Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 230

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Forte alta nas Taxas de Juros.

Principal(is) vetor(es): ainda é preocupação com cenário fiscal a principal causa nas mudanças das taxas.

Destaque(s): Risco Fiscal.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

No Relatório de Mercado Focus (19), a estimativa para a alta do IPCA em 2022 arrefeceu de 5,79% para 5,76%, acima do teto da meta (5,0%), de 5,88% quatro semanas antes. A expectativa para o índice de inflação oficial de 2023 passou de 5,08% para 5,17%, também acima do teto (4,75%), em meio ao forte aumento de gastos previstos pela PEC da Transição. Há um mês, a mediana era de 5,01%. Para 2024, a projeção continuou em 3,50% pela oitava semana seguida. Há um mês, a mediana era de 3,50%. A meta para 2024 é 3%.

A semana foi de forte acúmulo de prêmios de risco em todos os vértices da curva a termo de juros refletindo a persistência da preocupação com cenário fiscal. A curva diminuiu bem a desinclinação considerando o spread entre os contratos DI jan/27 e jan/24, que passou para -32 pontos, de -95 pontos na sexta-feira anterior (09). Diante das incertezas fiscais, parte do mercado já começa a projetar que uma queda da Selic deve ocorrer apenas em 2024.

Os principais vetores que influenciaram a trajetória da curva de juros foram:

  • as incertezas em relação à política fiscal que será adotada pelo governo eleito,
  • o futuro da Lei das Estatais (que veda a indicação para presidência de quem atuou em estrutura decisória de partidos políticos nos últimos 36 meses) dada a possibilidade do Senado alterar o texto ainda mais para acomodar a nomeação de dirigentes sindicais,
  • a cautela do mercado em relação aos nomes escolhidos pelo governo eleito para a equipe econômica, nomeações para ministérios e segundo escalão,
  • as mensagens dos principais bancos centrais (Fed, BCE e BoE adotaram postura semelhante) indicando mais elevações de juros e manutenção em níveis elevados por um período prolongado para o combate à inflação, conjugado à sinais de desaceleração mais forte da economia global,
  • a ata do Copom, que alertou que “mudanças em políticas parafiscais ou a reversão de reformas estruturais podem reduzir a potência da política monetária. A leitura é que, mesmo com a inflação caindo, os riscos fiscais devem postergar o ciclo de afrouxamento monetário e a Selic deve permanecer em 13,75% por longo período,
  • e a confirmação de que o coordenador técnico do governo de transição e ex-ministro Aloizio Mercadante será o presidente do BNDES, bem como a oficialização do economista Gabriel Galípolo como secretário-executivo da Fazenda.

Fizeram o contraponto mas não impediram a abertura da curva de juros:

  • as dificuldades para a PEC da Transição avançar na Câmara, lidas pelo mercado como maior chance de nova desidratação no valor do “waiver” de R$ 168 bilhões ou redução do prazo de dois anos, ou ainda, ser substituída por uma Medida Provisória (MP) para garantir o Bolsa Família de R$ 600, o que seria benéfico do ponto de visto fiscal,
  • a entrevista do presidente do Fed, Jerome Powell, quando disse que os juros já se aproximam do nível restritivo e espera quedas significativas na inflação e no núcleo em 2023. Os juros dos Treasuries tiveram queda na semana,
  • e o índice de preços ao consumidor (CPI) de outubro nos EUA de 0,1%, ante consenso de 0,2%. O núcleo (0,2%) também subiu menos do que o esperado (0,3%).

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • os comentarários do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em relação ao Relatório Trimestral de Inflação (RTI), dizendo que a citação da importância do parafiscal na última comunicação do Copom foi em “tom de alerta”. Esclareceu ainda que a importância do parafiscal citada diz respeito à quantidade de crédito subsidiado no mercado, e “que, se voltar uma massa grande de crédito subsidiado, pode elevar juro neutro e reduzir potência de política monetária”,
  • a queda de 0,05% do IBC-Br em outubro considerando a série livre de efeitos sazonais, bem aquém da mediana das estimativas do mercado, positiva em 0,30%,
  • o Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), que subiu 0,36% em dezembro, após a queda de 0,59% em novembro. O resultado ficou mais perto do teto das estimativas (0,02% a 0,38%, com mediana de 0,22%),
  • e a queda de 0,6% no volume de serviços prestados em outubro ante setembro, na  série  com  ajuste  sazonal,  maior  que  mediana  estimada (-0,2%).

