Análise do Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto: Semana 231

Principais Notícias para o Mercado de Renda Fixa e Tesouro Direto.

Highlights (Resumo): Forte queda nas Taxas de Juros.

Principal(is) vetor(es): há semanas a tônica da piora ou melhora está na percepção de risco fiscal com a PEC de Transição e o Orçamento de 2023 resolvidos.

Destaque(s): Risco Fiscal.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

As expectativas de inflação para os próximos anos voltaram a aumentar, refletindo as preocupações com o aumento de gastos aprovado para 2023 e as dúvidas sobre a sustentabilidade fiscal. No Relatório de Mercado Focus (26), a projeção para o IPCA em 2022 arrefeceu de 5,76% para 5,64%, acima do teto da meta (5,0%), de 5,91% há um mês. As expectativas para o índice de inflação oficial de 2023 passou de 5,17% para 5,23% também acima do teto (4,75%), contra 5,02% há um mês. A mediana para 2024 também aumentou, de 3,50% para 3,60%, após oito semanas de estabilidade. A meta para 2024 é 3%.

Semana de forte retirada de prêmios de risco da curva de juros, amparada na melhora de percepção de risco fiscal com a PEC de Transição e o Orçamento de 2023 resolvidos. A curva aumentou a desinclinação, considerando o spread entre os contratos DI jan/27 e jan/24, que passou para -69 pontos, de -32 pontos na sexta-feira anterior (16). A redução do risco fiscal corrigiu parte das apostas de alta da Selic em 2023.

Os principais vetores que influenciaram a trajetória da curva de juros foram:

  • a aprovação no Congresso de uma PEC da Transição mais desidratada do que a proposta inicial, e com redução do prazo de dois para um ano apenas,
  • o IPCA-15 de dezembro (0,52%) abaixo da mediana das estimativas (0,55%) e do dado de novembro (0,53%). Fechou 2022 em 5,90%, com desaceleração ante 6,17% no acumulado em 12 meses até novembro. A média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central (BC) desacelerou a 0,40% em dezembro, ante 0,53% em novembro e abaixo da mediana de 0,43%, com recuo dos cinco núcleos acompanhados,
  • os nomes divulgados para os ministérios e secretarias da área econômica foram recebidos de forma positiva,
  • as notícias sobre relaxamento das medidas da política de covid zero na China,
  • e as declarações de Aloizio Mercadante, que estará à frente do BNDES, que “não há espaço para a volta da TJLP”, sigla da taxa de juros que servia de base dos financiamentos de longo prazo do banco durante os governos petistas, o que poderia retirar potência da política monetária mais restritiva contra a inflação, e impactar ainda mais o quadro fiscal. A TJLP era cerca de 50% da Selic entre 2010 e 2015

Fizeram o contraponto mas não impediram o fechamento da curva de juros:

  • o índice de preços de gastos com consumo (PCE), de grande peso nas decisões do Fed, subindo 0,1% em novembro ante outubro, e o núcleo 0,2%, em linha com o esperado. Na comparação anual, avançaram 5,5% e 4,7%, desacelerando após altas de 6,0% e 5,0% em outubro, respectivamente, mas ainda longe da meta de inflação de 2%, o que acabou mantendo a percepção de que o Fed será obrigado a manter a política monetária restritiva por mais tempo, ainda que com riscos para a atividade. Os juros dos Treasuries avançaram,
  • o PIB dos EUA aumentando a uma taxa anualizada de 3,2% no terceiro tri, acima do previsto (2,9%), refletindo principalmente aumentos nas exportações e gastos do consumidor, interrompendo sequência de duas quedas trimestrais consecutivas,
  • o índice de confiança do consumidor nos EUA subindo de 101,4 em novembro para 108,3 em dezembro, acima da expectativa do mercado,
  • a decisão do banco central japonês (BoJ), de ampliar a banda de variação do juro do JGB de 10 anos do intervalo de -0,25% a +0,25% para o de -0,50% a +0,50%, lida como um sinal de aperto monetário. O movimento elevou os rendimentos de títulos em todo o mundo,
  • e o IGP-M avançando 0,77% na segunda prévia de dezembro, ante queda de 0,55% na mesma leitura de novembro.

