  • Zona do Euro: a taxa de desemprego e o PIB do 3º tri,
  • China: a balança comercial em novembro,

Quinta-feira (8):

  • Brasil: as vendas no varejo em outubro,
  • EUA: os pedidos de seguro-desemprego,
  • Zona do Euro: o discurso de Christine Lagarde, presidente do BCE,
  • China: o Índice de preços ao consumidor (CPI) em novembro,

Sexta-feira (9):

  • Brasil: o IPCA de novembro,

EUA: o índice de inflação no atacado (PPI) em novembro, os dados de sentimento do consumidor da Universidade de Michigan e de expectativas de inflação para um e cinco anos.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Fonte: Broadcast

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