A conferir o que estará no radar do mercado

  • os desdobramentos da decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, de que o pagamento do Bolsa Família de R$ 600 não está inscrito na regra do teto de gastos, garantindo a legalidade de se pagar o benefício através da abertura de crédito extraordinário, sem necessidade de mudança constitucional. A determinação deve afetar a tramitação da PEC da Transição na Câmara,
  • a finalização do julgamento da constitucionalidade do orçamento secreto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que até o momento tem placar de cinco votos pela inconstitucionalidade e quatro pela manutenção das chamadas emendas de relator,
  • o anúncio de novos ministros,
  • o IPCA-15 de dezembro, com estimativas de aceleração por pressão dos alimentos e de serviços,
  • nos EUA, o PIB do terceiro tri e a inflação de gastos com consumo (PCE) de novembro, a medida favorita do Fed para a inflação,
  • e na Europa, o índice de confiança do consumidor.

O dólar no mercado à vista terminou a sexta-feira (16) cotado a R$ 5,2941, acumulando alta de 0,92% na semana. Em dezembro, o ganho acumulado é de 1,78%, mas desde janeiro perde 5,05%.

Os fatores que influenciaram as alterações no preço da moeda americana foram:

  • os Ingressos de recursos no Brasil pela via comercial e pelo mercado de ações,
  • o cenário político apoiado nas apostas de que a PEC da Transição, que autoriza uma expansão fiscal de ao menos R$ 168 bilhões por dois anos, possa ser descartada, dada a sinalização de uma dificuldade maior do governo eleito para aprovar a PEC na Câmara. Voltou a ser considerada a edição de uma medida provisória (MP) no primeiro dia de governo para garantir o pagamento dos R$ 600 do Bolsa Família e dos R$ 150 a mais para cada criança de até seis anos,
  • o cenário hawkish da política monetária global para combater a inflação. O Fed elevou os juros para a faixa de 4,25% a 4,50%, falou em mais aumentos, e sinalizou que as taxas permanecerão altas por mais tempo do que o previsto. O BCE e o BoE adotaram postura semelhante,
  • os dados fracos dos EUA e da China corroboraram a tese de que o aperto monetário levará o mundo a uma era de baixo crescimento, com possibilidade de recessão,
  • a desaceleração da inflação ao consumidor nos EUA em novembro, pelo segundo mês consecutivo, e a diminuição do ritmo da alta de juros pelo Fed,
  • e o adiamento da revisão da lei das estatais pelo Senado para 2023.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 19 a 23 de dezembro

Segunda-feira (19):

  • Brasil: o Relatório de Mercado Focus, o IPC da FIPE semanal, a 2ª Prévia do IGP-M de dezembro,
  • EUA: o NAHB: índice de confiança das construtoras de dezembro,
  • China: o Banco do Povo da China (PBoC) divulga taxa de juros de referência de empréstimos de 1 ano e 5 anos,

Terça-feira (20):

  • EUA: os estoques de petróleo bruto semanal API,
  • Zona do Euro: o PPI da Alemanha de novembro e o índice de confiança do consumidor de dezembro,

Quarta-feira (21):

  • Brasil: os dados de transações correntes e o Investimento Estrangeiro Direto (IDP) de novembro, o fluxo cambial semanal,
  • EUA: o índice confiança do consumidor de dezembro,

Quinta-feira (22):

  • EUA: os pedidos de auxílio desemprego semanal, o PIB do 3º tri,

Sexta-feira (23):

  • Brasil: a divulgação do IPCA-15 de dezembro,
  • EUA: os dados de renda e gastos com consumo, entre eles o índice PCE, medida preferida de inflação do Fed, referentes a novembro, as encomendas de bens duráveis e o índice de sentimento do consumidor final de dezembro, juntamente com as expectativas de inflação de um e cinco anos.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Fonte: Broadcast

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa e Tesouro Direto

Curvas de Juros Anbima

Gráfico de Retorno versus Risco Renda Fixa - Tesouro Direto

Rendimentos e Volatilidade da Renda Fixa: Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar, IDA Anbima e CDI

Características do Tesouro Direto: Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

Volatilidade da Renda Fixa (Risco de Mercado) Tesouro Direto, Ibovespa e Dólar

Retornos Mensais e 12 Meses Ordenado

Ranking Mensal Colorido de Rentabilidades Tesouro Direto, Poupança, Ibovespa, Dólar, IDA Anbima e CDI