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • a arrecadação de impostos e contribuições federais somando R$ 172,038 bilhões em novembro, representando um aumento real (descontada a inflação) de 3,25% na comparação com novembro do ano passado,
  • o resultado das transações correntes negativo em apenas US$ 60 milhões em novembro deste ano, o melhor desempenho para meses de novembro desde 2006, quando o saldo foi positivo em US$ 1,133 bilhão,
  • e os Investimentos Diretos no País (IDP), que somaram US$ 8,338 bilhões em novembro, de US$ 5,031 bilhões no mês anterior.

A conferir o que estará no radar do mercado

  • a relação dívida/PIB em novembro, que mostra o quanto um país deve em relação ao que a sua economia produz em um ano, e a probabilidade de cada governo pagar suas dívidas. Segundo o último dado disponibilizado pelo Banco Central em setembro, a dívida bruta está em R$ 7,3 trilhões, o equivalente a 77,1% do PIB. Quanto maior é essa relação, menor a confiança na capacidade do governo em honrar seus compromissos, e os juros tendem a ser maiores,
  • e o anúncio dos últimos nomes escolhidos pelo governo eleito para compor as presidências das estatais e os ministérios.

O dólar no mercado à vista encerrou o pregão da sexta-feira (23) cotado a R$ 5,1662, acumulando recuo de 2,42% em relação ao real na semana. Em dezembro, o dólar acumula queda de 0,68%, e desde janeiro perde 7,35% ante o real.

Os fatores que influenciaram os preços da moda americana foram:

  • o aumento dos preços de commodities. O contrato futuro do Brent fechou a semana cotado a US$ 83,97 o barril, ante US$ 79,04 na sexta-feira anterior (16). A Rússia anunciou um corte de até 7% da sua oferta da commodity em 2023,
  • a redução da incerteza fiscal do cenário doméstico, com a promulgação da PEC da transição e a votação do Orçamento,
  • o IPCA-15 de dezembro, que subiu 0,52%, desacelerando na comparação com novembro (0,53%), e menor do que indicava a mediana das projeções (0,55%),
  • os novos ingressos de fluxo comercial e de investidores estrangeiros no mercado local,
  • os dados do índice de preços de gastos com consumo (PCE) dos EUA, que subiu 0,1% em novembro ante outubro, e seu núcleo, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,2% no mesmo período, em linha com expectativa do mercado (+0,2%). Na comparação anual, o PCE subiu 5,5% em novembro e seu núcleo aumentou 4,7%, desacelerando ante as altas anuais de outubro de 6% e 5%, respectivamente, mas ainda longe da meta de inflação de 2%, o que acabou mantendo a percepção de que o Fed será obrigado a manter a política monetária restritiva por mais tempo,
  • e o recuo de 2,1% das encomendas de bens duráveis nos EUA em novembro ante outubro, a US$ 270,6 bilhões.

Agenda de eventos e indicadores econômicos de 26 a 30 de dezembro

Segunda-feira (26):

  • Brasil: o Relatório de Mercado Focus, a Sondagem ao Consumidor de dezembro,
  • EUA: mercados financeiros fechados por feriado de Natal,
  • Europa: mercados financeiros fechados por feriado de Natal,
  • China: o lucro industrial de novembro,

Terça-feira (27):

  • Brasil: a nota de crédito do BC e o relatório mensal da dívida pública, ambos de novembro,
  • EUA: a balança comercial de bens e o nível de estoques do varejo, ambos de novembro,

Quarta-feira (28):

  • Brasil: o índice de evolução de emprego do Caged em novembro, o resultado do Governo Central de novembro e a Sondagem da Indústria de dezembro,
  • EUA: os estoques API de petróleo e vendas pendentes de imóveis de novembro,

Quinta-feira (29):

  • Brasil: o IGP-M de dezembro, a relação dívida/PIB em novembro,
  • EUA: os pedidos de auxílio-desemprego e estoques de petróleo pelo Departamento de Energia (DoE),

Sexta-feira (30):

  • Brasil: os mercados ficarão fechados para balanço anual,
  • EUA: o PMI pelo ISM de Chicago de dezembro,
  • China: o índice PMI industrial, não industrial e consolidado de dezembro.

Contribuição: José Luis Gomes Lisboa CFP® Linkedin

Fonte: Broadcast

Principais indicadores para acompanhamento da Renda Fixa e Tesouro Direto

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Características do Tesouro Direto: Taxa de Compra, Preço de Compra, Duration(Duração), Duração Modificada, DV01 e Volatilidade(Desvio padrão últimos 21 úteis)

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